Materiais coletados na floresta ganha forma nos trabalhos desenvolvidos pelos artesões de comunidades longínquas da Amazônia. São tapetes, chapéus, cestarias, peneiras, jogos de mesa, caixa de presente e outros utensílios criados com base nas composições do grafismo indígena despertam a atenção pela criatividade e inovação dos produtos. Os trabalhos estão em exposição na `AgroUfam: Feira de Produção Familiar da Ufam` até sexta-feira, 10, na Faculdade de Ciências Agrárias, Setor Sul.

O processo de criação dos produtos inicia-se com a coleta da fibra da árvore de Cauaçú (Coccoloba latifólia) planta encontrada na várzea da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã do município de Maraã (distante 615 quilômetros de Manaus). A coleta é realizada por 17 mulheres de três comunidades do Rio Coraci denominadas de `Grupo de Artesãs do Coraci´.

A artesã Maria Marly das Chagas Oliveira, 51, moradora da Comunidade de São João do Ipecaçu, disse que a produção se restringe a balaios, peneiras, vasos e jogos de mesa, entre outras peças que são produzidas de forma sustentável. Segundo ela, para a produção do artesanato exige-se a manipulação dos talos desta planta chamados de teçumes, tingidos com corantes naturais extraídos das plantas como o anil, urucu e o crajirú.

As peças produzidas são formatadas referenciando o grafismo indígena, mas que são interpretadas pelos comunitários como a representação de animais amazônicos, como a cobra (jibóia), o jacaré, o embuá, a onça, dentre outros que constituem a fauna daquela região.  

Para a representante Fundação Vitória Amazônica, Maria da Saúde, 40,  a exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos artesãs de dez comunidades da Reserva Sustentável Rio Unini, município de Barcelos (distante 450 quilômetros de Manaus), nao se resume na divulgação e comercialização da castanha produzida pelas comunidades. O artesanto também desperta interesse dos tanseuntes que visitam a AgroUfam. Chapéus e tapetes produzidos com fibras naturais ganha novo design de criação, comenta a representante.  

O tapete de tupé produzido pelos artesãos da Reserva Sustenvável do Rio Unini, tem origem da planta arumã, cujo caule é retirado em forma de tala para a fabricação do tapete. Segundo Maria da Saúde, o design aplicado na fabricação lembra o grafismo indígena. A fibra é tingida com produtos naturais variando com cores terra e ocre.

Papel da Agroufam

A AgroUfam tem como objetivo estabelecer uma feira de comercialização dos produtos da agricultura familiar, visando a divulgação de produtos capazes de estimular o empreendedorismo, fortalecer a agricultura familiar e os produtos regionais.

Estandes com produtos agropecuários, espaços para artesanato, plantas ornamentais e praça de alimentação, são elementos atrativos não apenas a comunidade acadêmica, mas também moradores de bairros no entorno, que ajudam a movimentar as vendas e a aumentar a visibilidade de produtores, artesãos e comerciantes.