Povo Yanomami inicia o primeiro Curso Superior Indígena Específico

Teve início, de 15 a 24 de outubro de 2014, na comunidade de Maturacá, Terra Indígena Yanomami, município de São Gabriel da Cachoeira/AM, o primeiro Curso Superior Indígena específico para o Povo Yanomami. Trata-se de uma experiência inovadora por ser a primeira do país que além de seguir os princípios da Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável acontece integralmente em Terra Indígena.

O curso de Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável é ofertado pelo Instituto de Ciências Humanas e Letras da UFAM, e atualmente possui seis turmas (Tukano, Baniwa, Nheengatu (02), Yanomami e Sateré-Mawé, esta última inicia em novembro de 2014). O Curso tem duração de 4 anos, funciona com o sistema modular de férias, com quatro etapas anuais (duas intensivas e duas intermediárias), com a metodologia do Ensino Via Pesquisa e Currículo Pós-feito que permite a articulação e a produção de Conhecimentos e Epistemologias a partir de seus referencias e  cultura. O curso foi avaliado em setembro de 2014 pela Comissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (INEP/MEC), quando obteve nota 4, numa escala de 1 a 5. O currículo, proposta pedagógica e metodológica obtiveram nota 5.

Para a turma Yanomami foram abertas 50 vagas, que contemplaram os das comunidades dos Rios Cauaburis e Afluentes, Marauiá e Demini, localizados nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.As atividades iniciaram com a discussão das problemáticas que irão compor as pesquisas do currículo pós-feito pelos professores: professora Ivani Faria, coordenadora geral, e professor Mateus Coimbra de Oliveira, membro do colegiado do curso.

A formação foi solicitada pelas lideranças indígenas por meio da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes em 2013, por desejarem um curso diferenciado que articulasse os conhecimentos indígenas (Yanomami) e não indígenas e não um curso a contemplar apenas os conhecimentos ocidentais “A nossa cultura e os nossos conhecimentos devem ser respeitados e fortalecidos”, disse um estudante Yanomami da turma.

A abertura do curso contou com a presença dos Pata-pata Yanomami Miguel, Jorge, Antônio, Daniel e lideranças Ângelo, Júlio Goes, Carlos, Presidente e Secretário da AYRCA Valdir e Brauney Menezes, estudantes e alguns professores do sistema estadual de educação da comunidade, quando foi apresentado o curso formalmente e seu funcionamento. 

No encerramento foi discutido com as lideranças sobre a logística para a continuidade no período que ocorrerá o curso, de 19 de janeiro a 21 de fevereiro de 2015. Ele marca o início da realização de um sonho para os Yanomami que anseiam por uma educação específica e diferenciada, e se configura num importante marco no caminho do processo de aquisição de competências e autonomia, as quais fortalecerão a identidade e a cultura desse povo no mundo globalizado.

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