Professor apresenta perspectivas para o desenvolvimento sustentável no Amazonas
Na tarde da última quinta-feira, 22, o professor Maurício Brilhante de Mendonça, docente da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas (FES/Ufam), apresentou aos convidados do Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas, realizado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proext), sobre o tema desenvolvimento sustentável. Ele partiu de uma análise global, passando pelo contexto brasileiro até chegar à realidade vivenciada no âmbito local.
De início, o orador enumerou as principais e mais profundas mudanças vivenciadas em nível planetário nas áreas social, geopolítica, tecnológica, econômica e ambiental, conforme dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação pública federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). “Estamos passando hoje por um momento de transição social e tecnológica, que traz consigo mega tendências como o envelhecimento da população mundial, o aumento do nível de escolaridade e o aumento da população urbana, concentradas em megacidades, aglomerados urbanos com mais de dez milhões de habitantes”, disse o pesquisador, apontando o ano 2035 como marco.
O professor Maurício Brilhante, que cursou o mestrado em Desenvolvimento Regional na Ufam e o doutorado em Administração Pública e Governo na Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), completou sua participação no Fórum com uma breve análise no ambiente internacional e nacional dos aspectos que estão inseridos como desafios para o Amazonas. Além disso, frisou o papel das Universidades – especialmente as públicas – e de outros atores diante das variáveis trazidas pelo estudo como certezas ou dúvidas. As políticas públicas capazes de auxiliar o desenvolvimento local e o futuro das potencialidades do Amazonas também foram pontos de discussão apresentados pelo pesquisador.
No Brasil e no mundo
Foram apresentados três momentos: o Futuro (e suas prioridades), o Passado (e seus obstáculos) e o Presente (acompanhado de suas necessárias mudanças). Partindo disso, o professor discorreu sobre temas gerais, que devem causar mudanças em nível planetário, como a geopolítica e os déficits de governança, marcados pela incerteza. Segundo ele, não é possível prever, por exemplo, se o dólar permaneceria como a moeda mais forte em 2035, ou se a China cairá ou não na armadilha da renda média, estagnando seu movimento de liderança. “Se não houver crescimento chinês, isso afetará a economia do mundo”, afirmou.
No setor da Ciência e Tecnologia, a previsão é mesmo de que haja expansão acelerada e multidisciplinar, por meio do uso de aplicações tecnológicas mais integradas não somente na indústria, mas na agricultura, no comércio e nos serviços. A “internet das coisas”, por exemplo, já é uma realidade irreversível, assim como a biotecnologia e a nanotecnologia. “Se, de um lado, a inteligência artificial é a nova fronteira, de outro, as regiões mais pobres continuarão a ser excluídas da sociedade da informação, seja pelos altos índices de analfabetismo ou pela falta de energia e acesso à internet e às telecomunicações”, comparou o docente.
Em se tratando de Brasil, o professor Maurício Brilhante apontou que, até 2035, as mudanças demográficas continuarão impactando as políticas públicas e o investimento em infraestrutura social e econômica ainda será insuficiente. “Os profissionais que podem apresentar as soluções nesses temas são os egressos das áreas de Geografia, Economia, Ciências Sociais, Ciências da Saúde e Engenharias, entre outros”, apontou o pesquisador, ao avaliar, ainda, que o aumento dos anos de escolaridade da população brasileira não será acompanhado de avanços expressivos na qualidade da formação, embora haja empoderamento dos atores sociais.
A criminalidade e a sensação de insegurança serão mantidas até 2035, segundo as informações trazidas pelo professor Maurício Brilhante. Outra questão importante é a transição entre o paradigma da cura e o do cuidado, com aumento da demanda pelo uso contínuo de serviços de saúde e por profissionais das áreas de Medicina, Fisioterapia e Serviço Social. O aumento da razão de dependência na população brasileira, com ênfase em Ciências Atuariais e Economia. “No plano econômico, uma das mudanças é a ‘uberização do sistema financeiro’, esta promovida pelas Fintechs, startups que atualizam a operacionalização das relações financeiras”, pontuou o professor, ao citar a agilidade na disponibilização desses serviços.
Desenvolvimento sustentável
Em relação ao cenário local, o professor tratou de possibilidades para o Estado do Amazonas. “Estamos num momento de transição, em primeiro lugar, mudando toda a tecnologia do mundo e, em segundo, há uma transição no próprio modelo Zona Franca de Manaus, que está se esgotando. Na verdade, a palavra sustentabilidade, nesse contexto, não tem relação apenas com a questão do ambiente, mas sim com o tempo. Ou seja, você promover o desenvolvimento econômico que seja constante”, afirmou o professor Maurício Brilhante.
Inclusive, na tese de doutoramento do pesquisador, foram investigadas as prorrogações do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM): “Primeiro identificamos quais as articulações para que esse modelo, que já tem 50 anos de idade – e que tem mais 50 anos pela frente – seja o modelo dominante hoje. A ZFM foi uma escolha, porque, a partir do momento que ficamos com ela, abrimos mão de outras possibilidades. A principal conclusão da tese foi a de que havia um consenso, pelo menos até 2013, principalmente entre da classe política federal, de que o modelo, deveria ser mantido no Amazonas”.
Uma das conclusões a que ele chegou foi a de que existem vários setores da sociedade – por exemplo, os agricultores familiares, serviços, comércio, e outros – têm menos voz, “enquanto aqueles que têm o maior poder econômico exercem também o poder decisório quando da formulação desses planejamentos, seja no parlamento ou na governança. É preciso ter mais equilíbrio nessa participação e influência”.
No âmbito do Grupo de Pesquisa em Administração Pública, Governo e Sociedade (GPAPGES), liderado pelo docente, são promovidas articulações, em iniciação científica e pós-graduação, com ênfase em estudo de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento. “Atualmente, há participação de docentes da FES, mas a proposta é expandir o grupo e incluir outras instituições como parceiras”, garantiu o orador do Fórum Permanente.
Sobre o Fórum
Surgiu como uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Amazonas, para dar subsídios teóricos de modo a contribuir para com a solução dos problemas mais graves que entravam o desenvolvimento econômico e social do Amazonas.
Outro objetivo do Fórum é auxiliar na formação acadêmica dos estudantes e pesquisadores através de levantamentos de problemas e hipóteses que possam instigar o desenvolvimento da pesquisa regional, estimulando a proliferação de uma consciência amazônica voltada para a solução de problemas regionais a partir de suas condições reais objetivas e no contexto de uma política de desenvolvimento autossustentável.
Para viabilizar as discussões no âmbito da academia, o fórum pretende realizar, com a participação dos mais diversos segmentos sociais e acadêmicos, sessões de seminários multidisciplinares e multissetoriais sobre problemas regionais, buscando a sua compreensão numa perspectiva global e inter-relacional.
Departamento Financeiro divulga notas explicativas contábeis do terceiro trimestre de 2018 da Ufam
A Pró-reitoria de Administração da Ufam, por meio do seu Departamento Financeiro, vem a público divulgar as Notas Explicativas do 3º Trimestre de 2018 da universidade, as quais trazem informações relacionadas aos diversos demonstrativos contábeis da Instituição (Acesse).
A divulgação trimestral das notas atende ao Comunicado 2017/1160702, da Setorial de Contabilidade do Ministério da Educação (MEC).
Informações: (92) 3305-1181 / Ramal 1483 – 2011/ 99102-0831
Progesp informa resultado preliminar de prorrogação de contratos para professores substitutos
A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), por meio da Coordenação de Recrutamento e Seleção, divulga o resultado preliminar dos pedidos de prorrogação de contratos de professor substituto para o primeiro semestre de 2019.
Conforme calendário atualizado, os recursos podem ser impetrados junto à Progesp no dia 23 de novembro, sexta-feira.
Confira o resultado aqui: Resultado