Obras desvendam a realidade do Amazonas sob uma perspectiva histórica

Dois livros de um casal dedicado ao estudo da História do Amazonas foram lançados nesta quarta-feira (14), no Centro de Memória da Justiça do Trabalho da 11ª Região (CEMEJ/11ª). O professor do departamento de História da Ufam, Hideraldo Costa, lançou a obra intitulada ‘Cultura, trabalho e luta social na Amazônia – discurso dos viajantes – século 19’; e a esposa dele, mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e também professora universitária, Deusa Costa, lançou a obra ‘Quando viver ameaça a ordem urbana – trabalhadores de Manaus (1980-1915)’.

As duas obras foram publicadas pela Livraria Valer e financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), por meio do edital Biblos. O livro do professor Hideraldo trata das diversas sociabilidades do homem amazônico capturadas pelo olhar europeu. “Viajantes naturalistas da Europa passaram pela região no século XIX e escreveram sobre a percepção dos modos de vida e a cultura dos amazônidas, criticando tais aspectos”, pontuou o professor. A partir de uma visão etnocêntrica, que coroava a cultura e o processo de trabalho do europeu, é que esses viajantes perceberam as relações de trabalho desenvolvidas pelos amazônidas, aí incluídos os indígenas, os nordestinos e os mestiços.

Na obra que é resultado da dissertação de mestrado, Deusa Costa vislumbrou a realidade dos trabalhadores que atuavam na zona urbana de Manaus durante o período da Borracha. “Eles eram prestadores de serviços ligados ao comércio gomífero; eram funileiros, sapateiros, lavadeiras, comerciários, choferes, entre outros”, explicou a autora. Além desses, Deusa fala ainda dos que chegaram a Manaus para habitar os subúrbios após o declínio da Borracha, os seringueiros. “A obra revela a exclusão do Fausto da Economia gomífera”, apontou a autora, pois muitos dos personagens daquele que parecia um conto de fadas saíram pobres da crise.

Ao apresentar a obra, o professor Otoni Mesquita a chamou de ‘A tecelã da História’, que não dispõe de fios previamente preparados, que inova e foge da tarefa de mera repetição. O autor do prefácio do livro do professor Hideraldo, professor Auxiliomar Ugarte enfatizou que, com os dois livros ora lançados, esta região e o Amazonas ganham conhecimento sobre si. A primeira a adquirir os títulos, Vera Montenegro, disse interessar-se muito por tudo que é da Amazônia. “Conheço os autores e tive oportunidade de trabalhar com a Deusa Costa, por isso sei que se trata de textos que irão trazer mais conhecimento sobre a história da minha terra”, disse.

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