Artigo sobre Internato Rural da Ufam é publicado em revista científica em saúde
À dir., Ricardo Martins em atividade do internato rural em Rio Preto da Eva.A Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde publicou artigo produzido por estudante da Faculdade de Medicina da Ufam sobre a experiência de promover saúde pública no interior do Amazonas. O material foi publicado na edição 201, de 2018. Acesse o documento em anexo.
Ricardo Martins era estudante do curso de medicina e, junto com os professores Rosana Moysés, Wilderi Sidney Guimarães e Celsa Souza, assina o artigo “Internato de Medicina preventiva e social: a formação médica no Amazonas para o trabalho no Sistema Único de Saúde brasileiro”, publicado no periódico da Universidade Federal do Espírito Santo. Seguindo o modelo de relato de experiência, o documento registra como foi praticada a medicina preventiva em Manaus e em Rio Preto da Eva durante o internato na edição realizada entre 22 de fevereiro e 24 de junho de 2016. “A publicação é muito relevante porque conta a vivência do internato rural pelo relato do interno. O diferencial do artigo científico é que descreve atividades de promoção da saúde voltadas para as necessidades da comunidade”, revela a docente Rosana Moysés.
“Todos contribuíram com sua visão do internato tanto do ponto de vista discente e docente, quanto da formação e experiência profissional de cada um; são pensamentos e perspectivas complementares”, informa o agora egresso da Faculdade de Medicina (FM).
O artigo apresenta iniciativas realizadas pelos internos Ricardo Martins e Sildomar Queiroz e demais profissionais que compunham a equipe multidisciplinar das Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos municípios pesquisados. Atuando principalmente nas ações de promoção da saúde, os estudantes desenvolveram atividades como à “Caça ao Mosquito”, onde alunos de 2º e 3º anos do ensino fundamental eliminavam focos do Aedes Aegypti na escola selecionada. Outra atividade buscou mostrar os mitos e verdades sobre educação sexual para adolescentes e jovens do ensino médio. Além disso, eles orientaram mulheres atendidas nas UBS sobre como prevenir o câncer de colo de útero. “Publicando as nossas experiências tornamos as atividades e ações passíveis de replicação, outras pessoas podem realizar e, assim, mais usuários serão beneficiados. Além disso, mostramos para a comunidade científica o que fazemos aqui, no Amazonas, já que nem todos conhecem nossos trabalhos”, enfatiza o egresso.
As ações de promoção à saúde capacitam a população sobre conceitos em saúde e favorecem a mudança de hábitos, fator importante tanto para a conservação quanto para a recuperação da saúde.
Público participa de Dinâmica Mitos e Verdades sobre vacina contra a gripe.“Sempre fui muito próximo da Medicina de Família e Comunidade, desde o 2° período já participava de projetos de extensão em cidades do interior. Posso dizer que sempre estive na ponta, próximo do usuário. O internato rural reforçou essa necessidade de ser mais humano, de entender o contexto do usuário e como tudo aquilo influencia no seu estado de saúde, de me adaptar para falar sobre saúde com pessoas muitas vezes analfabetas, de entender e respeitar sua cultura, de perceber que o sujeito ativo sobre sua saúde era o próprio usuário e de ir além para cuidar e não apenas prescrever”, conta Ricardo.
Internato Rural – a medicina além do receituário
A cada quatro ou cinco meses um grupo de aproximadamente 50 alunos dos 9°, 10°, 11° e 12° períodos do curso participa de uma nova edição do internato rural divididos em várias cidades no interior do Amazonas, com prioridade para os municípios onde a Universidade possui sede permanente como Coari, Benjamin Constant e Humaitá. “O internato é importante para que o futuro médico saiba que a saúde vai além da doença em si, que é necessário considerar a pessoa, com seu contexto e comunidade. O internato é focado na atenção básica à saúde, onde os alunos aprendem a necessidade da prevenção para qualidade de vida e saúde”, declara o professor Wilderi Sidney Guimarães.
“O internato rural é uma experiência única, eu sempre reforço sua singularidade. Não tem como o graduando passar por isso e continuar com a mesma perspectiva de uma formação ‘hospitalocêntrica’. O progresso da saúde está na atenção básica, em ações de promoção de saúde e prevenção de doenças e isso vivemos intensamente e dentro da comunidade”, defende Ricardo.
Segundo o preceptor, no caso dos estudantes Ricardo e Sildomar Queiroz, a experiência rendeu frutos além do esperado, pois eles chegaram a realizar ações que cabia ao Estado, como capacitar todos os enfermeiros do município sobre acolhimento. “E, com isso, impactaram aquela realidade, deixando um legado imaterial significativo não somente para a UBS visitada, mas também para a comunidade vizinha e município atendido”, disse o professor Wilderi sobre o então estudante do 10º período do curso de medicina da Ufam.
“Tudo partiu da necessidade dos usuários e do município, nosso público-alvo, e da ideia de não apenas cumprir uma obrigação, um estágio curricular obrigatório, mas fazer a diferença como universidade e como profissionais de saúde”, finaliza Ricardo Martins.