Museu Amazônico recebe exposição "Ciclos do Eldorado", de Otoni Mesquita
Obras ficam em exposição até 26/02Na noite desta quarta-feira (10), o Museu Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) abriu a exposição “Ciclos do Eldorado”, com gravuras e instalações do professor e artista plástico Otoni Mesquita, do Departamento de Artes da UFAM (DEPARTES). A exposição é formada por 13 instalações e mais de 20 gravuras, cada uma delas com um ponto de referência de suas interrogações e questionamentos em torno dos chamados ciclos com os quais se costuma definir os processos históricos que formam, inventam e reinventam a Amazônia.
Segundo o professor, a exposição é um processo de 40 anos de vida artística, mas o tema Eldorado é desenvolvido desde o ano de 2007, quando trabalhou com gravura em metal. “A partir da tinta dourada e todos os tipos de dourado, parti para a impressão, e comecei a discutir o mito do Eldorado, a exploração da Amazônia pelos gananciosos e o que fizeram com a região. A partir disso, fiz cortes e divisões elaborados no processo, com referências ao saque material e à exploração da natureza”, ressalta.
Ainda de acordo com o docente e artista plástico, o objetivo da exposição é fazer com que as pessoas reflitam que estão pisando em cima de uma grande riqueza. “As pessoas correm atrás da moeda dourada, mas não se lembram que a verdadeira riqueza está no meio do caminho para a moeda dourada”, afirma.
Para a diretora do Museu, professora Maria Helena Ortolan, a exposição do professor dentro de um museu universitário é de tremenda importância, visto que é uma arte crítica e reflexiva. “Não só trabalha com a produção do conhecimento artístico, mas também com uma proposta reflexiva. Dentro da exposição não só dele, mas de outras pessoas, existe o convívio dos artistas com o pensamento científico”, pondera.
Comunicar e refletir
"A Construção do Deserto", de Otoni MesquitaProfessores, artistas e estudantes compareceram para prestigiar a exposição. Entre eles, os estudantes Paulo Oberdan e Karine Sanches, do 6° período do curso de Artes Visuais da UFAM. Para eles, a exposição foi bastante comunicativa. “A gente vê exposições que são exímias técnicas, mas que não comunicam nada. De fato, as pessoas dão até mais valor para exposições assim. No entanto, vir a uma exposição como essa, que tem um sentido real, é gratificante”, afirma Paulo.
Para Karine, a exposição se integrou muito bem ao local. “As cores do local e mesmo das instalações deram um tom diferente. Um exemplo é uma obra dele com o título “Invisível”. O sentido dela é diferente, é de quando você coloca todas as obras num contexto histórico e vê que elas não estão mais ali. É algo sensacional”, completa.
“Ciclos do Eldorado: exposições e gravuras de Otoni Mesquita” fica em exposição no Museu Amazônico da UFAM até o dia 26 de fevereiro de 2016. O Museu fica localizado na Rua Ramos Ferreira, N° 1030, bairro Centro, zona Sul de Manaus.