Seminário debate formas alternativas para geração de energia no Brasil

Energia solar e eólica são melhor alternativaEnergia solar e eólica são melhor alternativaDiscutir o modelo energético brasileiro e propor a adoção de formas alternativas de geração de energia foi a pauta do Seminário “Modelo energético e o bem viver dos povos da Amazônia” realizado na manhã desta quarta-feira, 3, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, dia 5 de junho. O evento ocorreu no auditório Samaúma, da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), no setor Sul, e contou com a participação de representantes do movimento indígena e povos tradicionais e do Ministério Público.

O Seminário resulta da parceria entre a Faculdade de Ciências Agrárias, o Centro de Ciências do Ambiente e o Programa de Pós-​Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPCASA) e a Articulação pela Convivência com a Amazônia (Arca). De acordo com a professora do Núcleo de Socioeconomia da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), Jozane Lima Santiago, o seminário foi realizado para articular forças e estreitar os laços entre a Ufam e as comunidades tradicionais.

Professora Jozane Santiago, FCAProfessora Jozane Santiago, FCASegundo a professora, o seminário pretende ampliar a discussão em torno de modelos mais condizentes com a realidade da Amazônia tendo o suporte do conhecimento acadêmico apresentando as alternativas. “Queremos não somente contestar os grandes modelos adotados, mas também, mostrar como a universidade, com todo o seu potencial, pode contribuir com as comunidades para esses modelos alternativos”, disse.

A professora informa ainda que as energias solar e eólica são as mais indicadas para o Brasil e, para a região Amazônica, devido às suas características naturais e pelo baixo impacto ao meio ambiente e à população. “Nosso potencial é a energia solar. O maior ganho é fazer com que esses projetos sejam concretizados para que os impactos ambientais nessa região não causem ainda mais danos do que vêm causando”, defendeu.

De acordo com o sociólogo Ivo Poletto, assessor do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, o modelo atual de geração de energia brasileiro baseado principalmente em usinas hidrelétricas, apesar de ser avaliado como um dos mais limpos do mundo pela baixa emissão de dióxido de carbono na atmosfera, não é o mais apropriado para o país.

Hidrelétricas são principal fonte de energia do paísHidrelétricas são principal fonte de energia do paísOutro ponto destacado pelo palestrante foi a produção de etanol. Segundo Poletto, a longo prazo a produção resultará o aumento da miséria no mundo e o desmatamento em razão do cultivo da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol. Segundo ele, o Brasil deve investir na geração de energia solar e eólica. “Podemos substituir tudo a partir do sol, dos ventos e do movimento natural das águas”, afirmou.

O procurador Federal do Ministério Público no Amazonas, Fernando Soave, apresentou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), legislação relativa aos direitos dos povos indígenas, quilombos e comunidades tradicionais. Conforme o documento, o Estado brasileiro se obriga a realizar consulta prévia a essas populações quando da realização de atos que as atinja de alguma forma, o que muitas vezes não ocorre, resultando no desrespeito às populações locais para a construção de hidrelétricas, por exemplo.

Também participaram do seminário representantes dos povos indígenas e moradores de áreas afetadas pela construção de barragens. Ambos relataram a luta permanente em defesas dos grupos que representam e as dificuldades enfrentadas para a preservação dessas populações. 

 

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