Movimento católico contra projetos da integração nacional é tema de dissertação do PPGH

As ações de desenvolvimento econômico propagadas pelo governo brasileiro nos anos de 1970 e 1980 junto aos povos Waimiri-Atroari e o surgimento de movimentos na Igreja Católica em defesa das comunidades indígenas na Amazônia foram objetos de investigação da dissertação intitulada `Movimento de apoio a resistência Waimiri-Atroari: ecos de uma ação indigenista católica contra os grandes projetos (1976-1988) de André Luiz Passos Araújo.

Verificar e analisar a atuação dos movimentos de apoio à resistência dos povos Waimiri-Atroari e das consequências do imaginário criada no município de Presidente Figueiredo foram as preocupações do pesquisador, que atribui ao Plano de Integração Nacional seu grande questionamento. A sessão pública de defesa ocorreu nesta sexta-feira, 27, no auditório do Programa de Pós-graduação em História (PPGH).    

Sob orientação do professor James Roberto Silva, do Departamento de Historia, André Passos alega que o plano de desenvolvimento econômico, de proteção da Amazônia e da integração nacional justificavam os massacres, as tomadas de terras e as transferências de aldeias, entretanto, o pesquisador diz que não foi observado os impactos que viria causar na cultura daquele povo.      

Segundo o pesquisador, na década de 1970, a Igreja Católica redireciona o conceito de missão que tinha como alvo principal a catequização indígena, associando aos conhecimentos da Antropologia e das Ciências Humanas, o que faz surgir um movimento em defesa indígena, cujo objetivo principal foi manter a autodeterminação dos povos indígenas com base na  capacidade de levá-los a decidir seus próprios destinos como também formar a opinião publica quanto essa problemática.   

Nesse sentido, o pesquisador comenta que, a partir daí, ficaria mais fácil tomar decisões quanto a construção da BR-174 (Manaus-Boa Vista) e da Hidrelétrica de Balbina, como também a preservação da cultura local. Por conta disso, o pesquisador atribui ao movimento católico a ideia de conscientização política indígena dando suporte aos embates contra os projetos de integração nacional do governo brasileiro.    

André Passos argumenta que durante todo processo de implementação do projeto governamental, os contatos com os Waimiri-Atroari não foram nada  harmoniosos, culminando com a dizimação de milhares de índios, pois grande parte dessas ações foram impostas de maneira violenta.

Estima-se que no final dos anos de 1960, havia uma população de mais 2 mil índios e no inicio dos 80, e esse número foi reduzido para 300 índios. Atualmente, com a implantação do Programa Waimiri-Atroari, em 1988, a população tem um crescimento vertiginoso, alcançando aproximadamente 1.700 índios, afirma o pesquisador.

Segundo André Passos, a metodologia utilizada na pesquisa foi a analise da documentação produzida pelo movimento em contraposição aos discursos dos planos de integração nacional. “O que apresento não é algo muito novo, mas tenho a pretensão de instigar mais pesquisa em torno dessa temática”, finaliza o pesquisador.  

 

 

 

     

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