Em seminário do Neai, pesquisador discute a relação entre o professor e o orientando indígena

Por Sebastião Oliveira
Equipe Ascom /Ufam

A Palestra “Etnologia indígena e indígenas etnólogos: experimentos Waiwai na região das Guianas” proferida pelo professor Carlos Machado Dias Junior, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/Ufam), dá início à série “Como eu faço Antropologia”.  O evento ocorreu na tarde de hoje, 14, na sede do Núcleo de Estudos da Amazônia (Neai), localizado na Faculdade de Direito (FD), Setor Norte do Campus Universitário.

O professor Carlos Machado Dias Júnior é também um dos coordenadores do Neai. Ele explicou que as ações foram experimentais e que são formuladas para transformar ideias em projetos. Para o pesquisador, esse é o momento de executar, pois, a partir das experiências acumuladas ao longo de dez anos no PPGAS, é possível concretizá-lo. Por conta disso, ele relatou suas experiências na orientação de um aluno indígena da etnia indígena Waiwai, Alexandre Aniceto de Souza Waiwai, mestre egresso do PPGAS.

De modo pontual, o professor relatou que o aluno indígena trouxe uma contribuição importante para o conhecimento que a Antropologia acumulou sobre os povos indígenas. “Pelo simples detalhe por ser um falante nativo da língua de seu povo. Quanto nós antropólogos trabalhamos com outros povos que falam sua própria língua, por mais que se esforçassem, muitas vezes conseguem dominar, entender e conversar um pouco, é muito diferente da sua língua materna”, comenta Carlos Machado.

Segundo o pesquisador, o povo Waiwai ocupa três grandes territórios indígenas no Amazonas, Pará e Roraima e parte do território da Guiana.  Isso corresponde a cerca de sete milhões de hectares, completou o coordenador. “A ideia de se pensar a presença indígena dentro das universidades, mais especificamente nos Programas de Pós-Graduações, tem sua importância”, frisou o professor, ao informar que os indígenas têm muitos conhecimentos para compartilhar.

“Esse é o grande diferencial da pós-graduação. Se hoje temos políticas para trazer os indígenas para o Programa,nós começamos isso  muito antes de terem sido implementadas as políticas de cotas nas Universidades.  Desse modo, o Programa já qualificou 33 indígenas’, disse o professor.

Segundo o coordenador, quando ele conheceu o povo Waiwai, estava na condição de pesquisador. Ao fazer parte do Programa, coloca-se em outra posição: de professor orientador. “Estou desenhando em um novo projeto que foca essa experiência e que possibilita fazer uma reflexão”, disse o docente. 

“De certa forma, estou voltando àquele universo de pesquisa, mas numa outra posição. Não mais na de pesquisador, mas na de um professor que orienta um indígena fazendo a pesquisa antropológica que um dia fiz um dia. Esse é meu ponto de partida”, finalizou o professor.        

Sobre o Neai

O Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) é um grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) e ao Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O NEAI congrega pesquisadores, professores e estudantes de diferentes áreas do conhecimento, que se dedicam ao estudo e pesquisas sobre temas e problemas relacionados aos povos e comunidades tradicionais.

Os resultados de suas atividades objetivam contribuir para o fortalecimento da pesquisa em Etnologia na UFAM e subsidiar atividades de ensino, extensão e intervenção. ONEAI desenvolve suas ações através de pesquisas coletivas e individuais, projetos de extensão, encontros, palestras, seminários, seções de estudo e cursos de curta duração.

De modo especial, o NEAI conta com a participação de estudantes indígenas interessados na reflexividade sobre seus modos de vida e de suas cosmopolíticas, contribuindo para a sistematização desses conhecimentos e a elaboração de teorias nativas expressas na publicação de textos monográficos e artigos científicos.

Mais informações sobre a palestra no site: hhttps://www.youtube.com/watch?v=9xGLcAKVIXc

 

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