`Cidades, Vilas e Sazonalidade na Amazônia´ é tema de mais um debate ambiental no CCA
Como parte da programação de palestras do projeto `O Ambiente Além da Sala de Aula: Debate Ambiental´, o Centro de Ciências do Ambiente da UFAM (CCA), recebeu na manhã de terça-feira (18), a professora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Cidades da Amazônia Brasileira da UFAM (Nepecab), Tatiana Schor. A Docente ministrou a palestra `Cidades, Vilas e Sazonalidade na Amazônia´.
Em sua participação no encontro, Tatiana explicou como a sazonalidade dos rios do Amazonas, influencia no custo de vida, moradia, transporte e produção de alimentos, nas cidades e vilas que fazem parte da calha Solimões-Amazonas, de Tabatinga a Parintins, área de atuação da pesquisadora, juntamente com o Nepecab.
“O que tentamos fazer é uma análise integrada das relações entre sistema hidrológico e esses aspectos do processo de urbanização da população (sistema de abastecimento, custo de vida, transporte e a moradia)”, explicou a Docente. Muito antes dessa análise, Tatiana Schor já havia estudado as relações entre a sazonalidade dos rios e a saúde das populações tradicionais. Determinados períodos do ano desencadeiam doenças na população. E esses males estão relacionados com a subida e descida das águas.
Sistema hidrológico e urbanização
Segundo a Pesquisadora, o rio tem um papel importante na dinâmica urbana, e na estruturação das redes urbanas. Ele é o fator determinante da organização urbana e social. A sazonalidade dos rios interfere em quatro aspectos da urbanização de vilas e cidades do Amazonas: custo de vida, moradia, transporte e sistema de abastecimento.
No custo de vida, quando o rio baixa, surgem as várzeas. Esses locais são férteis para a produção de alimentos, o que diminui o custo de vida local. No aspecto moradia, existem modos construtivos adaptados à subida das águas, como por exemplo, as marombas, madeiras postas sobre o assoalho, construídas pelo próprio morador. Já no transporte, a cheia e a seca dos rios determinam o tempo de duração das viagens de barco.
Professora Tatiana SchorOutro aspecto da urbanização é o sistema de abastecimento das cidades e vilas da Amazônia, oriundas da produção rural, dependente dos rios. Para a Professora, a sazonalidade dos rios monta um calendário próprio, e cita como exemplo o extrativismo do camarão em Coari. “Neste período do ano está acontecendo a pesca do camarão no Município, pra vender no mercado. E tem (camarão) neste período. Não vai ter em outro”.
A proximidade do porto com a cidade também sofre influência do rio. Na seca, forma-se uma grande área na frente das cidades, que acaba virando um mercado. Já na cheia, o rio chega até o mercado. “Então essa sazonalidade também muda a cara da cidade. Muda as relações que as pessoas tem com a cidade”, finaliza Tatiana Schor.
Nesse terceiro Debate, o CCA contou com a participação especial de professores e alunos do Ciência na Escola, programa que realiza a alfabetização científica e tecnológica, destinada aos estudantes e professores da educação básica do Amazonas.
Na próxima terça-feira (25), o projeto `O Ambiente Além da Sala de Aula: Debate Ambiental´ finaliza a série de palestras do mês de agosto no CCA, com a temática `Ações da Defesa Civil frente aos Eventos Sazonais´, cujo palestrante é Hermogenes Rabelo, da Defesa Civil do Amazonas. A atividade começa às 09h30. O CCA está localizado no setor sul Campus, próximo da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA).