Novo Laboratório de Arqueologia da UFAM consolida pesquisas no Estado
Em outubro de 2014, o Museu Amazônico da UFAM ampliou suas atividades de Ensino-Pesquisa-Extensão com o novo Laboratório de Arqueologia. O prédio está localizado no setor sul do Campus Universitário Arthur Virgílio Filho, e conta com laboratórios, sala de reuniões, copa, banheiros, e reservas técnicas que acomodam mais de 1 tonelada de acervo arqueológico, datado entre 3 e 9 mil anos.
O material é proveniente de projetos de pesquisas, licenciamentos ambientais e doações, composto por objetos cerâmicos (fragmentos, vasilhas, e urnas funerárias) materiais líticos (lascas, machados, afiadores, lâminas e pontas de projeteis), material ósseo, material vegetal carbonizado e amostras de sedimentos (solos antigos ou Terra Preta de índio-TPI). Todo esse acervo vem sendo recebido e estudado pelo Museu desde o final da década de 80.
História do Laboratório
O Laboratório/ Divisão de Arqueologia do Museu Amazônico foi originado em 1989, com objetivo principal de salvaguardar e expor a cultural material (artefatos) recebida por meio de doações de populares. No entanto, a criação do Laboratório não foi homologada na época em razão de não haver um servidor arqueólogo.
Diante desse cenário, o servidor Carlos Augusto da Silva, efetivo na Universidade, realizou um curso de Arqueologia de curta duração no Museu Paraense Emílio Goeldi e, junto com a Museóloga Jane Clotilde Cony e Custódio Rodrigues, ambos já aposentados, iniciaram as atividades da Divisão com os artefatos arqueológicos.Atividade de pesquisa
Em 1999, o Laboratório conquistou a sua primeira sala, nas dependências do Museu Amazônico, localizado na Rua Ramos Ferreira, Centro de Manaus. Em 2002, a Direção do Museu reaproveitou um prédio no campus universitário para dar andamento às atividades. O Laboratório de Arqueologia se consolidou efetivamente em 2003, para atender as demandas de pesquisas realizadas no Amazonas. A primeira delas foi do Projeto Piatam (Petrobras) e, posteriormente, ao Resgate Arqueológico da Praça Dom Pedro II e ao Resgate Emergencial do Sítio Nova Cidade (2004), ambos localizados na cidade de Manaus. Outros resgates arqueológicos de menores proporções também foram realizados nesse período.
Entre 2005 e 2009, o Laboratório de Arqueologia permaneceu fechado, embora em 2006 tenha tido sua coleção catalogada pelo projeto de Levantamento Arqueológico no Município de Manaus (Lama), promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A partir de 2009, as atividades foram retomadas através de vários projetos de pesquisa. Em 2013, foi assinado um convênio entre a Fundação Universidade Federal do Amazonas (FUA), com a interveniência da Transportadora Associada de Gás S/A (TAG) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para a construção do novo Laboratório de Arqueologia, que contou com a participação direta da professora visitante da UFAM, a arqueóloga Myrtle Shock. Em outubro de 2014, o prédio foi entregue ao Museu, consolidando, assim, um local adequado para pesquisa e guarda definitiva de parte dos bens arqueológicos provenientes de projetos realizados nos últimos 20 anos do Estado do Amazonas.
Espaço científico privilegiado
Com o novo Laboratório de Arqueologia, foram ampliadas as atividades de pesquisa acadêmica, envolvendo a realização de monografias, dissertações e teses e, principalmente, as atividades de extensão, realizadas a partir de exposições, mostras e palestras de educação patrimonial.
Urna Jauary restaurada pelo projeto `Arqueologia Regional e História Local no Baixo Urubu´Atualmente os trabalhos de campo (pesquisas arqueológicas) se concentram nos municípios de Itacoatiara, Silves, Presidente Figueiredo e na área urbana de Manaus. Também são realizadas ações de sensibilização junto às comunidades localizadas próximas aos sítios arqueológicos pesquisados, com base na educação e preservação do patrimônio.
A maioria dos pesquisadores do Laboratório de Arqueologia do Museu Amazônico são visitantes, provenientes do próprio Estado do Amazonas, e dos Estados do Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e, às vezes, estrangeiros. Atualmente o arqueólogo Luciano Souza é o responsável pelo Laboratório do Museu Amazônico. Ele é formado em Arqueologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), e Mestre em Arqueologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Dentre as dezenas de projetos de pesquisas, estão: Arqueologia Regional e História Local no Baixo Urubu (Itacoatiara, Amazonas); Alimentação, Manejo da Terra e Cultura: uma Abordagem Paleoetnobotânica da Pré-História Indígena no Nordeste do Estado do Amazonas - esse projeto colaborou para a realização de um sítio escola internacional, envolvendo estudantes do Brasil, Estados Unidos e Canadá; Inventário da Tecnologia Lítica do Laboratório de Arqueologia do Museu Amazônico.
Outro importante projeto de destaque é o de `Socialização da Coleção e Curadoria´ do material arqueológico proveniente dos resgates na linha do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, vinculado ao convênio firmado entre UFAM e Petrobrás, no qual resultou o recebimento do Prédio e a contratação de seis novos profissionais temporários de diferentes áreas (Arqueologia, Museologia e Conservação e Restauro) que realizam atividades no Laboratório.Pesquisadores (convênio FUA e Petrobrás)
O Laboratório de Arqueologia da UFAM conta com os seguintes parceiros:Petrobrás, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), IPHAN, Uatumã Arqueologia, Museu Paraense Emílio Goeldi, e Prefeitura do Campus da UFAM.
Para a diretora do Museu, professora Maria Helena Ortolan, “O Museu Amazônico, enquanto um Museu Universitário, ou seja, pautado pelo tripé Ensino-Pesquisa-Extensão, ao direcionar investimentos para ampliar o Laboratório de Arqueologia, avança academicamente na tarefa de consolidar a Arqueologia no Estado do Amazonas, viabiliza a formação de arqueólogos e promove a pesquisa arqueológica no estado amazonense e, sobretudo, na UFAM”.