Prevenção, vivência e atuação profissional em relação ao HIV/AIDS são debatidas em simpósio de Psicologia

O I Simpósio sobre HIV/AIDS, organizado por acadêmicos da graduação e pós-graduação da Faculdade de Psicologia da Ufam (Fapsi), reuniu estudantes e profissionais para uma discussão de temáticas em torno do vírus. O encontro aconteceu na quinta-feira, dia 15, no auditório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF).

A programação do simpósio iniciou com a exibição de curtas-metragens relacionados ao tema. Em seguida, formou-se a mesa-redonda, composta pela psicóloga do Centro de Testagem e Acolhimento da Fundação de Medicina Tropical/AM (CTA), Sara Fernandes; pelos psicólogos residentes do CTA, Sara Zanh e Davi Prado; pela infectologista e pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical, Romina Oliveira; e pelo representante da Rede Nacional de Jovens vivendo com HIV do Amazonas, Rafael Arcanjo. O debate foi mediado pela psicóloga Tirze Almeida, do Projeto Jovens Lideranças, do Ministério da Saúde.

O papel do psicólogo

Sara Zanh trouxe dados epidemiológicos do vírus no Brasil e no mundo. Ao todo, cerca de 35 milhões de pessoas vivem com HIV; África do Sul e Nigéria encabeçam a lista de países mais afetados. Já no Brasil, até junho de 2015, 798 666 casos haviam sido registrados. O Amazonas é o segundo estado com maior taxa de detecção do HIV no país.

Ante esse cenário, Sara atenta para a importância da atuação do psicólogo no acompanhamento do paciente com HIV/AIDS. “É preciso ampliar nossas compreensões a respeito do tema. Há alguns anos, receber o diagnóstico de HIV era uma sentença de morte. Infelizmente, essa percepção não é passado, o que pode dificultar a adesão ao tratamento. Se a pessoa não tiver uma rede de apoio, ela não vai aderir ao tratamento. É importante que nós, psicólogos, passemos a mensagem de que é possível ser soropositivo e ter qualidade de vida”, afirmou Sara.

Na exposição, também foi destacado o papel do profissional de Psicologia para que o HIV positivo aprenda a lidar com as várias emoções que acompanham o diagnóstico, como medo, vergonha e aceitação.

 

Prevenção

“Hoje, não existem mais grupos de risco, existem comportamentos de risco”, afirma a psicóloga do CTA, Sara Fernandes. Jovens na faixa etária de 15 a 24 anos são os mais atingidos pelo HIV, independente de gênero, classe econômica ou orientação sexual. Neste sentido, o trabalho para a prevenção é essencial na luta contra o vírus.

A infectologista Romina Oliveira apresentou uma das novas estratégias de prevenção: a prevenção combinada. Trata-se “combinar fatores de prevenção de acordo com o que for melhor para você e seus parceiros, com mais opções para se ter uma vida sexual segura e saudável”. Esses fatores incluem o uso de preservativo feminino e masculino e testagem regular de HIV, por exemplo.

“Se eu me testo, eu me conheço, conheço ao meu corpo e minha saúde. Testar também é prevenção”, enfatiza a infectologista.

Outras tecnologias abordadas foram a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que é utilização da medicação antirretroviral após qualquer situação em que exista o risco de contato com o vírus HIV; e a Profilaxia Pré-Exposição (PreP), o uso do medicamento antirretroviral por indivíduos não infectados pelo HIV, mas que se encontram em situação de elevado risco de infecção.

Vivendo com o HIV

Outro destaque do simpósio foi a participação do representante da Rede Nacional de Jovens vivendo com HIV do Amazonas, Rafael Arcanjo. Rafael fez um relato sobre a vivência do soropositivo, ao lidar com o estigma e o preconceito que ainda cercam a temática.

Negação, dúvidas e autopreconceito foram algumas das questões faladas. “Dentro do movimento soropositivo, há uma fala: antes, nós nos escondíamos para morrer. Hoje, nos nós mostramos para viver”, contou Rafael, que reforçou a importância dos portadores do vírus de assumir um lugar de fala, disseminando a mensagem de que é possível levar uma vida saudável tendo o HIV.

Engajamento social

A comissão organizadora do I Simpósio é formada por Cyntia Loiola, Eduardo Menezes, Felipe Carvalho Gondim, Liziane Lemos, Ricardo Pereira e Yamile Alves, estudantes da Graduação em Psicologia/UFAM; e Cássio Péres, mestrando do Programa de Pós-Graduação do Curso de Psicologia/UFAM.

Sobre a iniciativa para a realização do evento, Cássio conta a ideia surgiu a partir da vontade dos alunos de se mobilizarem em causas sociais, “ajudando a tirar as pessoas que têm HIV do isolamento, trazendo para o convívio social e dando a visibilidade e o protagonismo que elas têm direito”.

“Nos preocupamos em trazer profissionais que atuam em diferentes áreas do HIV/AIDS, para garantir a interdisciplinaridade”, acrescentou o mestrando. “Queremos inserir o estudante da psicologia em um debate maior e pular os muros da sala de aula”.

A diretora da Fapsi, professora Iolete Ribeiro da Silva, parabenizou a iniciativa dos alunos e declarou o apoio da instituição. “Sabemos que num ambiente universitário, as ações de educação em saúde são de suma importância. Esse tipo de evento é um esforço dessa natureza”, afirmou a diretora. “Discutir conhecimentos aprofundados sobre a temática é uma ferramenta de proteção das pessoas, ainda mais em relação a HIV/AIDS. A primeira medida é sempre a prevenção”, finalizou.

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