Cadeia produtiva do pirarucu na Amazônia em debate na FCA
Sanidade e biossegurança foram as abordagens das pesquisadoras da UFAM na manhã desta sexta-feira, 08.
Professora Andrea Belém foi uma das palestrantes do Workshop. Ela abordou o tema Antibióticos no cultivo de Pirarucu.
Organizado em 7 paineis, que discutem temas como Reprodução e genética; Sistema de produção; Nutrição e Comercialização e Mercado, o Workshop Piscicultura: Cadeia produtiva de Pirarucu na Amazônia reúne integrantes de todos os elos da cadeia produtiva do pirarucu para identificar problemas, demonstrar soluções e definir estratégias de ação para melhorar o desempenho e a competitividade do setor, dentro dos princípios da sustentabilidade. O evento é promovido pela Secretaria de Pesca e Aquicultura (SEPA), vinculada à Secretaria de Estado de Produção Rural do Amazonas; pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e demais instituições parceiras. A atividade acontece desde essa quinta-feira, 07, no Auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal do Amazonas.
Na manhã desta sexta-feira, 08, as pesquisadoras da UFAM Ana Lúcia da Silva Gomes; Sanny Andrade Porto e Andrea Belém Costa proferiram palestras integrantes do Painel 4, que colocava em debate a sanidade e a biossegurança da produção de Pirarucu na Amazônia.
Professora Ana Lúcia Gomes durante a palestra Panorama das doenças do Pirarucu de CriaçãoA professora Ana Lúcia da Silva Gomes, ictioparasitologista do Laboratório de Parasitologia de animais aquáticos da UFAM, abordou durante a palestra “Panorama das doenças do Pirarucu de Criação” a vulnerabilidade característica do peixe de cativeiro a parasitoses. “Todos os órgãos do pirarucu são parasitáveis, como os arcos branquiais; a pele; a bexiga natatória; o trato gastrointestinal e as patogenias que acometem o pirarucu podem causar danos severos para o piscicultor. Os parasitas existem no ambiente natural e, quando o pirarucu vai para o ambiente de piscicultura, os parasitas vão junto e se disseminam de forma muito ampla, não se adotam as medidas de manejo adequadas. O pior é que o impacto de algumas parasitoses não se restringe à propriedade de um piscicultor, mas avança para a de outros também”, observou a pesquisadora.
Durante a palestra “Condições sanitárias do pirarucu – resultados de pesquisas e perspectivas terapêuticas”, proferida pela coordenadora do curso de Engenharia de pesca da UFAM, professora Sanny Porto, foi destacado o quanto a sanidade é importante para o desenvolvimento da cadeia produtiva do Pirarucu. “O desenvolvimento da cadeia produtiva do Pirarucu, tema central desse simpósio, é muito importante para que possamos desenvolver um pacote tecnológico para a espécie e, dessa forma, consigamos aumentar os níveis de produtividade nas fazendas de piscicultura da região. Logo, o aspecto da sanidade é extremamente importante porque quando se tem um animal saudável, temos aumento na produção e, quando temos um animal doente, logicamente temos uma queda na produção. O aspecto sanidade é um dos fatores que influencia bastante no retorno econômico que o produtor vai ter. Nesse painel procurei abordar os principais problemas sanitários que estamos sofrendo aqui no Estado, que são os tricodinas, os nematodas e os monogenéticos e, dentro desses, reportamos um novo caso de espécie de nematoda no pirarucu, que é a primeira espécie com registro na América do Sul com potencial zoonótico, podendo infectar um peixe amazônico que, infelizmente, é o nosso pirarucu”.
Professora Sanny Porto, coordenadora do curso de Engenharia de Pesca da UFAM. "O aspecto sanidade é um dos fatores que influencia bastante no retorno econômico que o produtor de Pirarucu vai ter".
Risco para a saúde humana
A pesquisadora chama a atenção para os riscos à saúde humana do consumo de carne contaminada pela nova espécie de nematoda. “Como ele é um verme que fica no intestino e, em certo estágio de vida, pode ficar na carne, que é a parte comestível do pirarucu, se não tivermos uma barreira sanitária efetiva no Estado, com as questões de implementação de medidas de rastreabilidade e também de vazio sanitário, poderemos ter seres humanos infectados ingerindo essa carne crua, pois sabemos que há um crescimento de temakerias que utilizam espécies nativas amazônicas para elaboração de sushi e sashimi. Caso o pescado esteja infectado com essa larva, pode trazer problemas gastrointestinais, como diarreias, náuseas e vômitos. Ou seja, o que os olhos não veem, o estômago sente”, explicou a pesquisadora
Pesquisa e produção juntas
Francisco Lima Dantas, criador de Pirarucu no município de Manacapuru.Criador de pirarucu no Município de Manacapuru, Francisco de Lima Dantas, proprietário da KXK, empresa que atua há cinco anos com a produção de pirarucu, tambaqui e tartaruga em cativeiro, comenta a importância do evento para quem trabalha na área. “Essa interação entre produtor e universidade é muito importante pois as pesquisas daqui têm um impacto muito positivo na nossa produção. Temos mais proveito de nossas atividades quando fazemos intervenções propiciadas pelo conhecimentos produzidos na Universidade. Por exemplo, na parte de reprodução, tínhamos conhecimentos básicos da nossa região e a criação de pirarucu era feita em barragens, o que dificultava o manejo dos alevinos, a captura deles. Hoje trabalhamos a reprodução em tanques escavados, a qual facilita a captura total dos alevinos, com aproveitamento de 100%”, ressalta o produtor.