"Cientistas necessitam de aptidões específicas para formação e exercício profissional", diz professor Volpato no encerramento do ‘Vamos Publicar!’

Professor Volpato falou a uma plateia da GraduaçãoProfessor Volpato falou a uma plateia da GraduaçãoNa última atividade do evento promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), o professor Gilson Volpato se despede da comunidade de pesquisadores e futuros pesquisadores da Ufam com a palestra intitulada ‘Formação de Cientistas’, ocorrida nesta quinta-feira (9), no auditório Eulálio Chaves. Mesmo com a oferta de 300 vagas iniciais, foram recebidas cerca de 800 inscrições de universitários, docentes e pesquisadores das diversas áreas.

Na tarde do terceiro dia, a apresentação foi direcionada aos alunos da graduação que já se lançaram na pesquisa, especialmente através das oportunidades oferecidas pela Propesp no Programas de Iniciação na Ciência e na Inovação (PIBIC e PAITI). Interessados em aprender sobre as aptidões necessárias para se tornar um cientista também assistiram à palestra do especialista em produção científica da Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Ciência e Cientista – o professor Volpato iniciou o discurso relembrando que a escola tradicional e as universidades, de modo geral, não ensinam a fazer ciência. “Você pode estragar o cientista que você pretende ser por falta de referencial”, pontuou. Em seguida, apresentou as formas de se ver o mundo, destacando que a Ciência tem algumas características comuns às demais (Filosofia, Religião e Arte), mas a base empírica (evidência) é seu maior diferencial. “O conhecimento científico é provisório, explicativo e usa o discurso lógico como forma de pensamento, mas se difere por fazer da evidência seu fundamento”, disse.

Participantes aprenderam sobre o perfil do cientistaParticipantes aprenderam sobre o perfil do cientista

Para responder aos questionamentos propostos, o palestrante endossou que o pressuposto para ser cientista é o gosto pela resolução de enigmas. “Essas aptidões são construídas ao longo da vivência, desde a infância”, afirmou o professor Volpato ao apresentar o perfil que ele considera indispensável para isso: “Curiosidade, Entusiasmo, Independência Intelectual, Dedicação e Ambição. Essas características fazem parte do perfil dos grandes mestres”, listou o professor, citando como fonte a obra onde a lista é inicialmente apresentada (BEVERIDGE, WB. Sementes da Descoberta Científica. Edusp, São Paulo: 1981).

Para ele, a construção do conhecimento deve ser conectada a uma rede que existe no mundo; e tal como o agricultor alimenta com comida, o cientista tem o papel de alimentar com conhecimento. “Todo problema prático deve ser resolvido por meio do conhecimento científico, pois assim ele terá melhores resultados”, expôs o professor. Sempre numa dinâmica dialógica, Volpato instigou com certas perguntas, como estas, os que almejam seguir na carreira de cientista: “Você gostaria de colaborar com o Mundo? De que forma?”.

Perfil de Cientista – João Victor Dutra, discente do 7º período de Engenharia Civil, garantiu participação apenas no último dia do evento. “Essa é uma formação importante para estimular os alunos. Aqui, nos encontramos com outros pesquisadores e somos motivados a continuar”, avaliou. João desenvolve, há um ano, pesquisa de Iniciação Científica sobre uma forma de tratamento de esgoto de baixo custo a partir do uso de plantas aquáticas, comuns na região Amazônica. O projeto de TCC está encaminhado também. “Vou estudar a possibilidade de aproveitar pó de tijolos como componente do cimento na construção civil. Esse projeto tem reflexos ambientais e econômicos, porque vai reduzir os custos das obras”, explicou o aluno.

João Victor é aluno de Iniciação CientíficaJoão Victor é aluno de Iniciação CientíficaLetícia de Paula, que aos 18 anos já está no 5º período do curso de Agronomia, destaca um dos objetivos de vida: “Quero ser cientista um dia!”. O caminho já começou a ser traçado, pois, além de participar do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso, ainda desenvolve um projeto de Iniciação Científica sobre adubação da mandioca na Fazenda Experimental da Ufam. “A pesquisa é parte de um mestrado, e a etapa que estou analisando diz respeito ao crescimento (em altura e diâmetro) e aos componentes nutricionais da mandioca adubada”, relatou Letícia. Ela aproveitou para elogiar a didática do professor Volpato ao expor de forma convidativa o tema de formação do cientista.

Continuidade – ao avaliar o formato do evento e as atividades desenvolvidas pelo convidado, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Gilson Monteiro, destacou a relevância da publicação científica de qualidade para o desenvolvimento dos cursos de Graduação e dos programas de Pós-Graduação da Universidade. “Publicar ciência é devolver para a sociedade o resultado do nosso trabalho. É uma prestação de contas do que tivemos a oportunidade de desenvolver como pesquisadores”, asseverou Monteiro.

Em um espectro mais amplo, a Propesp tem o objetivo de, a partir de formações que envolvem a teoria, a prática e a crítica sobre o trabalho científico qualitativo e diferenciado, formar um corpo de pesquisadores de ponta na Ufam. “Vamos investir em publicações, pois o peso da produção na avaliação dos programas chega a 70%, entre docentes e discentes”, informou.

“Além disso, vamos trazer o professor para a abertura do CONIC [Congresso de Iniciação Científica] com a palestra de abertura ‘Boas práticas na pesquisa científica’. Ainda vamos sondar a agenda do professor Volpato para ver se ele poderá retornar para dar uma formação de cientistas para alunos e professores da Pós-Graduação. O objetivo é incentivar a produção para que isso reflita num aumento da nota dos programas e os conceitos da Ufam nesse aspecto”, enumerou o pró-reitor.

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