Congresso debate soluções para a saúde pública em meio à crise brasileira

Por Sandra Siqueira
Equipe Ascom 
 

Estudantes da rede municipal tocam o Hino Nacional em instrumento de lataEstudantes da rede municipal tocam o Hino Nacional em instrumento de lataA saúde pública e a democracia brasileira ocuparam lugar de destaque na noite de abertura do 13º Congresso Nacional da Rede Unida, na quarta-feira, 30, no auditório Eulálio Chaves, Setor Sul do Campus da Ufam. Realizado pela primeira na região Norte, o evento reuniu mais de três mil pessoas, entre gestores, pesquisadores e sociedade, para debater a saúde no Brasil em diversas atividades até sábado, 2 de junho.

Promovido pela Associação Brasileira Rede Unida, a edição de 2018 do evento que abordou os principais problemas da área da saúde no Brasil com o tema “Faz escuro, mas cantamos: redes em re-existência nos encontros das águas”, propondo o debate acerda da saúde, da educação, da arte e cultura, da participação cidadã, da gestão e do trabalho em saúde na perspectiva do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Na solenidade de abertura, que trouxe um pouco da cultura e arte amazônica, o presidente do Congresso, Rodrigo Tobias declarou ser momento de união para enfrentamento das mazelas políticas e que o evento realizado se constitui no cenário para que, através do encontro de ideias, de pessoas e de instituições, ocorra a mudança na saúde brasileira e na sociedade. “O benefício social de um congresso desse porte, nesse momento, nesse lugar consiste em promover o debate, a reflexão e o compartilhamento de ideias-sínteses para repensar as políticas sociais e de saúde no Brasil. Precisamos recuperar os princípios fundamentais da reforma sanitária brasileira e nos constituirmos em agentes ativos e transformadores de nossa sociedade”, expôs.

Presidente do 13º Congresso Internacional da Rede Unida, Rodrigo TobiasPresidente do 13º Congresso Internacional da Rede Unida, Rodrigo TobiasRepresentando o reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, professora Selma Baçal, falou da satisfação que a Ufam tem em sediar o Congresso da Rede Unida. A pró-reitora discorreu também sobre o interesse da Universidade em participar dos debates sobre a saúde no País e, em especial, relativos ao SUS. “O sistema público [de saúde] vem sendo afetado e agredido sistematicamente. Ainda não vencemos problemas relativamente simples na saúde pública do mundo inteiro”, declarou a gestora da Propesp. Baçal defendeu que a humanidade não encontrará a felicidade enquanto existirem as diferenças sociais, que despojam homens e mulheres das condições básicas de sobrevivência. “Infelizmente, aqueles que só pensam na riqueza própria desconhecem a dignidade humana e não querem fazer valer a nossa sina que é a felicidade”, discursou.

“É hora da nossa comunidade acadêmica interagir com pesquisadores do mundo todo sobre esse assunto que é do interesse de todos para que continuemos o estudo permanente das saídas e possibilidade que temos de melhorar o sistema”, disse a professora Selma Baçal.

Presentes à cerimônia, os secretários de Saúde do Amazonas e de Manaus, Francisco Deodato e Marcelo Magal, respectivamente, também participaram da solenidade de abertura. O gestor da Susam ressaltou a importância do congresso para o estado e das contribuições esperadas para melhorias na saúde local. “Temos a expectativa de que este congresso possa deixar para nós caminhos a seguir no setor de saúde do nosso estado”, disse Deodato.

Público nacional e internacional debate saúde pública na UfamPúblico nacional e internacional debate saúde pública na UfamMarcelo Magal, responsável pela Semsa, disse que, tendo em conta o crescimento populacional experimentado por Manaus nos últimos anos, fazer política pública para a cidade tornou-se tarefa difícil. Segundo ele, a Secretaria atua firmemente na missão de aumentar a cobertura da atenção básica e, que, por isso mesmo, tem mais de 200 servidores participando do congresso não somente para aprender com os demais envolvidos, mas também para relatar experiências de como desenvolver projetos que levem saúde à população. “A gente tem projetos viáveis para que a nossa cobertura aumente e, assim, melhore a nossa saúde. É assim que a gente acredita que o SUS sai fortalecido. Que possamos mostrar para o Brasil e para o mundo que aqui em Manaus e no Amazonas a gente produz conhecimento; que aqui tem mentes que pensam, gente que vai produzir politicas publicas que possam efetivamente melhorar a saúde pública da nossa população”, anunciou.

“Nós trouxemos a música para ser tocada nesse congresso e em outros os rincões do Brasil, a música da democracia e da saúde. Essa harmonia que precisa ser cantada de Norte a Sul,” expôs o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Santos, em pronunciamento contra o que ele chamou de “grave momento que passa a vida nacional”, com ataques à democracia e ao estado democrático de direito. “A agenda da saúde pode e tem condições de trazer para a nação brasileira muita luz, trazer esse amanhecer mais acelerado. Há a necessidade de constituir força social e política que possa mudar esse quadro que está liquidando o estado nacional, todos os direitos do povo brasileiro”, afirmou Santos.

Artistas locais mostraram a Amazônia para os congressistasArtistas locais mostraram a Amazônia para os congressistasMais de 300 oportunidades de debate

A 13ª edição do Congresso Internacional da Rede Unida contou com uma vasta programação, com mais de 300 atividades em torno do tema, reunindo participantes de diversas partes do globo. Foram 220 rodas de conversa, 74 távolas, cinco fóruns internacionais com convidados de dez países de todas as Américas e da Europa.

Entre os temas tratados nos fóruns estavam: “a interprofissionalidade na formação e no trabalho em saúde: desafios às políticas e ao cotidiano”; “a vitalidade da democracia quando as instituições padecem: a resistência cidadã como artesania de novos tempos”; e “a atenção básica/primária nos sistemas de saúde universais: desafios e avanços após 40 anos de Alma Ata”.

Além disso, os interessados puderam conhecer os quase 3.500 trabalhos de pesquisa nacionais e internacionais que foram expostos durante o congresso. Com destaque para a região Norte, com 1.652 trabalhos submetidos.

A programação incluiu ainda mostra fotográfica, lançamentos de livros, seminários, encontros e oficinas, conferências, intervenções e outras atividades com temas que contemplavam os eixos Educação, Trabalho, Gestão, Controle Social e Participação e Saúde, Cultura e Arte abordados no Congresso.

BCMath lib not installed. RSA encryption unavailable