Nossa África encerra primeiro dia com palestras sobre literatura e etnobiologia

A conferência de abertura do evento promovido pelo Programa Nossa África, intitulada ‘A influência do modernismo brasileiro na construção da identidade literária dos países africanos de língua portuguesa’, foi proferida pelo professor José Benedito dos Santos. O palestrante destacou as influências modernistas, especialmente de autores como Jorge Amado, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Rachel de Queiroz na formação da elite intelectual de diversos países africanos de língua portuguesa.

O destaque foi para Cabo Verde, Angola, e Moçambique. Um exemplo citado pelo professor foi José Luandino Vieira, que publicou o livro de contos Luuanda. O autor chegou a enviar textos para apreciação de Jorge Amado, tal era a influência do escritor baiano em sua obra. Ernesto Lara Filho, outro escritor angolano, dizia-se capaz de “sentir” o Brasil. “Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, obras dos escritores modernistas brasileiros entraram na imaginação coletiva dos letrados africanos”, pontuou o palestrante. “São Tomé e Príncipe é outro exemplo de literatura poderosa”, acrescentou ele, cujo destaque é Alda do Espírito Santo, dona de uma obra de enfrentamento social. Ela é autora do livro 1973, intitulado ‘É nosso o solo sagrado: poesia de protesto e luta.

Após a conferência de abertura, os membros do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G/Ufam) apresentaram uma peça teatral através da qual fizeram uma crítica ao modo como o continente africano, composto por 54 países, é mostrado na mídia. São inúmeras formas de representação da cultura que atravessam a África, e elas aparecem através das danças típicas em cada país, da culinária em cada um deles e das religiões. Os alunos do PEC-G/Ufam destacaram o tema casamento, que é um exemplo de mudança cultural, mas que possui traços muito específicos. Os jovens se conhecem e o rapaz e espera pelo interesse da moça; depois, a família dele vai jantar na casa dela, onde os pais de ambos conversam sobre um possível enlace. Mas para ir visitá-la nesse jantar, ele precisa levar um presente caro à família dela, como um carro, por exemplo.

Curiosidades à parte, a cultura africana é a mais antiga do mundo, e daquele continente, por pelo menos 400 anos, chegaram milhões de pessoas para habitar o Brasil. “Eles trouxeram consigo, por exemplo, sua religião, suas rezas, suas danças e sua perícia no uso das ervas medicinais”, acentuou o pró-reitor de Extensão e Interiorização, professor Frederico Arruda. Ele foi o responsável pela palestra ‘Os caminhos invisíveis entre o Velho e Novo Mundo’, na qual se propôs a apresentar pontos comuns entre a África e o Brasil ao longo da história da Humanidade.

Mas essa é uma história que começa há cerca de 200 milhões de anos, quando só havia um bloco continental: a Pangeia. Apresentou também o conceito de coevolução, constituída pela influência mútua entre as espécies, deixando claro o tronco comum que une todas as espécies da terra. O professor também deixou claro o orgulho que sente ao atender, com o Programa Nossa África, a demanda dos estudantes africanos da Ufam.

Amanhã (23), os sons da África serão apresentados aos convidados durante a acolhida; em seguida, a professora Renilda Costa de Liz proferirá a palestra ‘A construção da identidade nacional brasileira: interface com a constituição da identidade étnico/racial dos sujeitos’.

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