Projeto Pé-de-pincha da Ufam participa de publicação na Revista Nature Sustainability

A publicação foi escrita por professores da Ufam e demais universidades e ressalta o empenho de comunidades na preservação e conservação de quelônios na Amazônia

Por Paulo Andrade - Projeto Pé-de-pincha
      Ismael dos Santos - Equipe Ascom

O trabalho de proteção de tartarugas e tracajás realizado pelas comunidades ribeirinhas, e incentivado e apoiado pelo Projeto de extensão da Ufam Pé-de-pincha, recebeu nesta semana o reconhecimento internacional ao participar de artigo publicado na importante revista científica Nature Sustainability, periódico mensal e exclusivamente on-line que publica as melhores pesquisas sobre sustentabilidade.

No artigo, os efeitos da conservação de recursos naturais de base comunitária na recuperação e aumento dos ninhos e filhotes de quelônios, nas praias monitoradas por comunidades da reserva extrativista do Médio Juruá e Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari, realizado há mais de 40 anos (Acesse o artigo em inglês).

A Ufam começou a acompanhar essas atividades a partir de 2001, inicialmente com a cooperação institucional do Ibama, e a partir de 2007, com apoio do ICMBio e do Departamento de Mudanças Climáticas e Unidades de Conservação (Demuc) da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).

“As ações de proteção de ninhos e filhotes de tartarugas, tracajás e iaçás, realizadas pelas comunidades ribeirinhas da Amazônia, são responsáveis pela proteção de mais de 80% das áreas de reprodução destes animais e já ajudaram a devolver a natureza mais de 5 milhões de filhotes em 118 comunidades do Amazonas e Oeste do Pará, nos últimos 20 anos” afirma o coordenador do Projeto Pé-de-pincha, professor Paulo Andrade, da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), e um dos autores do artigo, escrito em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas e das universidades inglesas de East Anglia e Anglia Ruskin.

Ainda para o docente “o Governo Federal, por meio do Projeto Quelônios da Amazônia do Ibama, já realizava a proteção das praias de desova das tartarugas desde 1979. Mas foi a partir dos anos 1990 que ações mais efetivas de conservação e monitoramento de base comunitária começaram a atuar na gestão compartilhada dos recursos naturais, por meio de iniciativas como os Acordos de Pesca e o programa de agentes ambientais voluntários, criados pelo Ibama, e que tiveram muita relevância na proteção ambiental na Amazônia”.

O Projeto Pé-de-pincha da Ufam é uma dessas iniciativas, e surgiu em 1999 justamente de uma parceria institucional com o Ibama e comunidades. No Médio Juruá, as ações de proteção recebem, além da participação das comunidades, o apoio dos órgãos ambientais como Sema e ICMBio, bem como o importante papel de organização e mobilização feito pelas associações locais, como a dos Moradores da RDS Uacari (Amaru), dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), dos Moradores Extrativistas da Comunidade de São Raimundo (Amecsara) e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).

Nas praias protegidas pelas comunidades, onde estão milhares de ninhos de tracajás, tartarugas e iaçás, os monitores, ou agentes ambientais voluntários, protegem, também, gaivotas, corta-águas, bacuraus e outras aves que constroem ninhos nestes locais. O artigo ressalta que nas praias protegidas é possível encontrar muito mais mamíferos, répteis, aves, insetos, peixes, jacarés e até peixes-boi, do que em praias que não recebem proteção. Isso mostra a relevância dos serviços ambientais prestados por esses monitores ribeirinhos aos ecossistemas de praia e aquáticos dos rios da Amazônia (Acesse o vídeo).

O artigo da revista Nature Sustainability foi matéria de um portal de notícias (Leia mais).

Sobre o projeto

O Pé-de-pincha é um programa institucional de extensão da Ufam, com a coordenação de professores da FCA e do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e que em 2018 capacitou 33 acadêmicos voluntários dos cursos de Zootecnia, Biologia, Engenharia Florestal, Agronomia, Engenharia de Pesca, Ciências Naturais, Letras e Química, para atuarem em mais de 96 comunidades de 15 municípios do Amazonas e Pará, protegendo esse ano, mais de 10.000 ninhos e 158.000 ovos de quelônios. Estiveram envolvidas diretamente nessas ações mais de 6.370 pessoas nas comunidades. Em janeiro de 2019, o Pé-de-pincha completará 20 anos (Saiba mais sobre o projeto).

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