I Círculo de Palestras sobre Cultura e Literatura no Amazonas aborda "Cidade e Memória: Manaus de 1920 a 1967, o Mito em Crise"

Palestrante buscou fazer nova leitura sobre crise da borrachaPalestrante buscou fazer nova leitura sobre crise da borracha

O Programa de Pós-Graduação em Letras, em parceria com o Grupo de Pesquisas Estudos de Literatura de Língua Portuguesa (Gepelip), e o Núcleo de Pesquisas em Linguagens de Expressão Amazônica (Conplexa), vinculados ao Departamento de Letras, Língua e Literatura Portuguesa (DLLP) promoveu nesta segunda-feira, 11, mais uma atividade voltada aos alunos de pós-graduação, acadêmicos de Letras e de áreas afins, professores de literatura, e demais interessados de outras áreas do conhecimento acerca do tema "Cidade e Memória: Manaus de 1920 a 1967, o Mito em Crise", proferido pelo professor titular da UFAM José Aldemir de Oliveira. O evento fez parte do I Círculo de Palestras sobre Cultura e Literatura no Amazonas. 
 
Antecedendo a exposição do palestrante, o mestrando do curso de Letras, Rafael Silva, fez a leitura curricular e acadêmica do professor José Aldemir de Oliveira, que é doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP). Ele tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Urbana e Geografia da Saúde, atuando, principalmente, nos temas: Amazônia, cidade de Manaus, cidades amazônicas, cidade e sustentabilidade. O professor atuou, ainda, como diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), no período 2003 a 2005; foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas de 2007 a 2009; reitor da Universidade do Estado do Amazonas, entre julho de 2010 e março de 2013 e lidera o Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira (Nepecab), sendo professor dos cursos de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia e de Geografia na Universidade Federal do Amazonas.
 
Durante a palestra, o professor José Aldemir de Oliveira projetou construir uma interface com a cultura, fazendo reflexões, sobre o chegar e como era a cidade; do espaço da crise às espacialidades das festas e da arte, por fim, da vivência do que permanece como memória e o que se transforma como reconstrução de novos tempos. O ponto de partida foi a pergunta: "Cidade da crise, de 1920 a 1967: qual a crise?". A resposta veio com a ideia de que cidade é construção e desconstrução do cotidiano. 
 

Clubes surgem como estruturação cultural Clubes surgem como estruturação cultural

"A cidade é tudo isso, mas não só isso. Eu retomo uma ideia de resultado de uma pesquisa fruto da minha tese para professor titular desta Instituição, sob a ótica, que nós na Amazônia, particularmente em Manaus, somos atingidos por longos períodos de crises, com breves períodos de farturas para poucos e migalhas para a maioria. É como se estivéssemos sempre à espera dos restos, que nos são postos, em processos que não se concluem. É como se a história não fosse feita, mas estivesse sempre por se fazer", disse.
Ele continuou apresentando a visão de que é preciso observar que cidades e metrópoles devem ser olhadas de ângulos distintos. Para eles, a primeira tem um dia a dia com aconteceres humanos e nas metrópoles, há limitações, pois as construções perpassam apenas por valores, estruturas e, dificilmente, pelo que é inerente ao homem. 
 
"Diferente do que se prega historicamente, não vejo que tenhamos vivido uma crise astronômica, que torna Manaus alheia a quaisquer possibilidades de desenvolvimento que não fosse a borracha, até porque o látex rendeu capitais para aqueles poucos e os que eram pobres permaneceram assim", disse ele, que afirmou, também, que em pouco tempo, os trabalhadores extrativistas foram migrando para outras culturas, buscando o sustento. Com aquela crise, a cidade é tomada por vencidos, daí foram surgindo os bairros, onde os moradores buscam se constituir cultural e economicamente. .
 
A leitura "cultural" sobre o tema da sua palestra surgiu com a exposição de fotos cotidianas do que se tinha como representação cultural para os moradores da cidade daquele período, em meados da década de 1920. 
 
"Eis que surgem cidade balneária, os cinemas, os clubes, as festas religiosas. Naquela época ainda existia uma cidade a qual tinha 'beira' e não orla. A orla torna a cidade sem memória", salientou. 
 
Por fim, o professor e palestrante disse que, embora haja uma exposição antagônica do ontem em relação ao hoje, é preciso aceitar que toda cidade pode ser construída, reconstruída, estar num estado inacabada de desenvolvimento e que isso é "natural" e que seria necessário encontrar um equilíbrio. 
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