PPGH promove palestra sobre o Santo Ofício em Portugal

Prof. Almir Diniz, do PPGH (e) e Prof. Yllan de Mattos, da UNESPProf. Almir Diniz, do PPGH (e) e Prof. Yllan de Mattos, da UNESPNec spe nec metu (Nem a esperança, nem o medo). Todas as pessoas que adentravam as salas de interrogatórios do Tribunal do Santo Ofício em Portugal, a chamada Inquisição, eram recebidas com uma pintura contendo esta frase em latim. Essa foi uma das descobertas do professor Dr. Yllan de Mattos, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) que proferiu, na tarde desta quarta-feira (15), a palestra “Bocas do Inferno: a crítica ao Santo Ofício da Inquisição no Portugal da época moderna (séculos XVI a XIX)”.

O evento, que aconteceu no Auditório Rio Negro, no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), no Setor Norte do Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, em Manaus, foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da UFAM e contou com a parceria da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) da Universidade.

O tema da palestra de Mattos, alusivo ao escritor Gregório de Matos, cujo apelido era “Boca do Inferno”, tratou sobre as críticas e os críticos da Inquisição em Portugal, bem como os procedimentos tomados pela instituição, como os autos-de-fé. Segundo Mattos, não eram poucos os críticos do Santo Ofício na época. “Nomes conhecidos como o Padre Antônio Vieira, o Marquês de Pombal e dom Luís da Cunha eram ferozes opositores da Inquisição, bem como o próprio povo português, que repudiava com vigor os agentes do Santo Ofício”, ressaltou o professor.

Ainda segundo o professor, na época, a Inquisição, por ser uma instituição mais poderosa do que a própria monarquia portuguesa, fez cunhar o ditado “Com o Rei e a Inquisição, calem-se!”. “Por causa disso, o Santo Ofício entrou em conflito com diversos agentes de poder da época, como a própria monarquia portuguesa, os bispos de Portugal e até mesmo contra o próprio papado”, salientou.

Difusão do conhecimento

O público presente ao Auditório Rio Negro pôde conferir uma palestra de altíssimo nível. Entre os presentes, estava Sarah Araújo, mestranda do Programa de Pós-Graduação em História. A pesquisa de Sarah tem a ver com o assunto abordado pelo professor, e fala sobre a visita inquisitorial ao território do Grão-Pará no século XVIII.

Para ela, participar de uma palestra dessas é importante, porque é uma forma de difusão do conhecimento. “A Inquisição foi um período negro da história do mundo, então, mais do que uma forma didática de ver esse período, precisamos relembrar para não esquecermos o que aconteceu naquela época”, frisou a aluna, cuja banca terá entre os integrantes o próprio Dr. Yllan.

Para o professor, relembrar o período do Santo Ofício é uma forma de combater quaisquer tipos de intolerância. “Estudar e relembrar tudo isso é importante para que não se perca o que fomos, o que somos e o que queremos ser. Fazemos tudo isso para que também não se perca a memória do que aconteceu, para que não façamos uma outra vez”, finalizou o professor, que esteve na Universidade para divulgar o seu livro, resultado da pesquisa de doutorado "A Inquisição Contestada: críticos e críticas ao Santo Ofício Português (1605-1681)".

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