Professor Willi Bolle fala das ‘Passagens’ de Walter Benjamin no Encontro de Ideias
Tradutor das obras do sociólogo, filósofo, crítico literário, ensaísta e escritor Walter Benjamin, que também foi um dos representantes da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, o professor Willi Bolle, da Universidade de São Paul (USP), realizou a palestra intitulada ‘Walter Benjamin: minha participação em sua difusão e recepção no Brasil’.
O evento ocorreu na quarta-feira (19), no bloco Mário Ypiranga Monteiro do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), e reuniu estudantes, professores e pesquisadores de Ciências Sociais, Comunicação e áreas afins. Trata-se de uma realização do Grupo de Pesquisa Amazônia e Pensamento Contemporâneo do Núcleo de Estudos sobre a Teoria Crítica, sob a coordenação do professor Renan Freitas Pinto (PPGSCA).
Ao receber o professor Willi Bolle, cuja tese versou sobre a técnica narrativa de Guimarães Rosa (Grande Sertão Veredas) em aproximação com o procedimento de escrita constelacional de Walter Benjamin, o coordenador da atividade falou da relevância das traduções para a recepção do pensamento crítico de tradição marxista desenvolvido por Benjamin, assim como de outros expoentes da mesma Escola, como Theodor Adorno e Marx Horkheimer. “Quando começamos a ler esses autores, havia um atraso em relação a outros países, pois as obras não chegavam aqui. Líamos o Weber [Marx], por exemplo, pela tradução mexicana”, enfatizou.
Um pouco de Walter Benjamin
Diante de uma vasta obra distribuída entre ensaios, críticas literárias e de cunho sociológico, o professor Willi Bolle elegeu a obra ‘Passagens’, uma historiografia de Paris no início do século XX, para ser o tema desta palestra. O professor Bolle relembrou como surgiu a inquietação a respeito do conceito de crítica em Benjamin, traduzida na tese de livre docência intitulada ‘Tableaux berlinois. Walter Benjamin e a cultura da República de Weimar’. “Eu fui buscar a relação entre o lugar onde eu nasci - Berlim, e onde eu vivo - São Paulo. Nessa linha, eu publiquei a obra Fisionomia da Metrópole Moderna, no ano de 1984”, explicou o docente.
Ao falar sobre a obra ‘Passagens’, o palestrante situou Walter Benjamin como autor de uma das mais belas historiografias do século passado. A obra foi escrita entre 1927 e 1940, mas foi publicada apenas em 1982, na Alemanha. Com esse livro, Benjamin alcança o objetivo de apresentar a Paris do século XIX, a qual ele chama de ‘cidade de sonho’. “Segundo minha avaliação, a obra está entre uma das melhores historiografias já escritas”, ressaltou Bolle, expondo que através dela o autor se dispõe a expressar as motivações profundas do seu contemporâneo, inclusive fazendo uma crítica à própria classe, a burguesia, através do lugar que pode ser definido como “a capital do Capital”.
Continuação
Nesta sexta-feira, 21, às 9h, na sala 6, do bloco Mário Ypiranga Monteiro, no ICHL, ocorre a sengunda palestra do professor Willi Bolle, (aula de encerramento do evento) sobre o professor Dulcídio Jurandir (intérprete da Amazônia), intitulada “Uma abordagem à luz da Teoria Crítica”.