Filosofia e estética contemporânea a partir da Teoria Crítica na XXIII Semana de Filosofia

No segundo dia consecutivo, o minicurso 'Walter Benjamin: filosofia e estética contemporânea', ministrado pela professora do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Taísa Palhares, mobilizou alunos e professores na XXIII edição da Semana de Filosofia.
O evento ocorreu nesta quinta-feira, 13, no auditório Rio Solimões, do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), localizado no Setor Norte do Campus Universitário.
De acordo com a professora, no primeiro dia houve uma apresentação geral e foram levantados alguns questionamentos fundamentais quanto ao pensamento do filósofo alemão. No segundo dia, a professora discorreu sobre questões relacionadas à obra da arte. Para ela, Walter Benjamin foi um filósofo importante para se pensar o entendimento da obra de arte no contexto da Era Moderna.
“O conceito sobre obra de arte mudou. Não é mais o mesmo que se entendia no século XVIII. Ele foi fundamental para mostrar quais foram os elementos que seriam considerados uma nova obra de arte”, disse a docente.
A palestrante afirmou que os novos conceitos filosóficos tinham como suporte o Teatro de Bertolt Brecht, a Literatura de vanguarda e o cinema. Ela destaca que o filósofo foi o primeiro a escrever sobre cinema, mas, por outro lado, acredita também que, a partir daí, tratou questões relacionadas à imagem.
Dentre os conceitos fundamentais de Walter Benjamin está a ideia da imagem, conforme considerou a professora. “Hoje, nós temos uma filosofia da imagem. Muita gente está escrevendo sobre alguma obra de arte e que se tornou imagem. Ele é um dos primeiros filósofos a apontar essa mudança. A ideia da imagem se tornou um tema central para a percepção na Modernidade”, comenta a professora.
Para Palhares, o filósofo alemão foi perspicaz em perceber diversas coisas em relação às mudanças ocorridas, no entanto, acredita que ele nunca poderia prever que essas coisas estariam voltadas para a imagem. De acordo com a docente, atualmente percebemos uma exacerbação daquilo que ele vivenciou. “Hoje vivemos numa sociedade muito mais voltada para a imagem. Ele percebeu isso, mas chegou a viver numa sociedade que ainda tinha um resquício de uma tradição e nós vivemos numa sociedade muito mais da imagem e de falta de experiências."
Para a professora, Benjamin não poderia imaginar que a tecnologia avançaria como a internet ou a relação que temos com o cinema e as artes. Segundo ela, hoje nós acessamos a internet e temos várias opções que estão distribuídas de forma democrática, pois, assistimos filmes no computador, sem a necessidade de assistir numa sala de cinema.
A docente reflete quanto às implicações políticas dessas mudanças, considerando que o filósofo tratava de maneira positiva, e que aponta como validas até hoje. “Uma das grandes apostas da filosofia de Walter Benjamin e de vários artistas ligados ao Instituto de Pesquisa Social (Teoria Crítica) é a ideia que existia um poder emancipatório da obra de arte. Benjamin acreditava que era possível que a arte, a partir do seu universo da ficção, do não real, poderia recriar várias formas de perceber a realidade”, comentou a professora.
“Então, aí está o poder político da arte. A possibilidade da arte reconfigurar o real. De mostrar que determinadas coisas que acontecem, evoluções, desenvolvimentos, não são necessariamente assim. Elas podem mudar. A arte tem esse poder de apresentar essa reconfiguração da própria realidade, não é uma imitação da realidade. Ela é uma reconstrução da realidade no outro sentido, e nesse outro sentido que se pode apontar momentos de emancipação", concluiu.
Sobre a palestrante
Taísa Helena Pascale Palhares é professora de Estética no Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp). Possui graduação (1997), mestrado (2001) e doutorado em Filosofia (2011) pela Universidade de São Paulo (USP). Realiza estudos nas áreas de estética e artes visuais, com ênfase na pesquisa sobre a fundamentação da obra de arte desde a Modernidade. De 2003 a 2015 foi pesquisadora e curadora d Pinacoteca do Estado de São Paulo, sendo responsável pelo projeto de exposição retrospectiva “Mira Schendel” (2012/2014), em parceria com a Tate Modern. É autora do livro “Aura: a crise da arte em Walter Benjamin” (Fapesp/Ed.Barracuda, 2006). Atualmente desenvolve pesquisa sobre a percepção estética como jogo em Walter Benjamin e sua relação com a Arte Moderna e Contemporânea.
Professor do Icomp defende memorial acadêmico e recebe o grau de professor titular
O Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (Icomp/Ufam) realizou nesta quinta-feira, 13, no auditório 2, a defesa do memorial acadêmico do professor Altigran Soares da Silva cuja finalidade é detalhar sobre a vida acadêmica, produção científica, dentre outras, no magistério superior, visando o grau de professor titular.
A defesa foi avaliada pela comissão especial de avaliação composta pelos professores Alberto Nogueira de Castro Jr. (Presidente), Claudia Maria Bauzer Medeiros, Ana Carolina Brandão Salgado e José Carlos Maldonado das Universidades Federal do Amazonas (Ufam), de Campinas (Unicamp), Federal de Pernambuco (UFPE) e de São Paulo (USP), respectivamente.
Durante a apresentação, o professor Altigran Silva dividiu suaProfessor Altigran da Silva trajetória acadêmica em quatro tópicos: ensino, pesquisa, extensão e gestão científica. Ele acredita que a apresentação foi um passo emocionante, considerando o tempo voltado à Instituição que desde 1991 vem desenvolvendo. Mas, segundo ele, os últimos dezesseis anos foram dedicados ao Instituto com muita intensidade.
De acordo com o docente, compartilhar e rever momentos do passado que resultaram em ações positivas é um motivo de emoção, atribuindo a coletividade como um processo no avanço da Ciência no Estado do Amazonas.
Silva considera que o recebimento da titulação é uma etapa da carreira que pontua, de um lado, segundo ele, o reconhecimento sobre sua trajetória, mas, por outro, concede um status de influência muito maior sobre as coisas que coloca às ideias e opiniões para funcionar. Para ele, é motivo de orgulho tratar aspectos sobre a trajetória em conjunto, da coletividade, da construção de projeto conjunto para o Instituto de Computação.
O professor destacou sua contribuição como algo extremamente importante. “Antes de qualquer outra coisa, sou professor daProfessor Altigran da Silva ladeado pela diretora do Icomp, professora Tanara Lauschner e a Comissão Avaliadora Ufam, depois se atribui a qualquer designação. Eu dou mais importância ao meu papel coletivo na construção dos projetos da Ufam do que as ações individuais”, completa o professor.
A diretora do Icomp, professora Tanara Lauschner, disse que a razão do Icomp ser um Instituto de excelência deve-se muito ao trabalho desenvolvido pelo professor Altigran. “Hoje, nós estamos felizes por estar participando da defesa do Memorial Acadêmico”, disse a diretora.
A professora destaca-o como um dos melhores professores do Instituto, e, lembra que é o mais citado em trabalhos de pesquisa, tanto em nível nacional quanto internacional. “Para nós, é apenas um reconhecimento de todo o trabalho e de toda a dedicação que o professor Altigran sempre teve, não apenas em ações individuais, mas coletiva”, finalizou a diretora.
Projeto de extensão da Ufam é selecionado em edital nacional de divulgação científica
Projeto aproxima Astronomia para estudantes da educação básica.
Apresentar os segredos do universo para crianças e adolescentes é objetivo do projeto de extensão da Ufam, Cosmos. A iniciativa foi selecionada, entre mais de 800 em todo o país, para concorrer a financiamento em edital nacional de incentivo a divulgação da ciência.
O projeto Cosmos é um dos 50 selecionados pelo edital Serrapilheira, que prevê financiamento de até 100 mil reais para a proposta vencedora. Realizado na Ufam, o Cosmos reúne 20 integrantes entre estudantes e docentes que trabalham organizando atividades nas quais possam introduzir a Astronomia na vida de estudantes da educação básica de Manaus, do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, tanto de escolas públicas quanto particulares. Para a idealizadora do projeto, a estudante Carlla Martins, a seleção do edital nacional representa o reconhecimento ao compromisso da equipe em aproximar a ciência dos astros do público infanto-juvenil.
“A gente vê o quanto as crianças que participam do preparatório melhoram o desempenho escolar e principalmente como o interesse pela ciência desperta. No começo, não fazem ideia do que é, depois gostam tanto que fazem pesquisas sozinhos e chegam cheios de informações sobre o assunto. Isso é muito legal”, revela Carlla. “Foi muito significativo saber que fomos selecionados entre as 50 melhores propostas submetidas ao edital. É um reconhecimento e incentivo ao nosso trabalho”, expôs.
Após o resultado da primeira etapa, os selecionados tiveram a oportunidade de aprender mais sobre iniciativas que podem fazer a diferença quanto à popularização da ciência. Os participantes foram para o Rio de Janeiro apresentar as ações que desenvolvem e também receber treinamento e orientações sobre como aperfeiçoá-las.
A segunda etapa da seleção está prevista para o mês de outubro, com resultado final para dezembro de 2018.
Sobre o Cosmos
A iniciativa de levar o conhecimento da Astronomia para crianças e adolescentes teve início em 2015, de maneira voluntária e informal. Com o tempo, a ideia foi se fortalecendo e com a estruturação e organização como projeto de extensão, a proposta foi aprovada, obtendo o apoio da Universidade.
A equipe do Cosmos ministra aulas preparatórias para a Olimpíada de Astronomia a estudantes interessados em participar da competição científica. São em média 60 crianças por turno (matutino e vespertino), as quais descobrem que a Astronomia tem relação com várias outras ciências. “A Astronomia é a porta de entrada para o mundo da ciência e eles são naturalmente interessados em aprender sobre ela e, assim, aprendem também sobre matemática, física, história, geografia, por exemplo,” explica Carlla.
As atividades são também itinerantes, com palestras, oficinas e eventos realizados em escolas, abrigos para crianças e instituições semelhantes. Independente da premiação do edital Serrapilheira, a equipe do projeto Cosmos pretende buscar o crescimento das ações e atender mais criança e jovens, estimulando-os a amar a ciência a partir do conhecimento dos astros.