Acordos de Washington iniciaram migração em massa de nordestinos para Amazônia

 

Esse é o resultado da pesquisa  “Batalha da Borracha: contexto da migração cearense para o Amazonas de 1937 a 1945”, do mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), Francisco Eleud Gomes da Silva que defenderá a dissertação no próximo mês de abril.  O estudo objetivou desvendar o processo de migração cearense para o Estado do Amazonas durante o período de 1937 a 1945.

De acordo com o pesquisador, após o ataque do Japão à base de Pearl Harbor que resultou no bloqueio de fornecimento da borracha asiática aos Estados Unidos (EUA) pelo Oceano Pacífico, autoridades americanas e brasileiras assinaram Acordos de Washington, em 1942, que dentre outras coisas, estabeleceu o financiamento do governo americano na produção de borracha na Amazônia. De acordo com o pesquisador, em contrapartida, o governo brasileiro enviaria um grande contingente de trabalhadores para os seringais nativos da região.

Para Silva, esta decisão foi tomada como um esforço heróico, pois as atenções do governo americano se voltaram então para a Amazônia, a qual já era considerada um grande reservatório natural de borracha, com cerca de 300 milhões de seringueiras prontas para a produção de 800 mil toneladas de borracha anuais, mais que o dobro das necessidades americanas. "No papel, o esquema parecia simples, mas a realidade mostrou-se cruel quando chegou o momento de colocá-lo em prática", completa Francisco Eleud Silva. 

O pesquisador entende que a vinda de trabalhadores nordestinos, principalmente cearenses, para a Amazônia permitiu um esforço de guerra dos aliados.  Segundo ele, apesar das políticas públicas desenvolvimentistas aplicadas durante esse período, elas não foram capazes de trazer o desenvolvimento para a região e nem aos trabalhadores que participaram diretamente do processo. O pesquisador enfatiza o drama social e o sofrimento desses migrantes numa aparente expropriação proporcionada pelo sistema de aviamento existente e que até hoje perdura na Amazônia. “Embora tenha sofrido algumas mudanças em nossa atualidade, seu caráter explorativo ainda permanece”, disse o autor do trabalho.

O fato de ser nordestino inspirou Francisco Eleud Silva a se aprofundar na temática e por ter vivenciado todo o percurso que aqueles migrantes realizaram naquele período, quando chegou em Manaus com seu irmão e tios, nos anos de 1980. Portanto, disse Francisco Eleud, o tema sobre migração nordestina sempre foi muito atraente, pois gostaria de entender o porquê desse processo da vinda de  cearenses para a Amazônia.

Ele relata que o processo de investigação, inicialmente, se deu com o  levantamento bibliográfico que se concentrou em fontes de jornais da época, a Constituição de 1988 e a Legislação Brasileira acerca do tema, leis específicas aos seringueiros e, posteriormente, aprofundamento na questão da migração cearense  para análise geral das obras.

Fransciso Eleud disse que a realização da pesquisa durou  exatamente dois anos de investigação, correspondente ao tempo de duração do curso de mestrado, ou seja, entre 2013 e 2015, com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

 

 

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