Palestra discute relação de gênero na tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia)

O professor José Miguel Nieto Olivar, do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) proferiu a palestra `Gênero, afetos e cuidados no governo da fronteira´,  nesta terça-feira (23) no auditório Rio Alalaú da Faculdade de Educação (Faced), Setor Norte. O evento integra a programação do Seminário Regimes de Mobilidade Espacial na Amazônia, promovido pelo `Grupo de Pesquisa Ilhargas – Cidades, Políticas e Saberes na Amazônia´ que está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia.

  

A compreensão do tema não está relaciona a produção na fronteira que tem como suporte os discursos sobre o narcotráfico e outros relacionados, mas entender a relação de gênero e sua produção social vinculada a ela. É o que diz José Olivar e acrescenta que as fronteiras amazônicas  foram constituídas por forças políticas, econômicas e históricas formadas pela força masculina presente desde a colonização, como os militares portugueses e espanhóis, missionários, e por último, soldados da República Federal e Estadual.

Segundo José Olivar, esses fatores foram importantes para a criação das relações afetivas, conjugais, de reprodução e sexuais. A predominância  masculina ligadas a produção econômica (madeireira e o narcotráfico) traz recursos para a região, posicionando a mulher atrás da figura masculina, o que permite sua segurança. Nessa condição a mulher se afasta do desejo para o trabalho e para o estudo. Com isso, garante seu futuro que,  historicamente e socialmente, pensar no casamento ou na gravidez não é uma posição perversa ou submissa, mas cumprir com um ritual que faz parte da cultural local, ressalta o professor.

De acordo com ele, a pesquisa desenvolvida na fronteira pode ser referencia para outras investigações, criando novas possibilidades de investigação no contexto das fronteiras amazônicas. Para ele, temos poucas informações das pessoas que vivem nessas regiões. A vida social e de como as pessoas se relacionam, principalmente as relações de gêneros são objetos de investigação que não apenas tratam apenas da submissão das mulheres locais, mas de possibilidades de construção de um mundo, da vida, do afeto, do poder e do prazer, comenta o professor.

O pesquisador disse que o estudo é resultado do estudo Gêneros em territórios de fronteira e transfronteiriço na Amazônia Brasileira promovido pelo Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e tem o financiamento pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do São Paulo (Fapesp). Segundo ele, na primeira parte, o estudo ficou restrito somente a tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia), posteriormente, será investigado na segunda parte do estudo, a região de fronteira do município de São Gabriel da Cachoeira (distante a 852 quilômetros de Manaus).

O evento conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), DP Observatório da Violência de Gênero do Amazonas, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) e do Departamento de Ciências Sociais.

 

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