PPGH promove aula inaugural para calouros do programa e convidados

A primeira aula do Programa de Pós-Graduação em História, cujo tema foi ‘O destino atlântico dos últimos príncipes do Ndongo’, ocorreu nesta segunda-feira (28), no auditório Rio Negro, e foi ministrada pela professora doutora Silvia Hunold Lara, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O coordenador do Programa, professor James Roberto, deu as boas-vindas aos novatos e antigos e agradeceu aos visitantes interessados na temática da palestra. Os representantes discentes, Eduardo Gomes, Thiago Bezerra e Sarah Araújo, também acolheram os presentes com uma mensagem sobre o compromisso dos alunos nas atividades extracurriculares. “Queremos construir juntos o futuro desse Programa, e já temos passado por muitas mudanças positivas”, destacou Eduardo Gomes.

Antes de iniciar a explanação sobre o tema da palestra, a professora convidada definiu o trabalho do historiador como divertido, “pois ele sabe coisas que os outros não sabem, ele busca sempre os fatos”, e combativo, “no sentido de que o profissional estabelece o elo entre passado e presente e procura sempre fazer questionamentos”. Sobre a História dos príncipes do Ndongo, uma região do continente africano tomada pelo reino de Portugal na segunda metade do século XVII, ela disse ser contrária aos ensinamentos de Marc Bloch, pois o autor diz que falar sobre “reis e batalhas” já é ultrapassado.

A despeito disso, a professora explanou sobre essa história estabelecendo um paralelo entre a saída dos 14 príncipes de Ndongo e a chegada deles a Lisboa, capital portuguesa. Eles passaram pelo Brasil, mas nenhum deles se estabeleceu aqui; todos seguiram para Portugal, onde viveram separados entre si e tiveram mantidos seus títulos de nobreza. Com essa medida, o reino português conseguiu neutralizar qualquer plano insurgente contra a Coroa. Lá, todos foram chamados ‘Dom’ e batizados no Catolicismo, sendo conhecidos como ‘príncipes negros’ ou ‘príncipes das pedras negras’.

Mas por que eles não ficaram no Brasil ou mesmo foram tornados escravos? A pesquisadora, que acompanhou a trajetória de alguns desses príncipes por 25 anos, esclareceu: “Apesar de, no período entre 1519 e 1700, 409.400 escravos serem trazidos para Nordeste e Sudeste do Brasil, os príncipes não ficaram aqui por questões políticas”. Segundo a professora Silvia Lara, Portugal temia que eles voltassem para Angola, que tinha relação direta com o Brasil. Além disso, havia o receio de eles se unirem aos insurgentes dos mocambos dos Palmares.

Para a mestranda Cristina Silva, que está em fase de finalização da pesquisa, essa aula inaugural é uma oportunidade para que os alunos conheçam os trabalhos de professores renomados de outras universidades. “Esse momento é importante para a formação dos profissionais, dos pesquisadores; é um diálogo é fundamental”, avaliou.

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