Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas inicia com debate sobre Saúde Pública

“No Amazonas, há dois grandes temas que precisam ser destacados quando se debate a saúde pública: o primeiro é a assistência aos indivíduos e o segundo são as endemias”, afirma Nelson Fraiji

Por Cristiane Souza
Equipe Ascom Ufam

Pró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, expõe os objetivos do Fórum permanente organizado pela ProextPró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, expõe os objetivos do Fórum permanente organizado pela Proext

Propor soluções adequadas para os principais problemas do estado em áreas como saúde, transporte, economia e interior. Essa é a proposta do Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas, promovido pela Universidade Federal do Amazonas por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proext). A primeira atividade do fórum permanente ocorreu na quinta-feira, 8 de março, e teve como expositor o ex-reitor da Ufam e atual diretor-presidente da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), médico Nelson Fraiji.

Ao receber os participantes, o professor Sylvio Puga parabenizou a Proext pela iniciativa de tratar temas tão relevantes de forma dialógica. “Estamos honrados pela oportunidade de promover debates sobre questões tão atuais e de elevada importância para o desenvolvimento do nosso Amazonas. É neste momento que a Universidade reforça o seu papel e, com muita coragem, promove diálogo permanente e qualificado”, endossa o reitor.

Reitor, vice-reitor e professor Ricardo Bessa receberam o diretor-presidente do Hemoam, médico Nelson FraijiReitor, vice-reitor e professor Ricardo Bessa receberam o diretor-presidente do Hemoam, médico Nelson Fraiji

 

O pró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, explica que o Fórum surgiu da necessidade de Academia intervir na sociedade. “Existem, no Amazonas, vários problemas que entravam nosso desenvolvimento. O objetivo é identificar e discutir essas questões, propondo soluções adequadas. É um fórum multidisciplinar e multissetorial, o que possibilita vários olhares sobre os temas”, observou o docente. As pautas são divulgadas com antecedência e a participação é livre, gratuita e dá direito a certificado de 3 horas.

O diretor da Faculdade de Estudos Sociais (FES), professor Jorge Campos, lembrou que pelo menos dois temas são considerados imprescindíveis ao debate do Fórum: o fato de a principal fonte de renda da maior parte dos municípios do Amazonas ser oriunda das prefeituras e os entraves logísticos que ainda têm forte impacto sobre a economia regional. “Que essa atividade seja objeto de algum efeito prático. Eu comemoro, porque é a nossa Universidade cumprindo seu papel”, enfatizou.

Saúde em pauta

Com mais de 40 anos dedicados à Medicina e à Universidade, o vice-reitor, professor Jacob Cohen, apoiou a escolha do tema inaugural dos debates, sobretudo, a aproximação entre o saber acadêmico e o tradicional. “Enquanto Universidade, devemos ter a humildade de chegar às comunidades e pensar as questões a partir dos ensinamentos populares. A iniciativa será muito proveitosa, principalmente para as populações do interior”, projetou.

O também médico Nelson Fraiji, ex-reitor da Ufam e atual diretor-presidente do Hemoam, ficou responsável por trazer as informações para o debate público, sob a mediação do professor Alcebíades Cavalcante. A palestra ‘Saúde Pública no Amazonas em debate’ teve início com um apanhado histórico, passando pela exposição de dados demográficos da população regional e amazonense. “A Universidade cumpre a sua função de ser um espaço de debates, e eu desejo que isso repercuta socialmente para discutir e aprofundar a compreensão dos nossos grandes desafios”, apontou o professor Fraiji.

O debate foi antecedido de contextualização histórica e demográfica sobre a saúde pública no AmazonasO debate foi antecedido de contextualização histórica e demográfica sobre a saúde pública no Amazonas“No Amazonas há dois grandes temas que precisam ser destacados: a assistência aos indivíduos e as endemias”, afirmou o professor. Segundo a exposição, a região amazônica historicamente foi vista como subdesenvolvida e subserviente, sem autonomia para viabilizar suas próprias soluções, também no campo da Saúde. “Entre os anos 1850 e 1870”, conta o palestrante, “os profissionais de saúde tinham o papel de curar e sanear as epidemias para garantir a ocupação”.

Prosseguiu-se com esse modelo, o que causou desequilíbrio ecológico e acentuou a ocorrência de doenças como febre amarela, varíola e cólera. “Somente no fim dos anos 1980, é que houve a primeira experiência de planejamento em saúde na Amazônia, por meio de um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos (EUA), cuja atuação ocorreu através da Fundação Serviço de Saúde Pública (FSESP)”, disse o professor.

Para avançar com o planejamento em saúde, ele destacou ainda a importância da análise demográfica. “Cada contexto é diferente e exige uma atuação específica para o atendimento da população”, frisou o palestrante. Por exemplo, a distribuição por faixa etária: se a população é predominantemente jovem, então será necessário investir em tratamento de endemias, na ampliação da rede de atenção a esse público; com o envelhecimento, o enfoque é para prevenção e tratamento de doenças crônico-degenerativas.

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