Primeiro doutor do PPGE defende tese sobre políticas públicas para pessoas com deficiência
Dalmir Pacheco, primeiro doutor titulado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFAM (PPGE) é sociólogo, mestre e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), onde ele coordena o Projeto Curupira, objeto da pesquisa. A defesa, que foi orientada pela professora Iolete Ribeiro, ocorreu na manhã desta sexta (19).
Ele conta que, a princípio, a ideia era distinta do tema políticas públicas inclusivas, mas essa proposta surgiu no decorrer do curso como estudo de caso do Projeto Curupira. “Resolvemos falar do Projeto Curupira, que realiza a formação profissional de pessoas com deficiência, dentro do IFAM. O projeto cria objetos de aprendizagem adaptados e capacita professores para a educação especial, ou seja, ele materializa uma política pública de inclusão escolar”, explica Dalmir Pacheco ao resumir a relevância da investigação.
A diretora da Faculdade de Educação, professora Selma Baçal, que coordenava o Programa à época da submissão da proposta de doutorado para o PPGE foi enviada à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), orgulhou-se do feito. “É um marco histórico porque o doutorado foi criado pela Capes em 2009, com a primeira turma em 2010, num esforço coletivo para oferecer a melhor qualidade da formação stricto sensu na área da Educação”, recorda. Atualmente, o PPG é coordenado pela professora Arminda Mourão.
A Tese
A orientadora da tese e diretora da Faculdade de Psicologia da UFAM, professora Iolete Ribeiro, disse que a pergunta central foi "Como a visibilidade da pessoa com deficiência passou a ser construída pelas políticas públicas em educação e trabalho, mesmo nascidas na estrutura de uma sociedade marcadamente competitiva e excludente?" E para análise dessa questão foi realizada uma pesquisa documental e o estudo de caso do Projeto Curupira.
A partir de uma abordagem qualitativa para tratar o tema, foi possível elaborar uma análise interpretativa sobre políticas públicas e visibilidade de pessoas com deficiência no âmbito do Curupira. “A nossa tese é de que, mesmo dentro de uma sociedade competitiva e materialista, as políticas públicas oportunizam a visibilidade da pessoa com deficiência, através da educação e da profissionalização”, pontua o pesquisador, ao evidenciar iniciativas dessa natureza e voltadas a esse público.
O professor coordena o projeto curupira desde a criação, em 2007, no âmbito do IFAM. Qual a perspectiva vocês abordaram (o recorte) para a pesquisa de doutorado? A pergunta central da tese foi esta: "Como a visibilidade da pessoa com deficiência passou a ser construída pelas políticas públicas em educação e trabalho, mesmo nascidas na estrutura de uma sociedade marcadamente competitiva e excludente?". E para análise dessa questão foi realizada uma pesquisa documental e o estudo de caso do Projeto Curupira.
Resultados
Com experiência na área da psicologia histórico-cultural, a professora Iolete Ribeiro explicou que o tema ‘políticas públicas’ foi analisado com o objetivo de “produzir conhecimentos que contribuam para promover os direitos da população”. Ela apontou ainda para a possibilidade de construção de uma “cultura pró-direitos humanos”, enfatizando que essa deve ser uma tarefa coletiva que passa pela produção de conhecimentos por meio de interfaces entre essas áreas. “A Universidade participa da invenção de uma escola inclusiva na medida ao formar profissionais que compreendem que a diversidade é inerente à condição humana”, aponta.
Ao apontar os principais resultados da pesquisa, Dalmir Pacheco aponta para as contribuições pedagógicas e para o alcance das ações que foram possíveis através do projeto Curupira. O debate sobre a inclusão escolar gerou produção científica a partir do projeto, inclusive como forma de aprimorar o trabalho que está em andamento desde 2007. Em complemento, a orientadora disse que uma das principais contribuições dessa investigação foi o resgate das políticas públicas de inclusão e a apresentação da experiência do Curupira. “A tese demonstra que é possível avançarmos na promoção dos direitos das pessoas com deficiência”, conclui.