Empreendedorismo, Zona Franca e Universidade são tônica de palestra no Fórum de Inovação
Vice-reitor (c) afirma que interiorização amplia qualificação de mão de obra
Uma reflexão sobre a relação entre a Universidade Federal do Amazonas e a Zona Franca de Manaus foi a tônica da palestra de abertura do evento intitulado “Fórum de Inovação do PIM”, realizado nesta semana, pela coordenação do Programa Educação Empreendedora/ Inovapim, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica da UFAM (Protec) e da Inovepro Empresa Júnior.
O objetivo do evento foi discutir de que forma a Instituição e o complexo industrial, responsável pela maior parcela de geração de renda no Estado, sobre como contribuir para um maior desenvolvimento da região. O foco foi apresentar soluções, discutindo realidades e propondo melhorias para o desenvolvimento com um olhar nas potencialidades locais. A temática foi abordada pelo ex-vice-governador do Estado, Samuel Hanan, que também ocupou cargos de secretário estadual de Fazenda, de Estado da Indústria, Comércio e Turismo do Amazonas.
À mesa de abertura do evento estiveram o vice-reitor, professor Hedinaldo Narciso Lima, o diretor da Faculdade de Estudos Sociais (FES), professor Sylvio Puga, o chefe do Departamento de Engenharia de Produção, professor Roberto Lavour, o diretor-presidente da Associação das Indústrias e Empresas de. Serviços do Pólo Industrial do Amazonas (Aficam), Cristóvão Marques Pinto e a consultora e educadora do Sebrae, Idilomaria Dantas Duarte, além da representante da Protec, Maria do Perpétuo Socorro Lima Verde e do diretor da Faculdade de Tecnologia, José de Castro Corrêa.
Estavam presentes, ainda, uma das responsáveis pela Incubadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Leonardo Rodrigues e, pela Abratec, Jeane Moura.
O primeiro a se pronunciar foi o chefe do Departamento de Engenharia de Produção, professor Roberto Lavour, que parabenizou a organização do evento por parte da Inovepro.
“Ressaltamos a importância do evento no sentido de trazemos para a Academia uma discussão sempre muito pertinente sobre o futuro da nossa economia e dos milhares de postos de trabalho”, considerou.
O diretor da FES, professor Sylvio Puga, por sua vez, relatou a contribuição de alguns presentes ao evento que contribuíram para o desenvolvimento da economia local. Disse, ainda, que a UFAM está imbuída de qualificar mão de obra para atender às especificidades do complexo industrial.
“Estamos implementando três novos cursos: Relações internacionais, Ciências Políticas e Ciências Atuariais, um novo campo da Economia, bastante demandado pelo complexo industrial. Ou seja, temos caminhado bastante no que tange a nossa competência”, disse.
O diretor da FT, José de Castro Corrêa, suscitou, em seu discurso, que a Universidade não pode mais passar ao largo da Zona Franca de Manaus e que a ZFM, em contrapartida, deve tentar se aproximar da academia, não apenas recebendo mão de obra, mas pensando soluções, junto com a Instituição.
Representando a pró-reitoria de Inovação Tecnológica (Protec), Maria do Socorro de Lima de Verde afirmou o orgulho de poder ver que os organizadores do evento alcançaram os objetivos propostos, instigando a reflexão e celebrando novas possibilidades.
“Temos nos empenhado bastante em desenvolver projetos e atividades voltados ao empreendedorismo. Este é um deles, ao qual nos dedicamos”, frisou.
Para o vice-reitor, professor Hedinaldo Narciso Lima, discutir Zona Franca de Manaus e Universidade Federal é uma questão fundamental para o processo de desenvolvimento da Amazônia. Para ele, a cultura do empreendedorismo precisa estar incrustada no ensino dos alunos, de forma a pensarem em ocupar postos de trabalho sem ser na figura de empregado ou servidor público.
“Mais do que isso, ampliar essa visão não apenas junto aos nossos alunos que estão na capital, mas também no interior, embora aqui estejam 83% de tudo o que o Amazonas produz como renda”, afirmou.
Nesse sentido, o vice-reitor salientou o espírito de interiorização da Universidade, quando dos 117 cursos de graduação, 37 estão no interir (Benjamin Constant, Coari, Parintins, Itacoatiara, Humaitá).
“A interiorização é um desafio para a Administração Superior, também no que se refere à visão que nossos irmãos mantêm da Ufam, tomando-a como federal, distante e fora do contexto amazônico. O Amazonas não olha para a Ufam como se fosse uma instituição do estado, que anualmente tem incorporado R$ 500 milhões à sua economia.
O palestrante do evento, o ex-gestor público Samuel Hannan, iniciou sua apresentação relembrando sua passagem pela Faculdade de Engenharia, ainda nos anos de 1960. Dez anos depois, retornou à UFAM para atuar como docente. Em seguida, fez um breve levantamento histórica da criação da ZFM.
“A origem da ZFM remete a ideia de ocupação da Amazônia, mais pela posição geográfica do que propriamente por outra razão. Para ser um projeto bem sucedido, teria de contar com indústrias de montagem e não de base e garantir alta chance de lucro às empresas e governo”, revelou.
“Mas em 48 anos de ZF cometemos muito mais erros do que acertos, afinal 52% da população estão aqui, a cidade é menos de 1% da área geográfica do Estado e o interior, para onde se pensava expandir o complexo industrial, ficou à margem do planejamento. Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), permanecemos com 1,7 do que é produzido em todo País”, considerou.
Para ele, é preciso pensar que há riscos iminentes ao projeto Zona Franca, apesar da concessão de mais 50 anos, mas há de se pensar em investir no turismo, por exemplo, além de em outras possibilidades que valorizem os conhecimentos e potencialidades do homem amazônida.