Autodeclaração indígena facilita censo demográfico em município amazonense

O levantamento demográfico socioeconômico realizado na sede do município de Tabatinga (distante a 1.105km de Manaus), cujo contingente indígena é aproximadamente de 46 mil pessoas (Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE/2010), o maior do paíspermite obter dados oficiais que poderão trazer benéficos no âmbito governamentapara as  comunidades de Umariaçu I e II.

De acordo com o professor Dr. em Demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),  vinculado ao Departamento de Economia e Análise , Pery Teixeira,  a consequência do aumento populacional nas cidades amazônicas, atraiu a migração indígena para a área urbana e, fez com que  indígenas não se declarassem índios, dificultando a identificação dessa parcela populacional.

A grande novidade para o desenvolvimento da pesquisa foi selecionar entrevistadores indígenas para atuarem no contexto urbano daquele município, que gerou dados censitários extraordinários quanto ao modus vivendis daquela população, evitando assim, a omissão de informações. É o caso dopovo Tikunaque tem aproximadamente 20 % dasua população residente na área urbana de Tabatinga.

Por outro lado, as deficiências dos censos demográficos quanto à população indígena residente naquele município, trazem dúvidas quanto a exatidão e a cobertura dos resultados censitários, em que a maior parte dapopulação urbana vive em Terra Indígena Tukuna Umariaçu, do povoTikuna, que abriga duas aldeias, Umariaçu I e II, estimado em 5.368 pessoas, segundo dados do IBGE - 2010).

O restante da população indígena urbana é compostaatualmente por 819 habitantes, entretanto, encontra-se dispersa pela malha urbana, agregando a ela, outras etnias, como os povos KokamaeKambeba. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa foi contribuir para o avanço no conhecimento da realidade dos povos indígenas na área urbana, diz Pery Teixeira.

De acordo com o ele, as informações disponíveis e mais atualizadas sobre a população indígena das cidades brasileiras não parece confiável, ou, mais precisamente, não se conhece, de fato, o contingente indígena na área urbana do Brasil. “Além disso, o tamanho da amostra censitária (10% do universo) não é de molde a permitir a análise das informações onde a população indígena é reduzida, como na área urbana de Tabatinga”, afirma o pesquisador.

O pesquisador informa que aobservação cuidadosa dos fatores citados, imprecisão dos dados e impossibilidade de sua análise, impede a realização de estudos consistentes, privando os povos indígenas a não participação das ações do poder público.  Isso nosremete à necessidade de buscar novas, completas e mais confiáveis informações a respeito da população indígena urbanano país, completa o pesquisador.

Método

Realizada no primeiro semestre de 2014, a pesquisa teve cunho quantitativo, restringindo apenas em três questionários, diz Pery Teixeira. O primeiro verificou as condições materiais de vida dos moradores no que se refere ao material de construção da residência, à qualidade dos serviços de saneamento, disse.

O segundo contemplou a produção econômica da família, quanto ao tipo e destino da produção e de outras características dela.  E, por último, foram aplicados questionários a cada um dos moradores, adultoou alguém que o substitui-se.

O pesquisador ressalta que nos questionários estavam contidos quesitos de ordem demográfica (idade, sexo, migração e fecundidade), sociais (estado civil, instrução, trabalho e renda) e de saúde (em especial da saúde bucal e materno-infantil).

Contribuição

Para Pery Teixeira, a grande contribuição da pesquisa foi suprir as informações oficiais dadas pelo IBGE. E fala sobre a necessidade do pesquisador ir ao campo para conhece melhor a realidade e, consequentemente, obter melhores  dados censitários. 

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