Navi promove Seminário sobre produção audiovisual na Amazônia até esta quinta (22)

O documentário em suas representações sobre a Amazônia tem espaço aberto para debates entre realizadores e estudiosos da área na Ufam e no Cine Teatro Guarany, localizado no Palácio Rio Negro. No primeiro dia de Seminário, houve apresentações de Jorge Bodanzky, com passagem pelo Amazonas como cineasta e integrante de júri em mostras e festivais, e Sílvio Da-Rin, documentarista na região e ex-secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura.

A programação é composta por mesas-redondas e exibição de filmes de documentaristas de vários Estados da região Norte. Bodanzky e Da-Rin proferiram palestras a respeito dos filmes produzidos por eles a respeito da temática Amazônia. Jorge Bodanzky abordou o significado de documentar esta região a partir do filme “Iracema, uma Transa Amazônica”. O documentário é referência para a compreensão do avanço capitalista na Amazônia nas décadas de 1960 e 1970 pelo regime militar.

Na mesa-redonda “Olhares sobre a Amazônia I”, as apresentações de Graziela Paes (AC) e Juliano Araújo (RO) foram mediadas por Gustavo Soranz (AM). De acordo com o debatedor, uma das dificuldades enfrentadas pelos realizadores de documentários no Amazonas é a falta de incentivo à produção. “Existem apenas prêmios com ocorrências esparsas”. Entretanto, ele ressaltou a importância das Mostras para revelar e incentivar os produtores a ingressar nesse ramo, inclusive com a revelação de muitos profissionais.

Um marco na produção documental acerca dos povos indígenas é o ‘Vídeo nas Aldeias’, o qual pode ser consultado em http://videonasaldeias.org.br/2009/. Criado em 1986, o VNA é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil, cujo objetivo é apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais. Uma crítica recorrente a produções dessa natureza é a respeito de uma possível reprodução dos modelos clássicos de documentários. Juliano Araújo acredita que não há um padrão fechado em produções desse tipo, mas diferentes estratégias, a exemplo da autoetnografia adotada pelos Guaranis em suas produções.

Um dos questionamentos foi o da bibliotecária Marcela Lins, que perguntou aos palestrantes a respeito do “antes” do documentário. “Cada filme é um filme e vai exigir um tipo de pesquisa específico. Uns irão precisar de levantamento histórico e outros vão pedir estratégias diversas”, pontuou o pesquisador Juliano Araújo. Na avaliação do produtor Rodolfo Paes, que realiza filmes sobre animais da Amazônia em parceria com empresas da Áustria, o aprendizado sobre as etapas de produção dos filmes irão auxiliá-lo em seu trabalho, inclusive sobre produção executiva e logística durante as filmagens.

As atividades do primeiro dia seguiram até a noite, com a exibição dos filmes “A Amazônia segundo Evangelista”, de Gustavo Soranz, “Kene Yuxi - as voltas do Kene”, de Zezinho Yube, e “Paisagem Ocre”, de Lídio Sohn e Pilar de Zayas Bernanos. Os documentários serão exibidos no Cine Teatro Guarany e a coordenação dos debates sobre eles será realizada pelo professor Tomzé Costa, coordenador do Projeto Cine & Vídeo Tarumã, que é um dos parceiros no Seminário. Amanhã (22), Silvio Da-Rin apresentará o tema “O Documentário Brasileiro na Atualidade” e, em seguida, será exibido o filme Paralelo 10 e o lançamento de seu livro “Espelho Partido”.

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