`Religião, Diversidade e Estado Laico´ no terceiro dia da Semana da Consciência Negra na UFAM
Como parte da programação de temas que refletem sobre o Dia da Consciência Negra no Amazonas – comemorado no dia 20 de novembro -, na manhã desta quarta-feira (18), o Instituto de Ciências Humanas e Letras foi palco da mesa-redonda `Estado Laico, Intolerância e Diversidade Religiosa´.
Como debatedores, estiveram o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, o deputado estadual José Ricardo Wendling; o coordenador do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnoracial do Amazonas (Fopeder-AM), Gláucio da Gama Fernandes; e o professor da Secretaria de Estado de Educação, Francisco Palheta. Os debates foram coordenados pela psicóloga da Secretaria de Estado de Assistência Social, Fabiana Saunier.
Gláucio da Gama destacou que “a sociedade brasileira, em especial amazonense, precisa aprender a dialogar mais com os diversos credos religiosos, e não apenas com um, como se este fosse o dominante”. Ele também ressaltou que o dia da Consciência Negra é um momento de reflexões e debates, antes inviabilizados durante séculos sob a justificativa de que não havia negros no Amazonas. “E hoje temos as comunidades quilombolas, povos do terreiro, da capoeira, da juventude do hip-hop. Nós existimos, e estamos presentes”, sublinha Gláucio.
O estado laico e o ensino religioso na educação básica foram questões levantadas pelo professor da Seduc, Francisco Palheta. Segundo ele, “o Estado é laico mas não averso à profissão religiosa de ninguém. Logo deve possibilitar o exercício da religiosidade das pessoas, promovendo o conhecimento religioso através do ensino na escola”.Da esquerda para direita, palestrantes: deputado estadual José Ricardo, Fabiana Saunier, Gláucio Fernandes, e Francisco Palheta
Ainda para Francisco, o ensino religioso é uma disciplina constitucional que atende a pluralidade religiosa do Brasil. Mas no Amazonas, as pesquisas sobre a religiosidade regional ainda estão em fase embrionária. “Mesmo assim, a Seduc tem trabalhado em abrir sua proposta pedagógica para que o ensino religioso atenda a diversidade religiosa da região, e, sobretudo, dos profissionais da educação. O fenômeno religioso no Amazonas é criativo e em constante transformação”.
A religião na política foi comentada pelo deputado estadual José Ricardo Wendling. Para o parlamentar, existe certo entrave em discutir religião entre os políticos pois cada um tem convicções religiosas claras. E na própria Comissão que ele preside, há longas discussões desse tipo. A solução é “trabalhar os direitos humanos na família, na escola, na faculdade, em todos os ambientes. Temos que estudar, conhecer a prática religiosa do outro antes de debater. Isso evita a intolerância”, enfatiza o Deputado.
Os temas da mesa-redonda fazem parte do evento `Dia da Consciência Negra: negros do Amazonas e as políticas públicas brasileiras´, organizado pela Pró-reitoria de Extensão, por meio do programa Nossa África, Departamentos de Antropologia e História da UFAM, Movimento Negro do Amazonas, Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, Secretaria de Estado de Educação e Secretaria Municipal de Educação.