Professora Izeni Farias apresenta vida dedicada à docência universitária em Defesa de Memorial
Com 29 anos de trabalho, a professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Izeni Pires Farias é a mais nova professora titular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A defesa do Memorial Acadêmico, requisito para a promoção funcional à classe de professor titular, foi realizada na sexta-feira, 17, no auditório professor Altair Fernandes dos Santos.
Com a presença de familiares, amigos e colegas de profissão, a professora Izeni Farias apresentou os quase 30 anos de vida dedicados à Universidade por meio de ações de ensino, pesquisa, extensão e gestão acadêmica. Com muitas contribuições ao longo dessas três décadas, a professora foi peça fundamental, por exemplo, na participação em projetos de financiamentos que ajudaram na aquisição de equipamentos importantes para manter a equipe do ICB à altura de outras universidades. “Eu fiz muitos projetos de pesquisa em rede, em colaboração com o colegas do Inpa e de outras instituições do Norte”, contou.
A docente também foi peça-chave para a formação de profissionais capacitados na área de genética animal, sua área de atuação. Outra contribuição valiosa da professora Izeni foi a criação da coleção de tecidos de genética animal, pioneira na época. Além disso, trabalhou para a criação dos cursos de pós-graduação da sua unidade. Mas o que mais satisfaz a professora é colaborar na formação de novos profissionais. “Para mim, uma das grandes contribuições, realmente, foi a formação de recursos humanos qualificados e de excelência que eu tenho espalhados por aí pelo Brasil”, disse. “O ensino não é só as disciplinas que são dadas em sala de aula, o ensino vai para a bancada, vai pro dia a dia com os estudantes, tanto da graduação quanto da pós-graduação. Então, eu tive muitos alunos de Pibic [Programa de Iniciação Científica], de estágio supervisionado, de monografias, que passaram no meu laboratório, sob a minha orientação, e que eu ajudei a formar. Hoje alguns deles estão na UFES [Universidade Federal do Espírito Santo], outros na Ufam, e também como pesquisadores do Inpa”, detalhou.
Com ingresso na docência universitária em 27 de dezembro de 1989, aos 25 anos, a professora revela que a busca por mais aprendizado foi o que a levou a voltar para a Ufam, Instituição onde cursou a licenciatura em Ciências Biológicas, desta vez como professora universitária. “Aqui você aprende que você nunca faz nada sozinho. Você trabalha em grupo, trabalha colaborando, e você tem que ser um pouco diplomático, porque as pessoas são muito diferentes, então, precisa saber lidar com a individualidade de cada um, do aluno até o pesquisador. É algo que tem que ter jogo de cintura e eu acho que essa diplomacia eu aprendi”, expôs. “Eu tenho um carinho e respeito muito grande pela Instituição e pelos colegas que participaram dessa minha jornada”, explicou.
Após a exposição sobre sua trajetória na Ufam, a Comissão Especial de Avaliação, formada por José Odair Pereira (presidente/Ufam); Pedro Manoel Galetti Junior, professor da Universidade Federal de São Carlos; professora Eliana Feldberg, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa); e professora Albertina Pimentel Lima, também do Inpa, teceram seus comentários acerca do Memorial da professora Izeni Farias.
De acordo com o professor Pedro Manoel Galetti Junior, o material retratou de maneira excelente uma carreira de sucesso como a da professora Izeni. O professor observou as coincidências envolvendo as escolhas da professora e as suas próprias, que também é um biólogo dedicado à genética animal. “Eu acho que todo mundo que vai pelo caminho da genética passa por esses trilhos”, disse o membro sobre a dúvida comum entre os biólogos geneticistas que ficam divididos entre estudar os peixes ou as demais espécies animais. “Você é uma pesquisadora e você se dedica à formação de novos pesquisadores”, comentou o avaliador.
Pedro Manoel Galetti elogiou a trajetória da professora Izeni dentro da Ufam, principalmente, no que se refere aos trabalhos em parceria com outras instituições. Galetti pediu que a professora expusesse um pouco da sua visão sobre a universidade pública e a contribuição desta para o país. “A universidade pública é o lugar de formação do professor pesquisador, do pensamento científico, do professor que forma desde os pequenininhos. Não consigo falar sem me revoltar com tudo isso. Mas não é a primeira vez que passamos por isso. As universidades públicas são fortes e vão superar este momento. O ensino vai continuar. Vamos continuar a fazer o que fazemos que é aprender, ensinar e ajudar”, declarou, ao mencionar a situação atual das universidades e institutos federais.
Em seguida, a professora Eliana Feldberg também comentou o trabalho da candidata à maior titulação dentro da carreira docente brasileira. Segundo Feldeberg, que participou ativamente em alguns dos projetos da professora Izeni, a docente do ICB proporcionou reviver importantes momentos na vida de ambas. “Obrigada pela oportunidade de memorizar junto contigo a tua história. Foi muito importante para mim também porque estive do seu ladinho”, contou. Feldberb destacou a importância da iniciação científica para a formação de pesquisadores. A avaliadora do Inpa observou que a professora Izeni ingressou na pesquisa por meio de um projeto de iniciação científica, o que, segundo ela, foi fundamental para introduzi-la àquela que seria sua característica principal como profissional. Eliana considerou ainda o papel influenciador da professora Izeni na formação de novos pesquisadores dada à vasta atuação como orientadora de projetos de iniciação científica. “O que eu vejo na Izeni é que essas asas que ela tem ela passa para os alunos dela”, ressaltou Feldberg o incentivo que a professora Izeni recebeu de uma de suas professoras para buscar crescer profissionalmente e que ao longo dos anos, como docente, transmitiu a seus estudantes.
Outro ponto destacado pela professora Eliana Feldberg foi o grande número de publicações da professora Izeni Farias. “Eu acho que aprendi uma coisa contigo: no momento que você faz parcerias, você cresce nas publicações”, concluiu a pesquisadora do Inpa ao falar sobre as pesquisas em rede feitas pela professora avaliada.
Já a professora Albertina Pimentel Lima salientou a cooperação presente nos projetos da professora Izeni com instituições menores dentro da Amazônia. De acordo com a avaliadora, tal iniciativa ajudou a fortalecer a pesquisa nessas instituições e no Amazonas. “Eu gostei muito de ter visto isso no seu trabalho”, falou. “Todo pesquisador deveria aprender a colaborar, que sozinho você não vai a nenhum lugar”, disse.
Por fim, o presidente da Comissão Especial de Avaliação, professor José Odair Pereira agradeceu aos membros por sua participação e comentários, elogiou o trabalho da professora Izeni e apresentou o parecer da Comissão: “A excelência que você atingiu só nos leva a uma conclusão: você está aprovada”, anunciou.
“Eu me sinto muito honrada de ter sido uma cria, uma estudante da Ufam e agora estar atingindo esse nível de titulação maior dentro dessa Casa que me formou. Pra mim, é uma satisfação poder estar retornando para a Universidade tudo que eu aprendi ao longo dessa carreira”, declarou a professora Izeni. “Eu vou continuar fazendo o que eu sempre fiz: formar recursos humanos. Eu tenho isso muito forte em mim, então, vou continuar a fazer pesquisa, ensinar, fazer o que sempre fiz. O que eu faço, eu gosto tanto de fazer que é prazeroso. Parar nem pensar. Tem muita coisa a ser feita ainda. Só tenho uma palavra para a Ufam: Agradecimento. Por ter sido a minha casa, onde eu fiz toda essa balbúrdia no ensino, na pesquisa e na extensão”, declarou a docente aprovada à classe de professora titular da Ufam.