Completamente lotado, o Teatro Amazonas, a mais antiga casa de espetáculos da cidade de Manaus, recebeu, na noite da última segunda-feira (07), a apresentação da Suíte Orquestral N°3 em Ré Maior, de Johann Sebastian Bach, e do famoso oratório “O Messias”, do compositor Georg Friedrich Händel, executadas pela Orquestra de Câmara do Amazonas e pelo Coral Universitário da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Sob a batuta do maestro Hermes Coelho, professor do Departamento de Artes da Universidade (DEPARTES), a Orquestra de Câmara executou o primeiro movimento da suíte de Bach. Logo em seguida, os grupos executaram o oratório, encerrando com o famoso e mundialmente conhecido “Aleluia!”. Os solistas do oratório foram os cantores Patrícia Botelho, Lincoln Pires, Enrique Bravo e Davy Chaves, todos do Coral do Amazonas.

De acordo com o maestro Hermes, que já atuou como maestro convidado da Orquestra, a ideia de realizar a apresentação surgiu quando ele assumiu o coral. “Com essa parceria que nós já tínhamos com a OCA, pensei em unirmos os dois grupos e realizar esse concerto. No primeiro semestre desse ano, nós fizemos um repertório mais regional, e quando veio o segundo semestre, decidimos partir para o erudito”, conta.

O professor também relata que “O Messias” é uma das obras mais importantes da história da música e do período natalino, competindo apenas com o “Concerto de Natal” de Bach. “É uma das obras mais conhecidas do mundo inteiro. Nós quisemos dar essa oportunidade para que os estudantes e membros do coral pudessem apresentar essa obra. O desafio foi grande, mas a equipe foi muito esforçada”, afirma.

Emoção

Solistas interpretaram as árias e recitativos da obraPara a estudante Pâmela Baltazar, 21, contralto do coral e aluna do 3° período do curso de Jornalismo da UFAM, o momento foi de emoção. “Cantar ‘O Messias’ e principalmente, o ‘Aleluia’, de Händel, era um sonho que eu tinha. Acabou que nós apresentamos, e eu chorei. Não tinha como não se emocionar, afinal, a gente se prepara durante um bom tempo e no final, recebe os aplausos de todos. Foi muito gratificante”, relata, emocionada.

Na visão da estudante, cantar o oratório foi um desafio imenso, uma vez que Händel escreveu, na composição, diversos melismas. “Melisma é algo muito complicado, principalmente pra mim, que não sou do curso de Música. No entanto, enquanto o maestro passava a música, explicava pra gente a razão de Händel tê-los escrito. Isso conectou a gente ainda mais à obra e foi mais fácil de termos acompanhado todos os ensaios”, afirma.

Valor da terra

Entre os espectadores do concerto, estavam o casal de namorados Júlio Hatchwell Filho e Thaisa Castro. A uma só voz, o casal relatou que achou o concerto muito bonito. “Se explora pouco a questão da musicalidade erudita na cidade. Todas as vezes que há um evento desse tipo, é uma oportunidade para quem gosta de apreciar música boa e de qualidade”, ressalta Thaisa.

Orquestra de Câmara apresentou primeiro movimento da Suíte em Ré Maior, de BachPara Júlio, é importante que hajam eventos assim aconteçam sempre, explorando bem as obras de artistas da região. “Cláudio Santoro, por exemplo, é um compositor conhecido nacionalmente, e é amazonense. Muitas vezes, a gente se esquece de olhar para a nossa terra, para o que é nosso”, salienta.

“Vivaldi, Bach, Händel não tiveram o sucesso merecido a eles nas épocas deles. Suas composições são conhecidas só 100 ou 200 anos depois. Acho que a gente não precisa esperar 200 anos para explorar a música boa, a música erudita, tanto dos artistas que já se foram como dos nossos contemporâneos. Fica a dica!”, finaliza nThaisa.

O Coral

Composto por 31 vozes, o Coral Universitário da UFAM já esteve sob a regência de diversos professores da Universidade, como Nivaldo Santiago, Nelson Eddy, Jackson Colares e Bruno Bastos. Desde maio de 2015, está sob regência do professor Hermes Coelho. O coral é um projeto de extensão da UFAM, cujo coordenador é o professor Jackson Colares. Os preparadores vocais do coro são os acadêmicos Davy Chaves e Patrícia Botelho.