Professor Miguel Ângelo defende tese sobre gestão biotecnológica na produção do açaí

Com a preocupação em articular as áreas de gestão e biotecnologia, o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), Miguel Ângelo, defendeu nesta sexta-feira (4), a tese de doutoramento intitulada “Limitações institucionais de inserção da gestão biotecnológica na produção de polpa de açaí”. Com o trabalho, ele consolida a trajetória acadêmica iniciada em 1974, quando ingressou no quadro de docentes desta Universidade.

A escolha pela interlocução entre conceitos tanto da administração quando da biotecnologia se dão por vários motivos. O professor é farmacêutico industrial e administrador por formação, além de possuir especialização em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestrado em Controle de Qualidade desde 1976, além de formação complementar em Tecnologia de Medicamentos na Universidade Ghent (Bélgica). “Agora considero que minha carreira universitária está completa”, comemorou o pesquisador.

Esta é a 162ª tese defendida por meio do Programa Multi-institucional de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPG-Biotec/Ufam), e isso, de acordo com o orientador do trabalho, professor Jamal Chaar, é motivo de muito orgulho. “Significa que temos 162 doutores na área de Biotecnologia”, enfatizou. Sobre o orientando, Chaar afirmou ter sido valiosa a parceria: “Não tive dificuldades, pois ele é muito dedicado, centrado nos objetivos; decidimos juntos”. A partir dos resultados da pesquisa, de acordo com o orientador, será possível propor modelos de gestão mais eficazes para os pequenos produtores de açaí nesta Região. Segundo a pesquisa, 283 famílias produzem quase 100 litros de polpa de açaí por dia em Manaus.

A tese trata, a partir de abordagem qualitativa e quantitativa, dos problemas de organização e planejamento das unidades de produção de polpa de açaí na zona urbana de Manaus. “Foram acompanhados os processos produtivos em estruturas familiares, com observação não participante e também com aplicação de formulários”, explicou o professor Miguel, completando: “observam-se tecnologias de produção rudimentares em estruturas que não permitem a capitalização das unidades produtoras”. Outro aspecto destacado foi a baixa escolaridade dos 24 entrevistados – nenhum possui ensino superior completo, o que, segundo ele, pode reforçar as barreiras existentes entre eles as instituições de ensino e pesquisa capazes de desenvolver e implementar processos e tecnologias mais eficientes.

A banca foi composta pelos professores doutores da Ufam José Odair Pereira, Luiz Roberto, Márcia Perales e Spartaco Filho. Todos destacaram a importância de pesquisas com a característica de transversalidade, especialmente quando é relevante ao PPG-Biotec a cultura de avaliar a gestão na área de Biotecnologia. A reitora, ao avaliar o trabalho, apontou que os resultados podem trazer tanto o redimensionamento de práticas quanto a interferência nas políticas públicas já existentes e até a criação de outras no referido setor. “A importância também se dá porque o açaí é muito importante no mercado local”, frisou a professora Márcia Perales. A alternativa para que os pequenos produtores tenham “poder de mercado”, segundo o professor Luiz Roberto, é que eles se organizem institucionalmente, em associações, por exemplo.

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