Estações de Tratamento de Efluentes contribuem para a preservação dos igarapés do Campus
A estação é capaz de tratar até 360 mil litros de efluentes por dia.
Você já parou para pensar no que acontece com a água após o uso? Para preservar as nascentes e igarapés do Campus Universitário Arthur Virgílio Filho, a UFAM está construindo a segunda Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), agora no Setor Sul. A previsão para o início do funcionamento é fevereiro de 2016. Com a nova estação, a Universidade atenderá todo o campus e devolverá ao meio ambiente água limpa dos resíduos líquidos e gasosos resultantes do uso pela comunidade acadêmica.
ETEs contribuem para preservação de igarapés
Mais de 16 mil pessoas frequentam o campus universitário por dia. Todas elas fazem uso de água não só para o consumo, mas também em atividades laboratoriais, no preparo de alimentos, na higiene pessoal, entre outros. Capaz de tratar até 360 mil litros de efluentes por dia, a ETE do Setor Sul, localizada próximo ao setor de Avicultura, será apta a retirar materiais flutuantes e suspensos na água, como areia; realizar o tratamento de matéria orgânica biodegradável, como produtos de limpeza; e eliminar os organismos patogênicos, como, por exemplo, bactérias, vírus e protozoários. Juntas, as ETEs são aptas a trabalhar com até 800 mil litros de efluentes por dia.
Construção da ETE do Setor Sul
De acordo com o prefeito do campus universitário, professor Atlas Bacellar, a Universidade, visando preservar o meio ambiente do campus, com base em estudos realizados pela Prefeitura do campus em parceria com a Faculdade de Tecnologia, realizou a construção das ETEs. “As estações de tratamento de efluentes permitirão que a Universidade fique tranquila quanto ao lançamento de efluentes nos cursos de água no campus, garantindo que essas águas não causarão qualquer poluição aos nossos mananciais”, declarou o prefeito.
Para a construção das estações, a Universidade investiu mais de 1 milhão de reais. A obra do Setor Sul custou à Instituição R$599.044,68. Já a ETE do Setor Norte, situada atrás da Faculdade de Estudos Sociais e em funcionamento desde 2011, foi adquirida por R$ 477.574,86. Com as estações de tratamento de efluentes, toda a água utilizada passará por processos físico-químicos e biológicos para a retirada das impurezas.
Etapas de Tratamento
Pré-tratamento:
A etapa de pré-tratamento ou tratamento preliminar deve ser realizada para eliminar substâncias estranhas ao esgoto e que não deveriam estar presentes ali, em condições normais. É o caso das areias e dos objetos caídos ou lançados nas peças sanitárias. Ela inicia no Canal de Gradeamento (G), segue pelo Canal de Desarenação (CA), pela Calha de Parshall (CP) até chegar à Caixa de Distribuição (CD). Confira na imagem abaixo.
Tratamento primário:
É responsável pela remoção de material em suspensão. Estas partículas, superiores a 1µm (micrometro – milionésima parte do metro), são de fácil separação por processos físicos. A sedimentação em decantadores é um exemplo deste tipo de tratamento. Os Tanques Sépticos (TS) promovem a sedimentação do material em suspensão. Nestes tanques, as partículas sedimentadas são digeridas por microrganismos anaeróbios (sem oxigênio) de forma que o lodo decantado é extremamente reduzido durante digestão microbiológica. Assim, este tipo de unidade exerce um processo de tratamento físico em relação à água (sedimentação) e biológica em relação ao lodo decantado.
Modelo de funcionamento da ETE do Setor Sul
Tratamento secundário
Nessa etapa, as partículas dissolvidas (do tamanho de átomos e moléculas) e em grãos podem ser digeridas quimicamente ou biologicamente. O tratamento é realizado por meio de Filtro Anaeróbio (FA) combinado com Filtro Plantado (FP), como no caso da ETE do Setor Norte ou realizado por meio de uma bateria de Filtros Plantados, como no Setor Sul.
Os filtros plantados são tanques constituídos de material de suporte (usualmente emprega-se brita, areia ou cascalho), onde o efluente proveniente do tratamento primário ou secundário é distribuído, de modo a filtrar através do leito e das raízes de plantas, até ser captado por um sistema de drenagem. As plantas empregadas são, geralmente, plantas aquáticas superiores dispostas diretamente com o material de suporte. No Setor Norte, foram usadas canaranas para esta etapa.
Tratamento de Iodo
O lodo é o resultado da remoção da matéria orgânica contida no esgoto, e a quantidade e a natureza do lodo dependem das características do efluente inicial e do processo de tratamento escolhido.
Em ambas as estações da UFAM, foi adotada a técnica de adição de Hipoclorito de Cálcio, em pastilhas, através de uma Câmara de Contato (CC). A câmara de contato é reservatório fechado com obstáculos verticais em concreto que retêm materiais de dimensões específicas para que a tubulação subsequente não seja obstruída. Os efluentes têm tempo de permanência superior a 30 minutos na CC antes do lançamento nas escadas d’água.
Modelo de funcionamento da ETE do Setor Norte
Unidade de Lançamento
Para a dissipação da energia e aumento da capacidade de aeração do esgoto tratado será utilizada uma escada d’água ou Escadas de Aeração (EA) interligando a câmara de contato e o ponto de lançamento no curso d’água. As escadas d’água representam um eficiente mecanismo de transferência de gases, possibilitando a introdução de significativas quantidades de oxigênio nos efluentes.
Nascente da UFAM abastece igarapé do Mindu
Após todo esse processo que ocorre 24 horas por dia, a água está em condições de retornar ao meio ambiente.
Consciência Ecológica e Econômica
As estações de tratamentos de efluentes são preparadas para lidar com materiais específicos, o lançamento de substâncias ou produtos não apropriados prejudica o melhor rendimento das ETEs. De acordo com o prefeito do campus, produtos como borra de café, gorduras, papel higiênico, absorventes e fraudas descartáveis não devem ser jogados em pias ou vasos sanitários, pois as ETEs não são preparadas para tratá-los. “Precisamos que seja feito o uso adequado das instalações da Universidade, com destaque para banheiros, laboratórios e copas, para evitar o lançamento inadequado de elementos não apropriados para a rede de efluentes, o que pode causar a colapso do sistema de tratamento tornando-o inoperante”, alertou o professor Atlas Bacellar.