Parcerias com o TSE e Câmara dos Deputados devem viabilizar projetos inéditos da Ufam
No gabinete do Deputado Paulo Teixeira tratando de recursos para a construção do Campus de São Gabriel da CachoeiraAlém das parcerias interinstitucionais, a Ufam providencia, junto ao MEC, a implantação do Programa de Estágio Social Curricular (Pesc) em conjunto com prefeituras do interior
Em viagem a Brasília, na última semana, o pró-reitor de Extensão da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor Ricardo Bessa, apresentou projetos inéditos, como a graduação em Formação Política, com o apoio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), e a construção do Campus de São Gabriel da Cachoeira. Ele ainda expôs, no Ministério da Educação (MEC), o Programa de Estágio Social Curricular (Pesc), igualmente inovador.
O professor ressaltou que todas as iniciativas já foram aprovadas e têm total apoio da Administração Superior da Universidade. “O reitor, professor Sylvio Puga, e o vice-reitor, professor Jacob Cohen, apoiam os projetos. Esse é um trabalho revolucionário no sentido de romper os muros da Academia e integrá-la à sociedade numa relação intersubjetiva. Nesse processo, a Universidade vai ensinar e vai aprender ao mesmo tempo”, destacou o pró-reitor.
Formação Política
A respeito da proposta de criação do curso superior em Formação Política, uma ideia original, o professor Bessa informou que foi solicitar colaboração do TSE no sentido de mobilizar o eleitorado a votar nos candidatos mais qualificados. Ele reuniu-se, como porta-voz da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proeg), com o assessor chefe da Escola Judiciária Eleitoral (EJE) do TSE, Leonardo Campos Soares Fonseca, o qual, animado pela ideia da nova graduação, garantiu submeter o projeto do curso ao gestor da Escola.
“Por óbvio, não será obrigatório ter a formação, que não é Ciência Política, mas em atuação política, para concorrer em eleições. No entanto, o TSE poderá recomendar que os eleitores optem pelos candidatos mais bem preparados do ponto de vista acadêmico”, afirmou o docente, que também já se reuniu com membros da Escola Judiciária do TER/AM para tratar do assunto e fechar parceria. A previsão é de que o curso seja ofertado a partir de 2019.
Na grade, disciplinas como Filosofia e Ética, cuja carga horária é de 120 horas, são complementadas pelo estudo de Legislação Eleitoral, Contabilidade Pública, Administração Pública, Lei de Responsabilidade Fiscal, Questões Amazônicas, Leis Orgânicas municipais e Elaboração de Projetos de Lei. “Os universitários serão selecionados pelas mesmas formas de ingresso dos demais cursos, mas essa graduação será de dois anos e meio”, ressaltou o professor Bessa, para quem a proposta tem alcance mais do que se fosse uma especialização.Professores Ricardo Bessa e Almir Menezes em reunião com o assessor chefe da Escola Judiciária Eleitoral do TSE em Brasília, falando sobre o futuro curso de Formação Política
Recursos federais
A visita ao deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP) teve por objetivo tratar de recursos para a construção do Campus da Ufam em São Gabriel da Cachoeira. “O deputado, apesar de ter o seu eleitorado no Sudeste, tem uma forte ligação afetiva com aquele município amazonense”, esclareceu o pró-reitor de Extensão.
Como encaminhamento do encontro, ficou acertado que será realizado um Fórum em São Gabriel com a participação do congressista Paulo Teixeira, para explicar o modo de provimento dos recursos federais que serão destinados à edificação da Unidade Acadêmica.
PESC e Pedras
Por fim, o professor Ricardo Bessa, acompanhado do diretor de Extensão, professor Almir Menezes, visitou o Ministério da Educação, onde apresentou o Programa Estágio Social Curricular (Pesc), proposta pioneira que a Ufam pretende por em prática também em 2019.
“É uma espécie de Projeto Rondon regionalizado, no âmbito do qual os discentes prestam assistência e formação cidadã à sociedade residente no interior, começando pelos municípios onde a Universidade tem unidades acadêmicas permanentes”, explicou o professor, ao destacar que o Pesc vem ao encontro das atuais exigências do próprio MEC, do sentido de tornar obrigatória a atividade extensionista – esta correspondente a 10% da carga horária curricular dos discentes de todos os cursos de graduação.
Vai funcionar assim: a depender da demanda, os gestores municipais receberão as “Caravanas da Cidadania”, sendo responsáveis, os municípios, pela alimentação e pelo alojamento dos discentes enquanto durar a atividade. “A Universidade, sem dúvida, entra com o capital humano e a FAB [Força Aérea Brasileira] arcará com o traslado para as localidades que só podem ser acessadas por via aérea. Ao chegarem, os discentes serão recepcionados pelos núcleos locais”, detalhou o professor Bessa.
Ainda segundo a explicação do pró-reitor, as primeiras equipes serão formadas por graduandos dos cursos de Estatística, Serviço Social e Ciências Sociais. Eles serão responsáveis pelas pesquisas socioeconômicas e pela identificação das demandas específicas. Num segundo momento, discentes de Geografia atualizarão o mapa da exclusão social nesses municípios. Esses, por sua vez, identificarão os bolsões de miséria e analfabetismo, registrando ainda as carências em áreas como saúde e educação.
“O trabalho, na verdade, será em todas as áreas, com o envolvimento de todos os nossos cursos”, destacou o docente. Nos locais onde se destacar o problema do desemprego, como consequência da concentração de emprego e renda na capital do Amazonas, será articulado o Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento Regional Autossustentável (Pedras), programa que visa à geração de emprego e renda a partir do diagnóstico do potencial econômico regional e local.
“Em São Gabriel, por exemplo, município rico em pimenta e o maior produtor do Brasil, em quantidade, de piaçava, não haveria necessidade de comprar molho de pimenta de São Paulo ou vassouras de Manaus, o que gera pagamento de impostos sobre o valor agregado”, contou o professor Bessa, já entusiasmado com a perspectiva de transformação desse cenário. O Pesc será apresentado pelo reitor Sylvio Puga à Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Ele viaja a Brasília nesta terça-feira, 15 de maio.