Para pensar a Amazônia - Renan Freitas Pinto profere palestra em aula inaugural do PPGSCA
“Oralidade, memória e história na formação do pensamento social da Amazônia” foi o titulo da palestra da aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), proferida pelo professor titular da Ufam Renan Freitas Pinto. O evento ocorreu na última quarta-feira, 20, no auditório Rio Negro do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), Setor Norte do Campus Universitário.
Na mesa de abertura, estiveram presentes, além do palestrante, a coordenadora do evento, professora Elenise Scherer; a coordenadora do PPGSCA, professora Iraildes Caldas; e o diretor do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), professor Raimundo Nonato Pereira da Silva.
A coordenadora do PPGSCA, professora Iraildes Caldas, cumprimentou as autoridades presentes na mesa de abertura e, em especial ao professor Renan Freitas Pinto, destacando seu "papel como acumulador de teorias e formulador de estratégias para Amazônia na ciência e no pensamento". Iraldes Caldas explicou que a centralização temática na formação social do pensamento da Amazônia é o grande foco, é eixo principal na formação de mestres e doutores pelo Programa.
A docente disse estar feliz, em razão do resultado de pesquisa realizada pelo Programa, que o coloca o mais acessado no contexto global na internet quando os temas de interesse envolvem teses e dissertações relacionadas à Amazônia. Além disso, a professora disse que, noano passado, uma pesquisa realizada junto a 106 egressos dos últimos cinco anos apontou para um resultado muito positivo: "existe 100% de empregabilidade dos egressos do Programa".
Para a coordenadora do PPGSCA, o índice positivo é um fator muito motivador. “O Programa é o grande formador de recursos humanos para a Amazônia. Ao deixar o PPG, esses pesquisadores são imediatamente absorvidos pelo mercado de trabalho para compartilhar saberes”, ressaltou a coordenadora.
A palestra
Ao iniciar a conferência, o professor Renan Freitas Pinto garantiu que os autores mencionados na palestra foram os responsáveis pela construçãpo do seu modo de pensar acerca da Amazônia. "Isso vai desde as primeiras narrativas, no período colonial, como aquelas de Frei Gaspar de Carvajal, Padre Samuel Fritz, Padre João Daniel, missionários jesuítas que tiveram uma importante tarefa de explorar e identificar não apenas a Amazônia brasileira, mas uma região no sentido mais amplo", resgatou o docente.
O palestrante seguiu mencionando outros autores, tais como Leandro Tocantins, Theodor Koch-Grunber, Alfred Russel Wallace, Robert Chirstian Avé-Lallemant, além de outros tantos que expressaram seus conteúdos de acordo com o seu olhar sobre esta região. Para o ele, a oralidade e a memória estão presentes de modo subjaz em todas as obras por ele aprofundadas em suas investigações.
O Complexo da Amazônia
Renan Freitas Pinto destacou o escritor Djalma Batista, autor da obra “O Complexo da Amazônia: análise do processo de desenvolvimento”. "A obra chama a atenção pelo fato de formular conceitos de uma Amazônia complexa, sob todos os aspectos", destacou. De acordo com o professor palestrante, Benchimol acreditava na literatura como fundamento para entender a Amazônia, juntamente com a Biologia, a Geografia, a História... todas elas formam um conjunto de conhecimentos e saberes que devem ser religados. Essa por sua vez, disse o professor, está sob a visão de Edgar Morin, que nos permite ter um olhar satisfatório sobre a Amazônia.
Após breve apresentação dos autores, que ele considera emblemáticos e enfatizou a necessidade da leitura para a compreensão dos papeis da oralidade, da memória e da historia “na tessitura de nossos modos de pensarmos sobre nós mesmos dos campos culturais diversificados com os quais nós nos relacionamos”, continuou com um balanço crítico do que tem sido o desenvolvimento das Ciências Humanas na Amazônia.
Assim, o professor se permitiu aventurar em algumas ideias que poderão ocorrer em um futuro próximo, tal como "uma grande interrogação na atual conjuntura política brasileira, principalmente no que tange as universidades públicas brasileiras". Para o professor, a reconstrução do que tem acontecido nos últimos anos fez que compreendêssemos os avanços na adoção de instrumentos teóricos e conceituais e o refinamento do manuseio de novas ferramentas, entre as quais aquelas utilizadas nos estudos do passado, das tradições, das narrativas documentais e ficcionais da literatura como campo de desvendamento da história e das Ciências Humanas.
“Não será necessário insistir em reconhecer que os estudos pós-graduados nas Universidades, mesmo enfrentando a compartimentação das disciplinas e das linhas de pesquisas, têm consigo enfrentar e desamarrar o cercamento dos campos disciplinares ao se afirmarem diferentes condutas teóricas e conceituais. O exemplo mais evidente seja da contribuição dos estudos antropológicos desenvolvidos na Amazônia e que têm sido trazidos para a antropologia brasileira”, completa Renan Freitas Pinto.
O professor finalizou discorrendo sobre a importância dos Programas de Pós-Graduaçoes na Amazônia com a presença de mestrandos e doutorandos indígenas. Isso traz inovação no giro epistemológico, ou seja, é o momento quando subvertem a lógica epistêmica que fora responsável por instituir os próprios fundamentos desses campos do saber.
Sobre o pesquisador
Atualmente é professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Desenvolvimento, atuando principalmente nos seguintes temas: amazônia, pensamento social, história das idéias, desenvolvimento regional e trabalho feminino. Foi o criador de um núcleo de estudos sobre a Teoria Crítica com Ênfase na Obra de Theodor W. Adorno, a partir do qual se originou Projeto de Pós-Doutorado atualmente desenvolvido na USP, sob o Título: A Recepção de Theodor W. Adorno no Brasil, sob orientação do Prof. Dr. Wille Bolle. Possui graduação em Letras - Língua e Literatura Inglesa pela Universidade Federal do Amazonas (1969), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1982) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992).