Fórum permanente aborda a questão da governabilidade no Brasil no Amazonas

Por Cristiane Souza 
Equipe Ascom
 

Microempresário Cristóvam LuizMicroempresário Cristóvam Luiz

A tarefa de apresentar o tema 'Vícios de Governabilidade' a partir de diversas nuances ficou a cargo do microempresário do ramo metalúrgico Cristóvam Luiz. A exposição ocorreu na última quinta-feira, 9, na sala de reuniões da Câmara de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Amazonas (Proext/Ufam), com a participação de membros da comunidade acadêmica e de pessoas da comunidade externa.

A proposta de trazer para a Academia temas atuais e que estão no cerne da discussão econômica, política e social tem sido alcançada pelo Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas, conforme conclui o anfitrião do evento, pró-reitor de Extensão da Ufam, professor Ricardo Bessa. Segundo o gestor, além de apresentar subsídios teóricos, a equipe pretende avançar na elaboração de relatórios e projetos que compilem as temáticas. “O intuito é contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Estado de maneira efetiva”, disse.

A respeito do tema abordado pelo orador da sessão, ele pinçou uma lista de aspectos que caracterizam a governabilidade no País e no estado, apresentando e exemplificando uma série de vícios históricos. “Para termos uma ideia, os ‘pequenos favores’ tiveram início já no que nós conhecemos como a Certidão de Nascimento do Brasil, que foi a carta de Pero Vaz de Caminha. No texto, ele pede ao monarca português que ‘arranje’ um cargo para um de seus genros”, citou o Cristóvam Luiz, ao recordar ainda que, na mesma carta, é possível perceber a subserviência em relação aos poderosos.

“Até hoje”, alertou o orador, “vivemos com as marcas dessa forma de enxergar a classe política, seja solicitando favores, seja demonstrando servilismo em relação à classe política”. Desse tronco comum é que nascem muitos dos vícios de governabilidade que permeiam a relação do brasileiro com o “Poder”, dentre os quais o orador citou a corrupção (lato e stricto sensu), o nepotismo, assim como a governança descolada dos interesses sociais e à serviço de interesses pessoais e escusos.

Segundo discorreu ele, a classe política brasileira – da mesma sorte, a amazonense – “têm protagonizado um sem número de escândalos envolvendo a dilapidação do patrimônio público. Diante desse cenário, qual é o papel da população?”, questionou. Para Cristóvam Luiz, a saída está em implementar medidas eficazes de combate legal aos vícios, reduzindo o histórico de impunidade para os crimes contra o erário e contra os próprios brasileiros.

“Além disso, é preciso que, nos espaços de discussão qualificada, como as universidades, sejam elaboradas propostas para modificar o atual cenário de dilapidação dos recursos públicos, de escândalos e de descrédito em que caiu a classe política do País”, completou. Segundo ele, o Fórum Permanente tem alcançado um lugar de destaque nesse objetivo de promover debates necessários e urgentes para a promoção do desenvolvimento regional.

Alienação cultural

A programação do dia 9 de agosto teve a reprodução de um vídeo, editado pela TV Ufam, em que o professor e jornalista Ribamar Bessa palestra sobre o tema Alienação Cultural. Em primeiro lugar, o amazonense traçou a distinção entre diferentes formas de alienação.

“No direito, o termo está ligado à perda do direito sobre bens, transmitindo para outra pessoa a propriedade ou o direito. Esse termo, na seara política, é usado para designar uma situação em que alguém abre mão do direito de agir, de reivindicar, de se organizar e de apresentar soluções. Essa pessoa, alienada, espera que outros resolvam as questões, pois renunciou voluntária ou involuntariamente direitos e deveres que eram seus”, explicou Bessa.

Em relação à Filosofia, segundo ele, a alienação ocorre quando a criação humana escapa ao seu criador, deixando o indivíduo alienado de ser alguém, passando a ser subjugado pelo seu próprio produto. “Ele é a própria coisa. Assim, ao invés de o indivíduo ser agente ativo, ele passa a ser mera peça, possível de ser manobrada por quem tem os meios para isso”, disse.

Já na Economia Política, o homem alienado se torna escravo do objeto que produz. “Ou seja, quem produz não poderá usufruir do produto do seu labor”, apontou o palestrante no vídeo cuja temática em muito se relacionou com a exposição realizada por Cristóvam Luiz.

Em inserção na qual analisou a abordagem feita pelo palestrante Ribamar Bessa, o diretor de Extensão, professor Almir Menezes, que também é professor de Sociologia e advogado, pontuou que há diferentes formas de alienação que vivenciamos no contexto regional, tais como os grandes projetos de desenvolvimento traçados pelos diferentes governos.

“A Zona Franca, por exemplo, não consegue mais suprir nossas necessidades de desenvolvimento, de modo que é importante o reconhecimento e o emprego de formas de conhecimento mais autóctones (nativas, da região) a fim de se estabelecer estratégias próprias e menos dependentes”, sugeriu o docente.

BCMath lib not installed. RSA encryption unavailable