Profa. Edinéa MascarenhasDando continuidade às programações do I Círculo de Palestras sobre Cultura e Literatura no Amazonas, o Programa de Pós-Graduação em Letras da UFAM (PPGL) promoveu, na tarde desta segunda-feira (27), as palestras “Manaus, 1890-1920 – A Ilusão do Fausto” e “Do Sertão à Selva – Os Livros Vingadores de Euclides da Cunha”, proferidas pelos professores Drs. Edinéa Mascarenhas e Carlos Guedelha, respectivamente.

O evento, realizado em parceria com a Coordenação e Núcleo de Pesquisa em Linguagens de Expressão Amazônica (Conplexa) e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Literatura de Língua Portuguesa (Gepelip), aconteceu no Auditório Rio Solimões, localizado no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), Setor Norte do Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, em Manaus.

A primeira palestra, proferida pela professora Dra. Edinéa Mascarenhas, falou sobre a ilusão do fausto, isto é, a falácia de que Manaus era uma cidade muito desenvolvida no período áureo da borracha. Segundo a palestrante, a Manaus daquela época pode ser dividida em “cidade legal” e “cidade real”. “A cidade legal era o espaço atendido pela modernidade e pelo poder. Essa parte era o atual Centro da cidade. Já a cidade real era o espaço marginalizado, os bairros distantes, onde imperavam o desemprego, a pobreza e a exclusão. Bairros como Cachoeirinha, Colônia Oliveira Machado, São Raimundo e outros faziam parte da cidade real”, afirmou Mascarenhas.

Ainda segundo a professora, o período estudado por ela, que resultou no seu livro, cujo título é o mesmo tema da palestra, foi um período-chave na história da cidade de Manaus. “Em 1890, se inicia um período de modernização da cidade, com o boom da borracha e a posse de Eduardo Ribeiro como governador. Em 1920, você percebe que a maioria das obras iniciadas pelos idos de 1900 não foram concluídas, e esse ano, por causa disso, também é um ano-chave”, ressaltou a doutora.

Os livros “vingadores” de Euclides da Cunha

O professor Dr. Carlos Guedelha falou sobre duas obras consideradas vingadoras pelo autor Euclides da Cunha: “Os Prof. Dr. Carlos GuedelhaSertões” e “Um Paraíso Perdido”. Segundo o professor, Euclides considerava os dois livros como “vingadores” por terem o objetivo de vingar os sertanejos da chacina promovida pelo Exército em Canudos. “Infelizmente, por causa de sua prematura morte, ‘Um Paraíso Perdido’ não chegou a ser escrito. Mas ele teria o mesmo objetivo de ‘Os Sertões’, que também era vingar os sertanejos e a própria Amazônia dos maus tratos infligidos a eles”, afirmou Guedelha.

Para o professor Guedelha, a obra de Euclides da Cunha é um dos tesouros imateriais do Brasil. Ele ressalta que Cunha não chegou a escrever um livro completo sobre a Amazônia, mas uma série de artigos e textos sobre a região que, postumamente, foram reunidos em um livro só. “Nestes textos, há uma interpretação muito peculiar sobre a Amazônia. Na maioria dos textos sobre a região, nós temos a perspectiva dos estrangeiros. Já a visão de Euclides da Cunha era uma visão totalmente abrasileirada, que com certeza, pode nos ajudar a entender a nossa própria história e a nossa própria cultura”, ressalta o professor.

Sobre o Círculo de Palestras

Professores Edinéa Mascarenhas e Carlos GuedelhaPromovido pelo PPGL em parceria com o Gepelip e o Conplexa, o I Círculo de Palestras sobre Cultura e Literatura no Amazonas recebe, no próximo dia 04 de maio, o escritor Márcio Souza, que falará sobre cultura e literatura no Amazonas. No mesmo dia, haverá a exibição do filme “A Selva”.

No dia 11 de maio, o Círculo recebe os professores Drs. José Aldemir de Oliveira e Auriclea Oliveira das Neves, que falarão, respectivamente, sobre os seguintes temas: “Manaus, de 1920 a 1967: Crise Urbana, Espacialidades e Cultura”, e “Apresentação de Jorge Tufic e Max Carpenthier”.

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