Ufam participa da comemoração Jubileu de Diamante do Conselho Regional de Medicina do Amazonas

Por Cristiane Souza
Equipe Ascom Ufam

Médicos com mais de 50 ou 60 anos de formados receberam homenagem dos seus pares, assim como os ex-presidentes do Cremam nessas seis décadas.

Homenageados pelo Cremam em momento de confraternizaçãoHomenageados pelo Cremam em momento de confraternização

20 de dezembro de 1958. Nessa data nascia o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam), sob a gestão do presidente interino Osvaldo Gesta e abrigado nas dependências do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) da então Universidade do Amazonas (UA). Hoje, 60 anos depois, membros fundadores, ex-presidentes e associados com mais de 50 ou 60 anos de atividades profissionais recebem uma justa homenagem durante a comemoração do Jubileu de Diamante da autarquia federal.

A solenidade ocorreu na sede do Conselho Regional, localizada na Avenida Senador Raimundo Parente, 6, no bairro Alvorada, onde os homenageados receberam placas alusivas ao tempo de serviço prestado à sociedade pelo exercício da Medicina no Amazonas. O presidente do Cremam, José Bernardes Sobrinho, lembra saudoso a trajetória do Regional, fundado pouco mais de um ano depois de ter sido sancionada a Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, pelo então presidente da República e também médico Juscelino Kubitschek.

O reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, convidado para compor a mesa de honra da solenidade, enfatizou o papel da Instituição no sentido de sempre recompor os quadros na área. “Em mais de meio século de funcionamento do nosso curso, a Universidade Federal já formou mais de quatro mil médicos, não só para o Amazonas, mas para todo o País. Estamos muito satisfeitos de fazer parte dessa história, tendo funcionado o HUGV como a primeira sede do Cremam, ainda que provisória. Isso nos enche de orgulho”, apontou o reitor.

O professor Sylvio Puga ressaltou ainda o fato de que o vice-reitor da Universidade, professor Jacob Cohen, tornou-se conselheiro suplente do Cremam em outubro passado. “É importante sempre mencionar a atuação dele em projetos de grande relevo para a Ufam e para toda a sociedade, na área de Oftalmologia. O projeto de extensão do professor Cohen tem mais de 20 anos e, recentemente, ele atuou no alto Solimões, em uma ação destacada pela universidade”, disse. “É uma honra vermos nele essa grata aproximação entre a Ufam e o Conselho de Medicina, pois ele também é um dos dirigentes da nossa Ufam, nosso vice-reitor”, ressaltou.

Desafios da Medicina

Doutor José Bernardes Sobrinho iniciou seu terceiro mandato de presidente do ConselhoDoutor José Bernardes Sobrinho iniciou seu terceiro mandato de presidente do Conselho“O doutor Walter Dantas Góes, em seus relatos, fala das dificuldades enfrentadas à época para a estruturação das atividades médicas”, recordou o presidente do Cremam, ao ressaltar o tom de agradecimento aos colegas contemporâneos: “Vocês são os heróis da Medicina no Amazonas. Quando eu cheguei aqui, na década de 1970, eram 300 mil habitantes; nós trabalhamos em condições precaríssimas, mas sempre com muito respeito por todos. Esta homenagem é muito singela frente à grandiosidade do trabalho desta geração de médicos”.

José Bernardes Sobrinho já esteve à frente do Conselho Regional por dois mandatos, entre 2006 e 2008 e entre 2013 e 2018. Em outubro passado, o cirurgião geral e vascular foi novamente conduzido ao cargo de presidente da autarquia, cujo papel precípuo é o de fiscalizar a atividade profissional e julgar os atos médicos em todo o estado. Também professor aposentado, ele fala sobre a importante tarefa de acompanhar os quase cinco mil médicos em atuação. “Na capital estamos muito bem, com uma taxa de especialistas muito próxima de países como Estados Unidos e Canadá”, informou ele.

O desafio consiste ainda em fixar profissionais no interior do Amazonas, especialmente em cidades para onde o deslocamento é dificultado escassez de voos, por exemplo. “É complicado, porque o nosso estado é muito grande e o principal meio de locomoção é o transporte fluvial, que é muito lento”, disse ele, ao expor estratégias que seriam capazes de viabilizar a fixação de médicos no interior, como a implementação de uma carreira de Estado para esses profissionais, assim como acontece em outras áreas. Outra proposta seria a realização de cirurgias de pequena e média complexidade em polos nas situados nas mesorregiões e acessíveis para a população local.

 “Uma boa saída é a possibilidade de se criar, no interior, polos de atendimento para atender e operar útero, vesícula, hérnia, catarata, por exemplo. Na capital se concentrariam os procedimentos de alta complexidade, como cirurgia cardíaca, neurocirurgia, cirurgia vascular”, elencou o cirurgião. “Quando as condições são ideais, conseguimos executar um trabalho de excelência”, completou José Bernardes Sobrinho.

Dedicação integral

O ginecologista e obstetra maranhense Wallace Oliveira, com 89 anos de idade e 63 de formado, esteve em atividade até o ano passado. Presidente de honra da Academia Amazonense de Medicina e titular do CRM-AM 010, ele foi um dos homenageados da noite. “Nós fomos os primeiros médicos atuantes no Amazonas a fazer a inscrição no Conselho, logo após a criação do Cremam”, recordou ele, que se formou em 1955, na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. “Em Belém, eu morei na Santa Casa durante sete anos, enquanto fazia a graduação. Em 1956 eu vim para Manaus, onde construí toda a minha carreira”, conta o homenageado, que se aposentou das atividades como docente há dois anos.

“Eu lecionei na Faculdade de Medicina da Ufam [Universidade Federal do Amazonas] até o dia 23 de dezembro de 2016. Lá, eu fui professor de muita gente e, para mim, ter ajudado a formar profissionais excelentes é o maior legado que eu deixo. Os meus alunos sempre foram muito atenciosos, sempre loucos por aprender e eu louco por ensinar”, comemorou o mestre, que recebeu uma justa homenagem da turma egressa da antiga UA em 1973, em evento comemorativo realizado no último dia 29 de novembro.

Outra guerreira da Medicina é a polonesa Alina Sienkiewicz. Ao 93 anos e nada menos que 64 de exercício profissional, a pediatra também é formada em Teologia e faz parte da Irmandade Salesiana em Manaus. “Meu sonho sempre foi ser médica para atuar em missões, então eu me formei na Polônia, passei por Roma e vim para o Brasil em 1971”, relata a homenageada, que, ao chegar no Amazonas, atuou por três anos em Santa Isabel do Rio Negro, por 24 anos em São Gabriel da Cachoeira e durante outros 12 anos em Assunção do Içana. Ao todo, foram quase 40 anos dedicados à pediatria nos lugares mais remotos do estado, antes de retornar à capital amazonense e fixar residência no Patronato Santa Terezinha, onde vive até hoje.

Na verdade, não faltam exemplos de dedicação e entrega de todos aqueles que compuseram o rol de agraciados nesses 60 anos de Cremam. Ao todo, foram 42 médicos a receberem o reconhecimento pelo exercício profissional realizado por um período entre 50 e 67 anos depois de formados. Além disso, foram relembrados os serviços prestados pelos ex-presidentes do Conselho Regional entre os anos de 1958 e 2018.

Ex-presidentes homenageados

Dr. Osvaldo Leal Gesta (1958) in memoriam

Dr. Romualdo Seixas (1958-1959) in memoriam

Dr. Osvaldo Leal Gesta (1959-1962) in memoriam

Dr. Oswaldo Said (1962-1966) in memoriam

Dr. Arlindo R. Smith Frota (1966-1969) in memoriam

Dr. Walter Dantas Correa Góes (1969-1979) in memoriam

Dr. Ney Bahiense de Lacerda (1979-1983)

Dr. Walter Dantas Correa de Góes (1983-1985) in memoriam

Dr. José Wilson de Souza Cavalcante (1985-1988)

Dr. Edson de Oliveira Andrade (1988-1993)

Dr. Jorge Alberto Mendonça (1993-1998)

Dr. Álvaro Luiz Salgado Pinto (1998-2003)

Dr. Júlio Rufino Torres (2003-2006) in memoriam

Dr. José Bernardes Sobrinho (2006-2008)

Dra. Auxiliadora Brito de Lima (2008-2009)

Dr. José de Nazaré Valmont Francesch (2009-2011)

Dr. Jefferson Oliveira Jezini (2011-2013)

Dr. José Bernardes Sobrinho (2013-2018)

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