Ufam sedia encontro da Associação Brasileira de Psicologia Social

Professora Cláudia SampaioProfessora Cláudia Sampaio
 
Por Carlos William
Equipe Ascom

Com a finalidade de promover intercâmbio de conhecimentos e espaços de diálogos referentes a práticas profissionais humanitárias, a Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Amazonas (Fapsi/Ufam) promoveu na tarde da última segunda-feira, 22, a segunda edição do Encontro local do núcleo manauara da Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso). Palestras e debates ocorridos no auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), setor Sul do Campus Universitário, compõem a programação baseada no tema ‘Ética, Psicologia e Direitos Humanos’.

Proferida pela docente da Fapsi e pesquisadora do Laboratório de Intervenção Social e Desenvolvimento Comunitário (Labins), professora Cláudia Sampaio, a palestra de abertura apresentou o questionamento ‘Ética, Psicologia e Direitos Humanos: O que temos a ver com isso?’ como ponto de partida a ser explanado. Indicados como importantes referenciais para a composição do arcabouço teórico necessário ao estudante de Psicologia, os princípios norteadores classificados por Ignacio Martin-Baró como cruciais para a formulação de uma Psicologia da libertação foram expostos.

O primeiro é o resgate histórico utilizado para compreender o presente e suas respectivas demandas; o segundo princípio é o processo de ‘desideologização’ do senso comum, que consiste em uma reflexão sobre as etapas, vinculações e condicionantes dos processos psicossociais e das formas como se colocam, para além do posicionamento incorporado pela maioria. O terceiro tópico trata da valorização das culturas e dos saberes populares, para proporcionar a manutenção da democracia.

“Podemos entender essa valorização como um reconhecimento do potencial de atuação das culturas populares, sem as quais os regimes democráticos não seriam possíveis”, traduziu a docente. E esta linha de pensamento pautada na relevância de poderes descentralizados, controlados pelo povo, acompanhou o desenrolar da abordagem, que revela a não dissociação entre Psicologia e Política.

Avanços e retrocessos

Professores Luiz Antônio Nascimento e João TayahProfessores Luiz Antônio Nascimento e João Tayah“Em momentos políticos passados, principalmente ditatoriais, a Psicologia era muito mais direcionada ao setor privado, com a construção de clínicas pelo objetivo de acumular lucros e questões sociais não eram consideradas, como a inserção da prática psicológica em comunidades que não teriam acesso ao tratamento pago”, explicou Cláudia Sampaio, ao ressaltar que a inserção dos direitos humanos na Psicologia demarca uma época em que parte majoritária dos profissionais não considerava o respeito às diferenças e o cuidado com a pessoa humana como promoção de saúde e atenção ao sofrimento.

Como exemplo de avanço histórico neste sentido, a despatologização de orientações sexuais e identidades de gênero, aprovada em 1999, foi relembrada. A partir da aprovação, a diversidade sexual deixou de ser considerada como problemática ou consequência de algum distúrbio, do ponto de vista psicológico.

Em relação à segurança pública e aplicação de direitos humanos no estado do Amazonas, o sociólogo e docente do curso de Ciências Sociais da Ufam, professor Luiz Antônio Nascimento narrou um texto argumentativo, de cunho crítico, de sua própria autoria. O manuscrito analisa a conjuntura do país, retratada como preocupante, por ser “comum o entendimento de que violência e poder sejam humanos. A violência seria nada mais do que a expressão maior da manifestação do poder. Mas parece que este entendimento é equivocado, na medida em que violência e poder são conceitos distintos, ainda que possam caminhar juntos. O equívoco está em não perceber que o poder pode recorrer à violência, como estratégia para sua própria manutenção”, conforme consta no documento.

Os parágrafos finais sugerem maior transparência e humanização das polícias, que não mais deveriam ser militares, segundo as considerações do professor, além do aprimoramento da Educação de base como forma de combate às raízes da violência, não apenas às consequências, como tenta fazer o sistema carcerário deficiente atuante em todo o País.

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