O treinamento ocorreu no Auditório Paulo Burnheim, entre 20 a 27 de maio, com o objetivo de formar agentes de campo para o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI).

O ENANI é uma pesquisa científica para avaliar crianças menores de cinco anos quanto às práticas de aleitamento materno, de consumo alimentar, do estado nutricional, e as deficiências de micronutrientes. É a primeira vez que um estudo com essa profundidade é realizado no Brasil.

Serão visitados 15 mil domicílios de famílias em todas as regiões do Brasil, incluindo as zonas rural e urbana, com uma amostra de 123 municípios, objetivando coletar informações atualizadas da situação de alimentação infantil do país, fornecendo dados que irão subsidiar a orientação ou reorientação de políticas públicas voltadas para nutrição na infância.

Aconteceram no Brasil estudos com crianças, contudo estes obtiveram informações superficiais. O último estudo nacional foi realizado no ano de 2006, nomeado Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), já em 2013 houve a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) que produziu algumas informações sobre crianças, mas não aprofundou o assunto.      

“O diferencial desse estudo é o seu método. Estamos fazendo perguntas sobre alimentação de maneira qualitativa, o que a criança comeu ontem? E está fazendo pela primeira vez uma abordagem quantitativa que irá detalhar tudo o que a criança comeu no dia anterior, permitindo produzir indicadores muito mais completos sobre a alimentação dela. Além disso, vamos pesar e medir crianças, já fivemos isso antes, e a novidade muito importante é que pela primeira vez estamos coletando o sangue das pessoas por pulsão venosa (no braço da criança) , produzindo 12 marcadores bioquímicos em relação a nutrição dela. Desenhos como esses já foram feitos em alguns estados, mas não em nível nacional, daí sua importância”, aponta Inês Rugani Ribeiro de Castro, Coordenadora de Micronutrientes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O treinamento ocorrido na Ufam contemplou 5 estados do Norte que irão iniciar o trabalho de campo daqui algumas semanas. Um estudo complexo que expressará toda a sazonalidade em termos de alimentação no país.

“Dez estados já estão coletando dados há algum tempo, logo, teremos um estudo que anda como uma cascata: cada hora inicia um grupo.  Esperamos terminar o trabalho de campo até o início do ano que vem (2020) e posteriormente, até meados do segundo semestre, teremos os primeiros relatórios com dados preliminares para poder divulgar o  retrato da população brasileira”, finalizou Inês Castro.