Visão Yanomami sobre educação aldeada é tema de palestra do curso de Antropologia
O Departamento de Antropologia realizou na última sexta-feira, 23, a palestra "A Educação na Visão dos Yanomami", com o diretor da Associação Hutukara, Armindo Yanomami, de Roraima. O evento foi realizado no auditório Alalaú, na Faculdade de Educação, no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL).
Segundo o coordenador do evento, o professor de Antropologia Raimundo Nonato Pereira da Silva, o eixo temático da palestra põe em voga a análise e avaliação dos Yanomami sobre a educação, tendo como ponto de partida, o pressuposto de que os próprios indígenas têm visão diferenciada de como a Educação e a promoção da mesma é diferente da do "branco".
"Os Yanomami têm um modo cosmológico de ver o mundo e nós temos outro. Mais do que interdisciplinaridades, nós temos interdisciplinaridades de visão, portanto, este é um momento de comungar as ideias e discutir certos conceitos que estão muito fortes em nós e outros conceitos que estão muito fortes neles", explicou.
Para José Basini, coordenador do Laboratório Pan-Amazônico, "a Educação é inerente a qualquer grupo humano, é isso que faz com que um grupo cultural se mantenha vivo".
“Neste caso, o que a Ufam está fazendo, no caso de Licenciaturas diferenciadas, é determinar diversas ações respeitando o desejo de cruzar formas de vida com o mundo indígena e o mundo não-indígena. Essa execução de programas e projetos, no entanto, não pode ser imposta porque senão, perde a sua razão de ser”, afirmou.
Armindo Góes Melo, da Associação Yanomami de Roraima afirmou que a palestra levou uma nova visão de presente e futuro da educação indígena.
"Conforme o olhar do não indígena, nós pudemos mostrar o nosso olhar, a fim de dialogarmos com a nossa sociedade. As culturas, as práticas, as cerimônias estão sempre em foco nesses debates e nós buscamos, ao passo que a educação acessa as aldeias, nosso espaço, nossas influências sejam respeitadas", afirmou.
Durante sua explanação, o representante indígena lembrou memórias das primeiras intervenções educativas em uma aldeia, no município de São Gabriel da Cachoeira.
“A professora começou a escrever na lousa e nenhuma criança indígena se afastava dela, até mesmo quando ela não estava ministrando aula, as crianças não se afastavam. Isso perdurou uma semana, ela não suportou a situação e deixou a aldeia”, contou.
O representante indígena da Hutukara disse que sua grande preocupação é a intromissão do branco em sua cultura, na proibição de seus rituais, que coincidiriam no horário das aulas.
“Nós não temos crise na nossa educação, porque nosso conhecimento vem da natureza, é nato. Para os brancos é que existe uma crise, de não ter dinheiro para realizar o que está em projeto, para não qualificar os professores”, disse.
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