I Seminário de Formação da Rede Norte do Programa Saberes Indígenas na Escola discute Educação escolar indígena no Brasil

Apresentações culturais, oficinas e mostras pedagógicas integram a programação do evento que ocorre até a próxima quinta-feira, 15.

Coordenador Geral do Seminário, professor Gersem Luciano, durante pronunciamentoCoordenador Geral do Seminário, professor Gersem Luciano, durante pronunciamento

A ação “Saberes Indígenas na Escola” tem o propósito de fortalecer as políticas educacionais em prol dos povos indígenas, promovendo o aperfeiçoamento profissional de professores indígenas que atuam na educação básica. Na manhã desta segunda-feira, 12, ocorreu a abertura do I Seminário de Formação da Rede Norte do Programa Saberes Indígenas na Escola -SIE/UFAM, uma atividade promovida pela UFAM em parceria com o Instituto Federal do Amazonas, a Universidade do Estado do Pará, Secretarias Municipal e Estadual de Educação e organizações não-governamentais.

Durante a abertura do evento, o coordenador geral do Seminário, professor Gersem dos Santos Luciano, ressaltou que o encontro é uma oportunidade de conhecer as diferentes experiências e trabalhos que os núcleos dos Saberes Indígenas na Escola, coordenados pela UFAM, desenvolvem. “É a primeira vez que essa rede imensa do Amazonas e Pará está se reunindo. O seminário é uma oportunidade de informação, formação e intercâmbio de experiências sobre nossas atividades com 27 dos 64 povos no estado do Amazonas”, afirmou o coordenador.

Ele destacou ainda que a atividade é fundamental para viabilizar a Escola Indígena do futuro. “A Escola indígena do futuro é aquela que consegue fazer com que o aluno, cidadão indígena, consiga conservar sua tradição, cultura e língua com processos de alfabetização, letramento e numeramento específicos que atendam a essa dupla cidadania e, ao mesmo tempo, possibilite o acesso a tecnologias e conhecimentos universais da escola e da universidade”, declarou ele.

Resistência e protagonismo indígena

Professora Elciclei Faria, da Faculdade de Educação, foi a palestrante da abertura do eventoProfessora Elciclei Faria, da Faculdade de Educação, foi a palestrante da abertura do eventoA palestrante da abertura do evento, professora Elciclei Faria, abordou a trajetória histórica da Educação escolar indígena no país e destacou os avanços na área. “Ao trazer um pouco desse histórico do que foi a Educação Escolar indígena ou Escola para Índios no Brasil, observamos a tentativa de imposição de língua e cultura europeia, mas observamos também a resistência indígena a essas tentativas de apagamento. Além de permanecerem com suas línguas e costumes, os indígenas também se apropriaram dos conhecimentos das sociedades que tentavam subjugá-los. Conseguimos ver também avanços muito importantes como quando o movimento indígena assumiu a sua autonomia e levou à frente, num primeiro momento, a proposta de garantia de direitos e agora, na atualidade, luta pela efetiva implementação de tais políticas públicas. Eles são autores, propõem projetos, assumem espaços dentro das instituições federais, estaduais e municipais e fazem a diferença, ocupando posições que vão desde secretarias municipais a cargos no Ministério da Educação”, declarou a palestrante.

Maria Ângela Moura é um exemplo desse protagonismo indígena. Descendente do povo Tukano, ela integra o Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena. “É preciso avançar de acordo com os direitos que reivindicamos e conquistamos ao longo do tempo. Este seminário é importante para nós porque a formação oferecida aqui está aliada aos nossos objetivos de aperfeiçoar as práticas pedagógicas em sala de aula e nós entendemos que uma boa formação nos faz mais unidos em torno de nossos objetivos”, afirmou a participante do seminário.

Programação

Participante do Seminário, Maria Ângela Moura integra o Fórum Nacional de Educação Escolar IndígenaParticipante do Seminário, Maria Ângela Moura integra o Fórum Nacional de Educação Escolar IndígenaO I Seminário de Formação da Rede Norte do Programa Saberes Indígenas na Escola ocorre até Legenda ocorre até o dia 15 de dezembro. Nesta terça, 13, às 9h, ocorre a oficina temática sobre a diferença entre alfabetização e letramento, com a instrutora Maria Socorro Pimentel, da Universidade Federal de Goiás. No dia 14, o professor Carlos Eduardo de Souza, do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) realiza a oficina sobre numeramento.

 Seminário ocorre no auditório do Centro de Treinamento Padre Anchieta (CEPAN), Japiim II

 

 

Aluno da Ufam é premiado em Competição Internacional de Engenharia

Felipe Monteiro estuda Engenharia da Computação na UfamFelipe Monteiro estuda Engenharia da Computação na UfamAluno do curso de Engenharia de Computação da UFAM, Felipe Monteiro, é o primeiro brasileiro premiado no ACM Student Research Competition,  evento promovido pela International Symposium on Foundations of Software Engineering (FSE).

Sob orientação do professor Lucas Cordeiro, Felipe apresentou o trabalho  “Verificação de modelos limitados de sistemas digitais Estado-Espaço” que defende a aplicação de técnica conhecida como Bounded Model Checking na verificação de propriedades de controladores digitais de ponto fixo, componentes utilizados em vários tipos de sistemas, desde roteadores de internet até aviões e foguetes.

Felipe Monteiro chegou ao final da competição juntamente com dois alunos da Universidade de Washington (Seattle/EUA), orientados pelo renomado professor Lucas Cordeiro, que relata ser uma conquista notável e que deve ser comemorada com muito orgulho. 

“O FSE é um grande evento internacional que reúne os melhores nomes na área de engenharia de software e ficamos muito felizes de que nesta edição a Ufam tenha obtido tão inédita premiação”, comenta.

O aluno também explica que a ACM seleciona os trabalhos mais influentes em diferentes ramos da Computação para aplicar à competição e que a seleção se dá em várias fases, sendo que na última fase, os alunos fazem apresentação de 10 minutos sobre a pesquisa e o comitê seleciona os vencedores.

Equipe venceu competição internacional nos Estados UnidosEquipe venceu competição internacional nos Estados Unidos

O evento ocorreu de 13 e 18 de novembro de 2016, na cidade de Seattle, EUA.

 

Sobre o evento

Association for Computing Machinery é uma das organizações mais importantes para pesquisa na área.  Ela promove anualmente a ACM Student Research Competition, que é sediada, após uma seleção criteriosa, nas conferências mais influentes sobre Computação.

Os alunos interessados devem submeter artigo científico, que será revisado pelos organizadores da conferência. Após aprovação, os representantes dos artigos recebem US$ 500,00 para viajarem até o local de apresentação. Onde levam posters com o resumo do trabalho e são avaliados por um comitê especializado.

 

Fonte: Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARII/Ufam).

Mitos em torno da surdez são desvendados em palestra sobre educação inclusiva

“O surdo é tão capaz quanto qualquer outra pessoa. A única diferença é que ele se comunica através de uma língua viso-espacial”, explica a professora Débora Arruda.

Língua de Sinais não é universal, como muitos pensamLíngua de Sinais não é universal, como muitos pensamA palestra revelou que ainda há mitos que envolvem a surdez, como a ideia de que há uma língua de sinais universal ou a de que não existem estruturas gramaticais próprias. A atividade ocorreu na tarde desta sexta, 9, no auditório Rio Alalaú da Faculdade de Educação (Faced) e faz parte do ‘Ciclo de Palestras e Debates sobre Inclusão no Contexto Amazônico’.

Trata-se de encontros mensais sobre temáticas de educação especial e inclusiva, cujo público de interesse são alunos de licenciaturas e pedagogia e professores da educação básica. “Iniciamos as atividades no início de 2016, mas ainda não se tinha falado nada sobre a surdez. Contemplamos o tema agora, convidando acadêmicos e profissionais a desmitificarem alguns conceitos do senso comum e a superá-los”, explica a coordenadora do Ciclo e mestranda em Educação da Faculdade de Educação (Faced/Ufam), Geyse Sadim.

Essa também é uma preocupação da graduanda do 8º período do curso de Pedagogia da Ufam, Juliana de Souza, 21, para quem, apesar da oferta de duas disciplinas sobre educação inclusiva de pessoas com deficiência na grade regular, a formação complementar é indispensável para preparar o profissional num contexto de escolas inclusivas, por exemplo.

“O professor tem que se reinventar, pesquisar, ter a colaboração de especialistas e criar novos métodos para lidar com a realidade da sala de aula”, propôs Juliana. Como acadêmica, avalia que o aluno deve se interessar pelos eventos, e o docente incentivar a participação da turma. “O acesso a metodologias inclusivas e conceitos de educação inclusivas passam pelo processo de desnaturalização de mitos, e isso é importante para os futuros pedagogos”, complementou.

Senso Comum

Servidora da Universidade desde 2011, a professora Débora Arruda vinculou-se ao curso de Licenciatura em Letras Libras tão logo iniciou a primeira turma, em 2014. O tema mitos em torno da surdez, segundo explicou, abriga uma série de questões pré-concebidas que o senso comum naturaliza ao longo dos anos. “Um dos mitos é falsa universalidade da Língua de Sinais. Isso é uma crença, mas isso não é verdade”, assegurou a palestrante.

“Não é um código secreto’ interpretado pelos surdos, e somente por eles compreendido. Esse mito perdura desde quando a maioria dos professores de surdos, em 1880, eram oralistas [não surdos]. No Congresso de Milão, as línguas de sinais ficaram proibidas, mas, para os surdos, o mais natural é sinalizar”, afirmou. “O ponto central desse mito é este: assim como as comunidades orais têm várias línguas, as línguas de sinais também variam”, destacou.

Um exemplo disso é o fato de que há sinais distintos para uma mesma palavra, como mãe; ou um mesmo sinal para a mesma palavra, como tartaruga e árvore, cujo sinal é igual na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e na Língua Americana (ASL). “A origem da Língua de Sinais no Brasil é francesa, mas têm outras influências”, disse a professora Débora Arruda.

Educação inclusiva é o tema central do ciclo de palestras promovido pelo NEPPD em parceria com o PPGEEducação inclusiva é o tema central do ciclo de palestras promovido pelo NEPPD em parceria com o PPGE

Não é porque os surdos se comunicam através de experiências visuais que se deve considerar verdadeiro outro mito, o de que não existe organização gramatical nas línguas de sinais. Essa questão foi pacificada pela Lei nº2.436/2002, que conceituou a Libras e determinou que todos os alunos de licenciaturas devem tê-la como disciplina obrigatória. “A cientificidade que tem como fundamento a existência de uma gramática das línguas de sinais foi questionada até a década de 1970, quando foram criados os três primeiros parâmetros: configuração das mãos, ponto de articulação do sinal e movimento, com o objetivo de descrever os níveis fonológicos e morfológicos capazes de elaborar uma gramática própria”, esclareceu a palestrante.

Não é só isso. A expressão facial e os movimentos do corpo (não só das mãos) também têm uma carga de significado que diferencia os sinais interpretados, e eles são os equivalentes das palavras das línguas orais. Todos esses elementos formam a gramática própria que torna a Libras e a ASL (Estados Unidos) tão completas quanto a Língua Portuguesa ou a Inglesa.

Outros mitos citados pela professora são os de que os surdos vivem num silêncio absoluto. “Isso nunca foi verdade”, informa a professora, ao explicar que há graus de surdez que vão do leve ao profundo, passando pelo moderado. Da mesma forma, devem ser tidas como mito as questões sobre a existência de pensamentos ou sentimentos pela comunidade surda. “Claro que eles pensam e têm sentimentos, porque isso independe da oralidade”, concluiu.

NEPPD e PPGE

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial (NEPPD) é responsável por cinco atividades, dentre as quais a coordenação do Programa de Extensão Apoio Educacional Especializado (PAEE), responsável pelo Ciclo de Palestras, ministradas a cada mês.

Há projetos em parceria com escolas inclusivas e professores dessas instituições têm acesso a metodologias de educação inclusiva e formações oferecidas pelo PAEE por meio da extensão universitária, como os eventos e as Atividades Curriculares de Extensão (ACEs).

O atendimento às crianças deficientes da comunidade também é realizado no âmbito do NEPPD. O contato do Núcleo é somente pelo e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.. Saiba mais sobre os eventos promovidos pelo NEPP na fan page facebook.com/eventosneppd.

“Outro objetivo  do Ciclo é trazer ao conhecimento público os temas de pesquisa tratados na Linha ‘Educação Especial e Inclusão no Contexto Amazônico’, da qual fazem parte dois docentes de Educação Física, dois de Educação e cerca de dez mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade”, esclarece a coordenadora. As pesquisas têm como principais temas acessibilidade, autismo, formação do professor de educação física e educação inclusiva, práticas pedagógicas e Educação a Distância inclusivas.

 
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