Com o objetivo de preservar o meio-ambiente, visando a inclusão digital de comunidades residentes nos bairros da periferia de Itacoatiara, o Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET) desenvolve o Projeto Reciclagem de Lixo Digital. Coordenado pela professora Anacília Cavalcante, o projeto de extensão recicla peças de computadores e periféricos com defeito, ou em desuso, para a reconstrução de novos computadores, de forma sustentável, a fim de diminuir os riscos ambientais causados pelo lixo eletrônico.

Os números impressionam. Segundo dados da Associação Brasileira de Reciclagem Eletrônica e Inclusão Digital (ABREID), em 2013, os resíduos eletrônicos já representavam 5% de todo o lixo produzido pela humanidade. Isso quer dizer que 50 milhões de toneladas de produtos derivados da indústria de informática e eletroeletrônica foram jogadas fora pela população do mundo. No caso brasileiro, mesmo com a determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, raros são os municípios que possuem uma política específica para o descarte e recolhimento de lixo eletrônico, e o mesmo acaba sendo descartado como lixo comum, indo para o aterro sanitário o que tornando um risco à saúde e ao meio ambiente.

Para se ter uma ideia, um computador mediano é feito de elementos básicos, conhecidos de todos, como plásticos e metais, mas também de componentes extremamente danosos à saúde de uma população, como o chumbo, o cádmio, berílio e mercúrio.

Um desafio para os ‘extensionistas’

A partir desses dados, o projeto Reciclagem de Lixo Digital dá um passo importante para mudar um pouco essa situação. O Projeto propõe um processo inovador de um ciclo de vida para as peças digitais, onde recolhe computadores usados, separando as peças em utilizáveis e não utilizáveis, comenta a professora.

Segundo ela, o material reaproveitado transforma-se em computadores usáveis, os quais estão sendo disponibilizados aos alunos da Escola Municipal Irmãs Dorotéias. Todos os sábados, os alunos vêm ao ICET para aulas de informática básica, disse a coordenadora.

O material não aproveitável vira artesanato como pulseiras, brincos, chaveiros, porta-retratos, porta-lápis, imãs para geladeiras, lixeira de coleta seletiva entre outros. Além disso, são ofertadas à comunidade oficinas que permitem a aprendizagem desta técnica artesanal.

A professora Anacília Cavalcante  acredita que com esse projeto foi possível observar a relevância tecnológica, social, ambiental, cultural e educativa que a ação proporciona, visto que por meio dele, os acadêmicos do curso de Sistemas de Informação ampliaram seus conhecimentos em hardware e software e aprenderam técnicas artesanais para evitar que as peças não utilizáveis fossem jogadas no lixo, minimizando, portanto, os riscos ambientais causados pelo lixo eletrônico.

Além disso, a coordenadora salienta que tanto os acadêmicos do ICET, quanto os alunos da Escola Municipal Irmãs Dorotéias, do bairro São Francisco, em Itacoatiara, exercem sua cidadania e responsabilidade social quando compartilham conhecimentos por meio da oficina de reciclagem e inclusão digital. No laboratório de informática, computadores foram recuperados a partir da reciclagem. 

A acadêmica Rayane Lelis, aluna do curso de Sistemas de Informação e integrante do projeto destaca que “o projeto possibilitou que os assuntos aprendidos em sala de aula, principalmente em relação à disciplina de arquitetura de computadores, fossem assimilados na prática através do manuseio das partes eletrônicas dos computadores.”

Outro ponto importante destacado pela acadêmica, é a interação com pessoas de fora da Universidade, que permitiu conhecer outras realidades, e levar conhecimentos que visem a conscientização ambiental e tecnológica.

Para Elisângela Conceição, professora da Escola Municipal Irmãs Dorotéias, é um grande projeto. É uma oportunidade de conscientizar à população para repensar práticas quanto ao descarte do lixo digital, finaliza a professora.