Centro Acadêmico de Direito promove debate sobre liberdade de expressão

Acadêmicos de Direito da UFAM, da UEA e da Uninorte estiveram presentes no debateAcadêmicos de Direito da UFAM, da UEA e da Uninorte estiveram presentes no debate

Nesta quarta-feira (28), o Centro Acadêmico de Direito 17 de Janeiro (CAD 17de Janeiro) promoveu um debate acalorado sobre liberdade de expressão e democracia, com a presença dos professores Daniel Gerhard, da UFAM, e Cássio Borges, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O debate, que teve lugar no Auditório da Faculdade de Direito (FD), contou com a presença não só de alunos da UFAM, mas também de alunos do Centro Universitário do Norte (Uninorte) e também da UEA, além de professores e alunos de especialização da FD.

O professor Borges falou sobre o direito de questionar, o direito de opinar e ainda sobre a religião e a democracia.  Em uma de suas falas, falando sobre o atentado ao Charlie Hebdo, em Paris, ele falou que a censura é incompatível com a democracia. “A liberdade de expressão é incontestável, é o preço da democracia que precisa ser pago”, citou.

Logo em seguida, o professor Gerhard falou sobre a importância da liberdade como um fenômeno, e não como algo palpável. Citando autores do Iluminismo, como Denis Diderot, Jean D’Alembert e François Voltaire, o professor falou que todos nós somos responsáveis pelo outro na medida em que nos colocam a isso. “Todos nós estamos imersos numa comunidade de comunicação, e cabe lembrar que não nos cabe limitar a liberdade do outro”.

O debate na academia

Professor Daniel Gerhard, da UFAM, e professor Cássio Borges, da UEAProfessor Daniel Gerhard, da UFAM, e professor Cássio Borges, da UEA

O professor Gerhard falou que é importante trazer esse tipo de debate não só para a academia, mas também para toda a sociedade, para que se coloquem sob o jugo da reflexão as possibilidades de ação e atuação do homem na comunidade. Segundo ele, isso é necessário para que a nossa sociedade chegue efetivamente ao que a Constituição preceitua, que é uma sociedade que se comungue pelo direito de respeitar o outro e que se paute pela justiça social. “Precisamos saber se é possível rogar postulados de liberdade de expressão para ofender, para denegrir, para agredir, ou, se necessariamente, a comunidade exige um censo de solidariedade e de integração”, afirmou.

A aluna Járcia Dias, do 4° período do curso de Direito, foi uma das presentes à palestra, e considerou de altíssimo nível o debate. Segundo ela, é importante ouvir o que estes grandes mestres tinham a falar sobre o assunto. “Com certeza, tudo o que eles disseram aqui vai influenciar não só na minha vida pessoal, mas também na carreira profissional que eu pretendo seguir”, salientou.

Rafael Benzecry, aluno do 6° período de Direito e atual presidente do CAD, acredita que como estamos vivendo numa Universidade, falar de liberdade é algo muito forte. Para incentivar o debate e impedir qualquer tentativa de censura à comunidade acadêmica, decidimos promover o debate. “Aqui, nós estamos discutindo ideias que nem sempre são as mesmas que o outro pensa. Sempre é importante que nós estejamos batendo na tecla da liberdade, tanto de cátedra, para os professores, como de pensamento e opinião para nós, estudantes”, garantiu.

Produção científica de acadêmicos da FCA reunida em mostra científico-cultural

A produção cientifica desenvolvida ao longo de dois anos está em exposição  na II Mostra Científco-Cultural da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) que acontece durante todo o dia (manhã/tarde) desta quinta-feira (29) no Hall da FCA, bloco 1, Setor Sul.  O evento objetiva divulgar para a comunidade universitária os trabalhos científicos desenvolvidos em nível de graduação e pós-graduação, visando a proporcionar interação e parcerias entre diferentes áreas do conhecimento.

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Libras: história dos intérpretes, sintaxe e iconicidade em debate no II Ciclo de Palestras

Para o auditório repleto de intérpretes, estudantes e pesquisadores da Língua Brasileira de Sinais (Libras), na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FEFF), a tarde desta quarta-feira (28) foi a oportunidade de conhecer as propostas de trabalho dos mestres Denise Coutinho, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marisa Dias Lima, da Universidade de Brasília (UNB), e Victor Hugo Costa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSC).

Eles foram convidados para a banca que irá selecionar sete docentes para Curso de Letras-Libras da UFAM. “Convidei os professores para aproveitarmos essa oportunidade de fazer um intercâmbio de conhecimento entre as pesquisas deles e nós que estamos iniciando esse trabalho aqui na UFAM. Em 2015, ingressará a segunda turma do curso”, comenta o chefe do Departamento de Letras-Libras (DLL), professor Iranvith Cavalcante.

Para Iranvith, que também coordena os Ciclos, a atividade de extensão proporciona a partilha a graduandos e parceiros, como a Escola Augusto Carneiro dos Santos. “Essa instituição para surdos já recebeu trabalhos dos acadêmicos da UFAM, que lá produziram um jornal bilíngue”, conta ele. Há dois projetos de iniciação científica em andamento nessa área. Um deles, sobre o espaço de enunciação do intérprete de Libras, da acadêmica Susy Gonçalves, recebeu menção honrosa no último Congresso de Iniciação Científica (Conic). O projeto revela que a localização dos sinais está numa esfera ao alcance dos braços do intérprete, o que a torna mais ampla que o tradicional conceito de quadro em plano americano bidimensional.

 

Pioneirismo

Bem antes de questões técnicas e conceituais sobre o trabalho dos intérpretes da Língua de Sinais, a pedagoga e mestre em Linguística Denise Coutinho, que iniciou na área aos 17 anos, conta como foi essa categoria se organizou desde os anos 1970, em especial no Nordeste. A obra “Interpretação em Língua de Sinais: de onde vim e para onde fui” é histórica, enquanto o livro “Interpretação em Língua de Sinais: convivências, estratégias escutas” volta-se para a experiência e os processos de interpretação.

Denise Coutinho foi a primeira a receber o Cadastro de Intérpretes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), em 1997, mas já atuava como intérprete há quase duas décadas. Ela foi pioneira por ter iniciado o trabalho de interpretação em eventos abertos ao público. “Em 1981, atuei pela primeira vez num evento grande como intérprete da Língua de Sinais”, disse. Trata-se do I Congresso Brasileiro de Pessoas com Deficiência, organizado em Recife (PE), e fruto de uma articulação da Organização das Nações Unidas para que aquele fosse o Ano Internacional da Pessoa Deficiente.

 

Sintaxe e Iconicidade

Com proposta voltada ao campo da investigação científica, a mestre e doutoranda Marisa Dias Lima mostrou os passos de uma pesquisa que relaciona o aprendizado da sintaxe do Português Escrito como segunda língua a partir de um conhecimento da Língua de Sinais pelo aluno surdo. “Se ele aprendeu Libras no período crítico da aquisição, entre 3 e 5 anos, terá maior facilidade com a sintaxe Sujeito-Verbo-Objeto do Português Escrito na fase de escolarização”, revelou a professora.

Ao longo da pesquisa, ela considerou as diferenças entre as construções sintáticas de Libras, de mais fácil aquisição para os surdos, e as do Português Escrito; a fase de aprendizado de Libras, e até o incentivo da família para o uso de Libras. “A Gramática Universal soma-se às experiências pessoais, formando uma Língua Particular. Se o aprendizado tem o input correto, por acesso direto e num processo natural, o aluno surdo diferencia melhor as sintaxes e aprende com mais facilidade”, explicou Marisa, que é surda e tem pais surdos.

O pesquisador Victor Hugo Costa debruçou-se sobre o tema iconicidade, que está presente na Língua de Sinais. Ao resumir a teoria do linguista Ferdinand Suassure, o pesquisador contrapôs-se ao pensamento de que toda língua superior é arbitrária por se tratar de uma convenção. “Libras é uma língua muito mais icônica, e isso vai no sentido oposto a essa teoria”, explicou. O professor reforçou ainda o papel da gesticulação na composição da língua, inclusive no que se refere aos não surdos/ouvintes.

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