Ufam publica quarta retificação no concurso para o quadro permanente de docentes
A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) publicou, dia 25, no Diário Oficial da União (DOU), a quarta retificação referente ao Edital nº 038, de 24 de abril de 2019, destinado ao provimento de vagas efetivas do cargo de professor do Magistério Superior. Foram retificados o número e o quadro de vagas, conforme anexo.
Mais informações sobre o concurso no site da Pro-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp/Ufam).
Calouros de Medicina participam de atividade prática em Ação Social e de Saúde, no bairro Santo Agostinho
O evento foi realizado em parceria com a Igreja Católica do bairro e com o apoio da Secretária Municipal de Saúde (Semsa), os Laboratórios Sabin e do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). A participação dos estudantes é uma das atividades práticas da disciplina Saúde Coletiva I, ministrada pela professora Cecília Freitas. “Nós organizamos essa ação para inserir os alunos e tê-los em contato com a comunidade”, informou a professora sobre os 57 alunos do 1º período, subdivididos em dois grupos e horários, para auxiliarem na organização das atividades oferecidas.
“A formação acadêmica é um processo de construção que se dá teorizando e praticando. Esta é uma oportunidade de prática, de inserção na realidade social. Segundo as diretrizes curriculares dos cursos de Medicina, desde o início do curso o aluno já deve manter contato, já deve ser inserido nas comunidades, nas unidades de saúde, para ir acompanhando um pouco as questões sociais e também os serviços de saúde pública, conhecer o SUS [Sistema Único de Saúde], como ele funciona, quais suas demandas”, explicou a coordenadora. “É esperado que eles consigam observar as principais demandas do processo de adoecimento, para atuarem na prevenção delas e na promoção de saúde, como em ações com esta”, expôs.
João Fleming, 18 anos, é um dos estudantes envolvidos na programação. Para ele, participar de uma atividade assim é interessante, pois permite aprender fora do ambiente acadêmico, além de proporcionar o contato mais próximo com as pessoas, os futuros pacientes. “Essa participação é muito importante, visto que essas comunidades não têm muito acesso aos serviços de saúde. Então, esse contato é extremamente importante para que nós, alunos, futuros médicos, possamos ter noção do que exatamente é promover saúde, que vai muito além de passar uma receita para uma pessoa. Devemos atuar na prevenção, passar conhecimentos para a população”, relatou João.
Disponibilizando também atividades voltadas para a prevenção a doenças, como palestras e a imunização, a Ação Social e de Saúde possibilitou aos estudantes verificar como iniciativas simples podem contribuir para a melhoria da saúde das pessoas. “O trabalho médico não se limita à atuação no ambiente hospitalar. A prevenção é tão ou mais importante que o trabalho clínico porque minimizamos a necessidade justamente do atendimento clínico, com a melhora a qualidade de vida da população no ambiente externo”, comentou o estudante. “Aprendemos muito com essa experiência”, contou.
Ângela Veras, 18 anos, também participou da Ação, e destacou o papel humanitário e cidadão dos profissionais de saúde dedicados a atividades como a da Escola Agnelo Bittencourt. “Esse é um tipo de ação que realmente mexe conosco. A gente se coloca do lugar do próximo, não fica só como médico e paciente, cria uma conexão com as pessoas. E isso na minha futura profissão é muito importante porque eu não posso tratar as pessoas como objeto, mas como ser humano”, disse. Sobre a “aula prática”, ela é taxativa: “Assim, a gente pode sair da nossa realidade, de faculdade, e ver que tratamos de pessoas, não só de uma doença. A gente tem de cuidar da pessoa, entender que ela está doente por um motivo que pode ser social, psicológico, e, assim, vemos a situação dessa pessoa e tratamos o todo, a situação de vida dela”, ressaltou.
Dona Maria Alcinta Assis, 70, é aposentada e compareceu à escola do seu bairro para receber alguns atendimentos. Segundo ela, a iniciativa é positiva por oferecer comodidade e rapidez na obtenção dos serviços. “Eu acho muito importante e necessário esse tipo de ação, porque em muitos postos a pessoa vai de madrugada e não consegue ficha. Eu cheguei aqui às 8h, já fiz o teste de glicemia, fui no ‘departamento’ jurídico e agora vou fazer os testes de hepatites e outros que tem aqui, então, uma ação como essa é muito boa. Vou sair daqui muito feliz por ter conseguido fazer tudo isso. Uma manhã de sábado muito produtiva, maravilhosa”, declarou.
Seu Erivan Evangelista tem 55 anos e é motorista. Ele também aproveitou a praticidade dos serviços para atualizar o cartão de vacinação. “É muito importante a gente ter essa facilidade de acesso a um serviço essencial, assim tão próximo de casa. Dá pra gente fazer tudo com tranquilidade e rapidinho. Vim aqui me vacinar primeiro para cuidar da minha saúde e também pra aproveitar o serviço. Tomei contra hepatite B e febre amarela. Como eu trabalho em área de mata, é bom prevenir”, afirmou.
A médica Karina Cadique, formada pela Ufam em 2001, abriu mão de uma manhã de folga para realizar o atendimento clínico às pessoas da comunidade. “Eu sei que tem muita gente que trabalha durante a semana e só tem folga no sábado, gente que precisa do atendimento, mas o posto está fechado. Por isso, eu aceitei o convite. É gratificante”, conta ela.
Sobre a colaboração dos novos alunos de Medicina da Ufam na atividade, a profissional avalia de forma positiva essa aproximação entre teria e prática e entre médico e população. “A graduação já melhorou muito em relação a esse contato com o público. Na minha época, a gente não tinha tanto contato não. Isso é importante porque, às vezes, a gente sai da faculdade com a ideia distorcida da realidade. Muitos nem sabem o que é atender a população, quer dizer, não sabem a importância de fazer Medicina de família, as áreas básicas da Medicina, pediatria, porque essa é população que precisa da nossa ajuda. Por isso, que é importante para eles [os estudantes] participarem disso que é para verem o quão interessante e bonito é a atenção primaria”, comentou.
Professor David Lopes Neto defende Memorial Acadêmico e ascende a titular
Foi com a voz embargada e olhos marejados que o Pró-reitor de Ensino e Graduação, David Lopes Neto, tornou-se professor titular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Depois de vinte e oito anos dedicados à docência, na última sexta-feira, 24, no Auditório da Escola de Enfermagem de Manaus (EEM/Ufam), o professor deu um passo significativo na carreira ao defender o seu Memorial Acadêmico.
Intitulado ‘O ser-aí-no-mundo-acadêmico: uma visão fenomenológica da extraordinária vida de um vencedor’, a apresentação escapou do formato tradicional e foi estruturada, metodologicamente, em uma narrativa de vida, textual e iconográfica, e acadêmica. Inspirada na Fenomenologia de Heidegger, o docente escolheu não falar, exclusivamente, das experiências acadêmicas e incluiu na trajetória as pessoas (amigos, família e colegas de trabalho), a Saúde (felicidade, alegria, respeito e humildade), o ambiente (cenários de trabalho e da vida) e a Enfermagem (ciência e profissão).
A travessia fenomenológica se deu em razão da sua aproximação com a Filosofia, desde o mestrado, ao olhar o ser humano a partir das suas subjetividades e contextos. “A influência sartreana sobre minha formação cidadã-acadêmica é a confluência do ser de significação fenomenológica e o ter de significado metafísico no tempo”, conta. O trabalho mostrou que é possível olhar os caminhos já percorridos de forma interdisciplinar e sem se desligar do aspecto emocional.
Trajetória
O professor David Lopes Neto é Pró-reitor de Ensino e Graduação da Ufam, pós-doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), doutor em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduado na Escola de Enfermagem (EEM), na Ufam, em 1986, e durante esse período teve a oportunidade de exercer liderança estudantil.
Foi presidente do Diretório Acadêmico ‘12 de Maio’, hoje denominado Centro Acadêmico de Enfermagem (CACEn); foi representante discente junto ao Departamento de Enfermagem Fundamental, Departamento Médico-Cirúrgico e Departamento Materno-Infantil e Saúde Pública. Como enfermeiro hospitalar trabalhou nas esferas federal, estadual e municipal. Os cenários do trabalho assistencial foram um preparo para cursar a pós-graduação stricto sensu e pensar na docência.
No magistério, a primeira experiência foi na Educação Profissional, no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), o que o possibilitou experimentar estar com o outro e exercer o papel de facilitador do processo de ensino-aprendizagem. O apreço pela pesquisa resultou na necessidade de cursar pós-graduação lato e stricto sensu.
A experiência como avaliador no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior Brasileira e do Mercosul, desde 2002, deu projeção ao que estava porvir no campo administrativo. O trabalho gerencial veio junto ao Sistema Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren/AM) e Escola de Enfermagem da Ufam.
As atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, do decênio 2008/2018, incluíram 39 disciplinas ministradas na graduação, 16 disciplinas ministradas na Pós-Graduação, 26 orientações de dissertação de mestrado, 60 orientações de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de especialização, 19 TCCs de graduação, 16 orientações de iniciação científica, a liderança de dois grupos de pesquisa e 56 participações em eventos como palestrante ou conferencista.
Na pesquisa, foram publicados cinco capítulos de livros, 31 artigos em periódicos, um registro de software no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), nove publicações de resumos em Anais, uma tradução de texto técnico e um material jornalístico. Na extensão, coordenou a ‘Liga Acadêmica de Saúde Mental’ e ‘Árvores do Asfalto: valorizar para educar’. Além, dos trabalhos de campo ‘Tecendo teia de saberes: fortalecendo o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF)’ e curso ‘Zotero’. As premiações foram, ao todo, doze.
Banca Avaliadora
A banca avaliadora foi presidida pela diretora da Escola de Enfermagem (EEM/Ufam), professora doutora Nair Chase da Silva e composta pelas professoras doutoras Mary Elizabeth de Santana, da Universidade do Estado do Pará; professora doutora Lorita Marlena Pagliuca, da Universidade Federal do Ceará e professora doutora Elizabeth Teixeira, da Universidade do Estado do Pará.
A professora da Universidade Federal do Ceará, Lorita Marlena Pagliuca, apontou a pertinência da construção do Memorial Acadêmico ao priorizar caminhos filosóficos. “A leitura e a apresentação do trabalho foram agradáveis por fugir dos números e por ser construído de forma afetiva. O perfil é muito rico, abrangente e com uma transversalidade que não é comum”. A professora lembrou, ainda, da importância do trabalho do professor David Lopes Neto na implementação do mestrado em Enfermagem na região Norte.
As considerações da docente da Universidade do Estado do Pará, Mary Elizabeth de Santana, trouxe o fato do docente David Lopes Neto ter escolhido, durante a sua formação acadêmica, três programas e orientadores diferentes. “Sair da zona de conforto durante a busca pelo conhecimento não é fácil. A escolha de três progamas distintos mostra como o docente se coloca no mundo”. A professora pontuou que a articulação para a implementação do Doutorado em Enfermagem, na região Norte, é um dos desafios para o docente da Ufam nos próximos 10 anos.
Já a professora da Universidade do Estado do Pará, Elizabeth Teixeira, parabenizou a propositura metodológica do Memorial, a retrospectiva cidadã- profissional e lembrou da importante experiência administrativa do docente, atualmente, Pró-reitor de Ensino e Graduação. “A retrospectiva dos últimos 10 anos possibilita entender o atual momento vivido pelo professor David Lopes Neto, que têm desafios não só no campo da Enfermagem, mas como gestor”, afirma.
Por fim, a presidente da banca e diretora da Escola de Enfermagem (EEM/Ufam), professora Nair Chase da Silva, fez um resgate histórico da Escola de Enfermagem e relembrou que o docente David Lopes Neto foi aluno, colega de trabalho e diretor da EEM. “Destaco aqui a sensibilidade do Memorial ao deixar claro a importância da rede familiar e da aprendizagem significativa para quem vive à docência. A carreira do professor David Lopes Neto foi construída de forma sábia e propositiva e essa é uma oportunidade de olhar para o que foi feito e planejar os próximos 10 anos”, completa.
Próximos 10 anos
O pró-reitor David Lopes Neto fez um balanço da sua carreira e projetou os próximos 10 anos a partir da autorresponsabilidade. “Esse Memorial espelha a minha contribuição para a Enfermagem, à luz dos pressupostos teóricos da fenomenologia heideggeriana, onde apresento e discuto, sistematicamente, os resultados alçados nos últimos dez anos de trabalho no magistério superior. A enfermagem e à docência possibilitaram o meu crescimento ao cuidar do outro sem esquecer de mim. Agora, para os próximos 10 anos, sigo na crença de que você é autorresponsável pelos caminhos que escolhe. Aceitarei os desafios que estão porvir e que, certamente, possibilitará o meu crescimento enquanto filho, pai, avô, docente, pesquisador e gestor”, finaliza.