Ufam é única representante da Região Norte no I Congresso Brasileiro de Saúde em Libras, na Bahia

Por Crisitane Souza
Equipe Ascom

Realizado pela primeira vez, o Congresso Brasileiro de Saúde em Libras teve a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) como a única instituição participante da Região Norte. O evento ocorreu na cidade baiana de Juzeiro, entre os dias 22 e 24 de novembro, e foi sediado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Acadêmica do 6º período do curso de Letras – Libras da Ufam, Ana Francisca também é professora substituta do Departamento de Saúde Coletiva na Faculdade de Medicina da Ufam. Durante o evento, ela foi convidada a integrar a equipe de pesquisa em Saúde e Libras da Univasf, grupo que congrega a comunidade acadêmica dos diversos cursos de Saúde dos campi de Juazeiro e de Petrolina, Bahia.

Especialista em Saúde Funcional, a graduanda Ana Francisca abordou o tema central nas pesquisas “A Saúde Sinalizada - Acolhimento e Autonomia do Sujeito Surdo” e “A desconstrução da visão clínico-patológica de deficiente auditivo”. Os trabalhos foram orientados, respectivamente, pelos professores Fábio Stoller (surdo) e Lívia Gomes (ouvinte), ambos vinculados ao Departamento de Letras – Libras da Faculdade de Letras (DLL-Flet).

“Meu interesse surge da percepção de que não há acessibilidade linguística de informações básica de saúde para a pessoa surda, mesmo com legislações a esse respeito, como a própria Lei 8.080, que trata da universalidade, da integralidade e da equidade no atendimento. Como buscar formar de promover esses princípios básicos respeitando as características socioculturais e Língua oficial do povo surdo brasileiro? É essa inquietação me impulsiona”, assegura a discente Ana Francisca, ao revelar que essa é sua meta como pesquisadora.

Um novo olhar

Com o objetivo de sistematizar informações de saúde relativas aos temas “Outubro Rosa” e “Novembro Azul” que tenham sido disponibilizadas em Língua de Sinais Brasileira – Libras, a discente Ana Francisca desenvolveu o trabalho “A Saúde Sinalizada”. Nesse contexto das campanhas de prevenção e combate ao câncer de mama e ao câncer de próstata, a ideia foi verificar a existência – ou não – de mecanismos de promoção da autonomia do sujeito surdo, reforçando sua participação como corresponsável pela manutenção de sua saúde em geral.

“O trabalho sobre acolhimento e autonomia do sujeito surdo, a Saúde Sinalizada, na verdade, é um pequeno recorte da pesquisa de Iniciação Científica desenvolvida no PIBIC 2017-2018”, revela a autora, que, inclusive, foi agraciada com uma menção honrosa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) pela relevância da abordagem.

No âmbito da investigação orientada pela professora ouvinte Lívia Gomes, Ana Francisca trouxe ao debate a necessidade de finalmente ser superada a visão clínico-patológica que é construída em torno da imagem do “deficiente auditivo”.  Assim, uma visão pessoal foi lançada sobre o tema, de modo a demonstrar a ressignificação do discurso de profissional da Saúde ao ingressar num curso de graduação da área de Ciências Humanas. “Este trabalho nós fizemos na disciplina Análise do Discurso, no próprio curso de Letras – Libras”, informa a discente.

“Eu trazia da primeira formação os conceitos de normalidade e de comunicação padrão, ou seja, a fala oralizada. Trata-se de uma visão biologista que desconsidera os aspectos socioculturais do sujeito. Por isso, antes de ingressar no curso de Letras – Libras, eu percebia o surdo como uma pessoa deficiente que precisava ser reabilitada na fala dita ‘normal’. Ao ingressar nesta graduação, enxerguei a riqueza contida no uso da Língua Brasileira de Sinais, com seus aspectos socioculturais alicerçados na visualidade, com diferença apenas na modalidade de Língua”, esclarece a pesquisadora e autora dos trabalhos.

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