Alienação institucional é a tônica do Fórum Permanente para o Desenvolvimento do Amazonas

Fórum Permanente para o Desenvolvimento do AmazonasFórum Permanente para o Desenvolvimento do AmazonasPor Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom

O vídeo ‘Cultura, Conscientização e Alienação na Amazônia’, de José Ribamar Bessa, e o artigo ‘O cidadão da Amazônia: a busca da identidade perdida’, de autoria do titular da Pró-Reitoria de Extensão (Proext), professor Ricardo Bessa, foram os referenciais para iniciar a discussão proposta pelo próprio pró-reitor no Fórum Permanente para o Desenvolvimento do Amazonas. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 20, na Sala de Reunião da Proext no prédio da Administração Superior, localizado no Setor Norte do Campus Universitário.

Compreender o processo de alienação na Universidade foi o objetivo principal da palestra que reflete os processos de alienação em nossa atualidade. Assim como no vídeo, o artigo desencadeia o tema discutido na Academia, pontuando o processo de alienação na Amazônia.

No seu conteúdo, exemplifica uma propaganda produzida na década 1980, do século passado, em que veiculada por uma emissora local, introduz elementos ficcionais de sedução, satisfação e beleza por uma modelo loira de olhas azuis que depois de beber um copo de guaraná passava a esboçar um sorriso de satisfação e prazer. Em contraposição a etnia dominante amazônica, a propaganda anuncia: “Tuchauaa, o guaraná que produz a beleza da mulher amazonense”.   

O artigo apresentado na Universidade de São Paulo, com o título 'O Ensino da História e a alienação naPró-reitor de Extensão, professor Ricardo BessaPró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa Amazônia', e em Portugal, na Fundação Caloust Gulbenkian, pela comemoração dos 500 anos do 'Descobrimento' foi apresentado também na “Conferência Amazônica e a Crise da Modernidade”, em setembro de 1993, na cidade de Belém (PA).         

O professor, que também é Historiador, assegura que a alienação no contexto institucional é um reflexo social e, para tanto, é necessário ter coragem para tal exposição. Bessa justifica seu posicionamento, afirmando que a ausência de uma identidade amazônica é o principal fator, e coloca a Universidade como objeto de estudo que, na atualidade, prioriza conteúdos importados de manuais que já foram superados por outras universidades brasileiras.

A Universidade e a cidadania

O professor Ricardo Bessa traz a reflexão, evidenciando o quanto estamos bombardeados pela mídia sem criticidade dos conteúdos. Ele questiona a ausência de consenso quanto à valorização do aspecto étnico amazônico na Universidade que, após mencionar uma propaganda institucional, na qual aparece uma fotografia de um menino loiro de olhos azuis no outdoor contendo a seguinte frase: “Nem todo mundo nasce com o bumbum pra lua”.

“A Universidade tem como princípio fundamental formar, forjar a cidadania”, afirma o pró-reitor e questiona essa realidade: “Qual é o papel da Educação em qualquer sociedade?  Desenvolver a cidadania, a criatividade, desenvolver a autonomia intelectual e produzir novos conhecimentos sob sua realidade para resolver os problemas concretos da sociedade”, conclui.  

A Ufam está divorciada desses objetivos. Conforme o pró-reitor, citando o historiador Leôncio Basbaum, que ilustra em seu livro “Alienação e humanismo”, de 1981, o desenho animado produzido por uma televisão paulista para a empresa Sadia, de um porquinho pulando corda e, ao mesmo tempo, travando um diálogo com um boi, o qual dizia: “Preciso ficar forte e sadio; vou ser salsicha”. E o boi respondia: “Eu preciso também, ora!”, disse Bessa que define alienação no contexto social e, indo mais além, quando tipifica ações exclusivas reverberadas na Ufam.

Pensamento etnocêntrico sobre a Amazônia

Desde as observações dos primeiros conquistadores na Amazônia, que detectavam quanto ao curto horário de trabalho dos indígenas, os qualificam como indolentes e despreparados para o mercado mundial. Para os conquistadores, segundo Bessa, o que consistia a felicidade era gerar renda através do trabalho, considerado pelo professor como a verdadeira alienação, impedindo compreender a inserção indígena no mercantilismo da época. “O homem amazônico, antes de ser dominado pelo invasor, era cidadão na sua plenitude”, disse o professor. 

Bessa cita ainda o historiador amazonense Arthur Reis que, numa visão heurística, positivista, desconhece a lógica e o funcionamento do modo de produção primitivo dos índios, desconsiderando a inexistência de mercado para eles. Em sua análise, o pró-reitor repudia as posições do historiador sob o ponto de vista teórico e metodológico, mas reconhece a importância de sua pesquisa sobre a Amazônia.

“A alienação é um mal para nós todos. Ela está empregnada na Universidade. Na própria sociedade muitos amazonenses negam sua identidade indígena, tem vergonha de ser o que é. Sabe, o por quê?  Desconhecem a contribuição do indígena para a formação cultural da Amazônia”, disse o professor

professor Alcebiades Oliveiraprofessor Alcebiades OliveiraOpiniões

Para o professor Alcebiades Oliveira, seria interessante para todos que Ricardo Bessa tivesse representação numa sessão de estudos sobre a temática em que irá contribuir com competência devido aos equívocos de entendimento dos movimentos de rua que não conseguem com competência indicar um caminho saudável.

Diante dos efeitos da alienação, o titular da Pró-Reitor de InovaçaoPró-reitor de Inovação Tecnológica, professor Waltair Machado Pró-reitor de Inovação Tecnológica, professor Waltair Machado  Tecnológica (Protec), professor Waltair Machado fez uma provocação ao dizer que “nós não temos sido outra coisa que sermos alienados durante décadas em relação aos destinos da região”, completa.

O professor do departamento de Ciências Sociais, Almir Menezes retrata sua preocupação quanto ao fortalecimento do processo de alienação que, segundo ele, há poucos interlocutores, em razão da envergadura do tema.      

 

       

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