Pesquisadores debatem a contribuição da agricultura para o desenvolvimento do Amazonas

“Precisamos usar a agricultura para solucionar problemas ambientais, não sustentar problemas ambientais como desculpas para estagnar a agricultura”, afirma o palestrante Edson Barcelos

Por Carlos William
Equipe Ascom Ufam

Diretor da Fapeam, Edson barcelosDiretor da Fapeam, Edson barcelos

Para dar início ao debate promovido pela Pró-reitoria de Extensão (Proext), com o objetivo de discutir realidades regionais e direcionar os conhecimentos produzidos na Academia ao benefício da sociedade, o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Edson Barcelos abordou ‘A contribuição da agricultura para o desenvolvimento do estado do Amazonas’ na tarde desta quinta-feira, 12, na sala de reuniões da Câmara de Extensão da Universidade, localizada no terceiro piso do prédio da administração superior, setor Norte do Campus. A atividade é parte do cronograma do Fórum permanente realizado pela Proext, semanalmente.

Pesquisas fomentadas

No intuito de contextualizar os participantes em relação ao atual cenário de concessão de bolsas de iniciação científica (graduação), de mestrado e de doutorado (pós-graduação), Edson Barcelos expôs mapeamentos gráficos e organogramas indicadores de valores e de áreas do conhecimento contempladas com maior frequência. Segundo os dados apresentados, 75% dos recursos financeiros alocados pela Fapeam (cerca de R$ 495.745 mi) são destinados à formação de pessoas, com destaque acentuado para as bolsas de auxílio que subsidiam pesquisas estudantis e custos adicionais com que os graduandos nem sempre têm condições de arcar.

No Amazonas, a área com maior quantidade de projetos de pesquisa aprovados e financiados é a de Ciências Humanas e Sociais, totalizando 620 submissões para mestrado. Já as teses de doutorado ocupam maior espaço nas Ciências Biológicas, com 223 bolsas distribuídas entre instituições de pesquisa amazonenses.

O diretor da Fapeam defendeu a utilização de mecanismos que incentivem uma participação mais efetiva de outras áreas científicas, além da elaboração de análises das necessidades de mercado adaptadas às limitações (ou vantagens) amazônicas, para então contribuir de modo coletivo e interdisciplinar com o desenvolvimento da Região. “A identificação de demandas é o que impulsiona a criação de novos editais, porém precisamos nos questionar sempre se estamos identificando as demandas corretas, para evitar que os futuros profissionais sejam desempregados e deixem de atuar na profissão ou linha de pesquisa que escolheram”, justificou o gestor, ao explicar que as ações da Fundação são voltadas, principalmente, para a formação e capacitação de recursos humanos, além do fomento à pesquisa, tecnologia e inovação.

 

Setor primário e desenvolvimento

Membros da comunidade acadêmica prestigiaram o eventoMembros da comunidade acadêmica prestigiaram o eventoA hipótese levantada por Edson Barcelos em relação ao tema do Fórum é apresentada por meio do questionamento inicial: “Pode o setor primário contribuir de forma sustentável para o desenvolvimento da Amazônia?”. A resposta é variável de acordo com as condições vivenciadas pelos produtores locais, isentos, em sua maioria, de tecnologias agregadas à agricultura para aprimorar o plantio, a colheita e, consequentemente, as vendas e exportações em larga escala.

“O avanço do setor primário é um assunto complicado. Poucos recursos são destinados à causa, por parte dos dirigentes estatais, os produtores são descapitalizados e não conseguem adquirir aparatos tecnológicos. Outro problema é a burocracia exacerbada exigida no caso amazonense. Muitos potenciais compradores desistem de fechar negócio, devido à infinidade de licenças e outras dificuldades que atrasam o processo”, observou Barcelos, de forma crítica.

Para além dos objetivos de exportação e de crescimento unicamente econômico, a autossuficiência local é classificada como prioritária, no sentido de desenvolver a capacidade de manter o estado com determinados produtos, tal como ocorre com o cultivo de frutas cítricas, especialmente a laranja. Sua produção garante 19 toneladas por hectare explorado, atualmente. “Melhorando a adubação, o adensamento e o controle de pragas, chegaria a 35 toneladas por hectare”, calculou Edson Barcelos. E não para por aí. A banana é também um produto que contribui para o empoderamento da Economia nortista, sendo colhidas oito toneladas por hectare. A aplicação de fungicidas na axila da planta faria o dado saltar para 24 toneladas por hectare. Açaí, Tambaqui, Abacaxi e palmito de pupunha são outros exemplos que, com tecnologias e métodos específicos incluídos na produção, seriam otimizados em quantidade e qualidade.

De acordo com informações levantadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Amazonas possui 3.817 mi de hectares em campos já desmatados, o que corresponde a 2,4% da nossa reserva florestal. O desafio que deve ser incorporado por moradores e pesquisadores, conforme pontuou Barcelos, é o de explorar as áreas desmatadas e evitar desgastes e queimadas futuras. O orador finalizou afirmando que “precisamos usar a agricultura para solucionar problemas ambientais, não sustentar problemas ambientais como desculpas para estagnar a agricultura”.

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