Professor Massimo Canevacci ministra curso sobre etnografia das culturas digitais

Ao iniciar a apresentação, o antropólogo italiano Massimo Canevacci ressaltou a proposta de construção das constelações conceituais no minicurso que iniciou nesta segunda-feira (9) e segue nos dias 10, 11 e 13 de junho, nos auditórios Rio Solimões e Rio Negro (ICHL). Ao longo da semana, será discutida a etnografia em relação às tensões entre culturas digitais, fetichismos visuais, identidades flutuantes e auto-representações. Na próxima segunda (16), ele participa do Colóquio Internacional sobre Comunicação e Cidade, também na Ufam.

Os temas são transversais, permitindo diálogos do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM), que promove o curso, com pesquisadores das áreas como Antropologia e História. Na avaliação da coordenadora do PPG, professora Mirna Feitoza, esse é um exemplo de iniciativas mais amplas e abrangentes que buscam abrir as portas a outros pesquisadores da região. “Nós temos um grande desafio a ser superado, que é fazer pós-graduação e ciência no Norte”, ressaltou ela, atribuindo a iniciativas transdisciplinares o papel de garantir esse avanço.

A proposta de trazer o professor Canevassi a Manaus, concretizada pelo PPGCCOM sob a coordenação da professora Mirna Feitoza, é resultado de um conjunto de estratégias de aproximação com a Universidade de São Paulo (USP) para, futuramente, se criar um doutorado em Redes a partir de uma parceria entre as duas universidades. De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, fundador e primeiro coordenador do Programa, professor Gilson Monteiro, ao todo serão promovidos mais três eventos em parceria com a USP, os quais servirão de exemplo para outros PPGs da Ufam.

 

Etnografia, indisciplina, metafetichismo e transculturas por Massimo Canevacci

O professor de Antropologia Cultural e de Arte e Culturas Digitais da Università degli Studi di Roma La Sapienza (Itália) atualmente é professor visitante da Universidade de São Paulo (IEA-USP). No primeiro dia de encontro, Canevacci apresentou os conceitos de etnografia, indisciplina, metafetichismo e transculturas, a fim de esclarecer qual o lugar e o papel do pesquisador das culturas contemporâneas. “Etnografia nasce na Antropologia Cultural e traz em seu bojo o que é mais fascinante na pesquisa de campo: a exploração espontânea que cria flexibilidade para o não imaginado”, disse.

Em outras palavras, etnografia é uma “indisciplina” que desafia o saber disciplinado e abre para o desconhecido através de uma dimensão descentralizada. “O pesquisador em Comunicação”, disse Canevacci, “é parte do seu processo de pesquisa no qual ele explora ao mesmo tempo em que é explorado”. Fazendo uma relação com a arte contemporânea, o expectador não é um passivo que lança o olhar sobre o que está pronto, ele é cocriador. O metafetichismo foi apresentado pelo professor através de uma vitrine, em que o objeto (manequim) também é sujeito, resultando daí uma relação dialógica agora de caráter intersubjetivo. Com essa concepção, rompe-se com os conceitos de fetichismo encontrados nas obras de Karl Marx e Freud.

Outro dos conceitos apresentados pelo professor italiano no primeiro dia de minicurso fio o de transculturas. Para ele, não existe algo como culturas puras, mas sim o resultado do cruzamento das dimensões de diversas culturas. Para ilustrar, Canevacci trouxe um exemplo pessoal: “Eu mesmo, tenho um amigo da etnia bororo, do Mato Grosso do Sul, com o qual eu converso por skype”. No projeto Aldeia Digital observa-se a relação entre dimensões da metrópole na aldeia, outro exemplo transcultural.

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